Um novo estudo, desenvolvido por investigadores do Imperial College London, concluiu que a Covid-19 pode diminuir o QI, principalmente nos doentes que passaram por infeções graves.
Este não é o primeiro estudo que liga a Covid-19 a efeitos relacionados com o declínio cognitivo: por exemplo, um estudo publicado na revista The Lancet em julho de 2021, desenvolvido pelo Imperial College London e que envolveu mais de 81 mil pessoas, concluiu que existe uma associação entre as pessoas que tiveram Covid-19 e uma prestação inferior em testes que avaliam o QI.
De acordo com a equipa, alguns dos problemas mais notórios foram encontrados a nível de raciocínio e de resolução de problemas, por exemplo.
Em outubro desse ano, investigadores do Hospital Mount Sinai, em Nova Iorque, nos EUA, concluíram que o nevoeiro cerebral (brain fog, em inglês), cientificamente conhecido por défice cognitivo ligeiro, pode durar meses depois da infeção por Covid-19. Na altura, a equipa disse ainda que esta situação podia acontecer em doentes que não necessitaram de hospitalização, apesar de haver maior probabilidade de que o mesmo aconteça em doentes que foram internados.
Já ano passado, em julho, investigadores do Imperial College London tinham concluído que o nevoeiro cerebral é comparável a um envelhecimento de 10 anos. Ao analisarem o impacto da infeção pelo coronavírus SARS-CoV-2 na memória, descobriram que o défice cognitivo era mais elevado nas pessoas que tinham testado positivo e apresentavam mais de três meses de sintomas. O mesmo estudo, que pode ser consultado na revista científica The Lancet, também descobriu que este “nevoeiro mental” se podia estender por quase dois anos.
Agora, neste novo estudo, a equipa deu conta de que os participantes que conseguiram evitar a doença tiveram, no geral, melhor desempenho nos testes de inteligência; já os voluntários que necessitaram de ser hospitalizados tiveram piores resultados nesses testes.
Para a realização do estudo, os investigadores analisaram dados de mais de 112 mil voluntários, que realizaram testes à Covid-19 durante a pandemia, descobrindo que os doentes que tinham sido internados em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI) obtiveram, em média, cerca de nove pontos de QI a menos nos exames do que aqueles que evitaram a infeção.
Além disso, a equipa concluiu que os voluntários que referiram ter sofrido Covid longa tiveram uma pontuação seis pontos mais baixa do que os voluntários que não tinham sido infetados.
Contudo, também os voluntários que tinham sofrido infeção com sintomas ligeiros obtiveram uma pontuação dois pontos mais baixa relativamente aos que a evitaram.
Uma outra conclusão desta nova investigação foi que uma infeção pelo coronavírus “original” foi associada a uma maior queda no QI; já as infeções pela variante denominada Ómicron levaram a diferenças pequenas nos testes.
Apesar dos resultados, Adam Hampshire, principal autor do estudo, afirma que os mesmos devem ser interpretados com cautela, já que os participantes não foram avaliados antes de terem sido infetados, ou seja, não foi possível comparar os resultados do seu QI antes e depois da infeção por Covid-19. Ainda é cedo para se perceber com precisão o impacto da infeção por Covid-19 nas capacidas cognitivas, referem os especialistas.