Somam-se os estudos que detetam microplásticos nos mais variados sítios, até mesmo na neve do topo do Monte Evereste. Contudo, o que tem preocupado mais os cientistas são os microplásticos encontrados nos alimentos, na água e no ar que nos rodeia.
Em março de 2022, um estudo identificou a presença de microplásticos no sangue humano pela primeira vez. A investigação, publicada na revista Environment International, analisou as amostras de sangue de 22 doadores anónimos, todos adultos saudáveis, tendo encontrado partículas de plástico em 17 dos participantes, ou seja em 80% das amostras.
No mês seguinte, um outro estudo, publicado na revista Science of The Total Environment, encontrou, pela primeira vez, a presença de microplásticos nos pulmões de indivíduos vivos. As partículas analisadas, presentes em 11 das 13 amostras, pertenciam a vários tipos de plásticos, com os mais comuns a serem o poripropileno, usado em embalagens plásticas, e o PET, usado em garrafas.
Já em março do ano passado, um estudo realizado em ratos e publicado na revista Nanomaterials mostrou que os plásticos ingeridos pela mãe podem chegar aos órgãos do próprio feto, acreditando-se que os resultados da investigação tenham sido a primeira evidência de que os plásticos ingeridos podem ser, de facto, passados para o feto.
Agora, um novo estudo, realizado por investigadores da Universidade de Andalas, na Indonésia, detetou microplásticos no sal de cozinha, tendo identificado até 33 partículas por quilograma. Isto representa, de acordo com a equipa, uma ingestão de mais de mil microplásticos todos os anos.
A Indonésia é um dos grandes países exportadores de sal e, nesse sentido, a equipa do estudo analisou 21 amostras de 21 diferentes marcas de sal popularmente conhecidas no país e que exportam para todo o mundo – não foram divulgados os nomes das marcas “para manter a privacidade” das empresas, referem os investigadores.
Contudo, todas elas continham quantidades preocupantes de microplásticos, concluiu a equipa, identificando “com sucesso” quatro formas diferentes de microplásticos “contidos em todas as 21 amostras de sal, dos quais os fragmentos são os mais comuns (67,49%), seguidos por fibras (23,82%)”.
Os quatro tipos de polímeros identificados pela equipa foram o polietileno, uma resina sintética (34,62%), o polipropileno, um plástico resistente ao calor (30,77%), o tereftalato de polietileno, usado em fibras de roupas e recipientes para líquidos e alimentos (15,38%), e o poliéster, um material de fibra artificial (3,85%).
Os investigadores também descobriram que as morfologias dos microplásticos encontrados no sal de cozinha apresentaram diferenças entre as marcas de sal e que a cor mais dominante entre as partículas minúsculas era o preto.
“O sal pode ser contaminado pela água retirada do mar para a sua produção, que pode conter microplásticos, matéria orgânica e partículas de areia”, lê-se ainda no novo estudo, publicado no Global Journal of Environmental Science and Management.