Nos últimos anos, os medicamentos contra a diabetes tipo 2 têm sido uma revelação. A semaglutida tem estado sempre esgotada nas farmácias, pois percebeu-se que é uma grande ajuda na perda de peso, provocando uma corrida ao “mágico” comprimido. Já a metformina está a ser especificamente testada como pílula antienvelhecimento.
Um ensaio clínico inglês de 2014, com 150 mil pessoas, demonstrou que os diabéticos que tomavam metformina – medicamento aprovado há mais de 60 anos – viviam mais do que os que não tomavam e isso levantou a lebre. Agora outros estudos estão a ser feitos com pessoas sem diabetes e a metformina pode bem tornar-se a primeira droga não só a combater a velhice como a prolongar os anos de vida saudáveis.
É uma grande esperança. Mas há outras. O rapamycin, por exemplo, é dado a pacientes de órgãos transplantados, para evitar a rejeição do órgão. Em pequenas doses, descobriu-se, prolongou a vida a animais em laboratório, como ratos ou moscas. Mais: preveniu certas condições da idade em cães e primatas.
O rapamycin tem como alvo as células senescentes, ou seja, que já terminaram o seu ciclo de vida, já não se dividem. E que podem provocar danos – e doenças – se o sistema imunitário não as eliminar. Com a idade, o nosso sistema imunitário não é tão eficaz a dar conta delas.
E os suplementos?
Há dois anos, investigadores da Academia de Ciências de Xangai transplantaram um pequeno número de células senescentes em ratos, o que os envelheceu. Mas provaram que, uma vez tratados com um cocktail de medicamentos senolíticos, os ratos ficaram mais ativos, desenvolveram músculos mais fortes e viveram mais tempo. Mesmo tendo recebido o tratamento já tarde na vida. “Foi o equivalente a uma pessoa ser tratada aos 70 ou 80 anos, tendo ganho mais seis anos de vida”, refere o cientista Ming Xu à BBC.

Os compostos senolíticos, como a quercetina, vendem-se nas lojas da especialidade como um suplemento dietético. Na verdade, a quercetina encontra-se em variados vegetais e frutas, como a cebola ou as maçãs.
Outro que é destacado pelos investigadores de Xangai é o composto procianidina C1, encontrado nas sementes das uvas, e que ataca as células senescentes.
Mas o veneno está na dose, já dizia Paracelso. Diversos estudos e cientistas alertam para a toxicidade de certas doses de suplementos, sobretudo porque são tomados sem orientação médica. Alguns chegam mesmo a ser mortais, mesmo que a sua eficácia para a saúde já não seja posta em dúvida.
É o caso da vitamina D, cuja deficiência provoca o envelhecimento prematuro do cérebro, por exemplo. Mas não só. Ajuda na absorção do cálcio, prevenindo a osteoporose, entre outras doenças, e até atua contra os radicais livres. Mas, para isso, não vale tentar absorvê-la através do sol, o grande responsável pelo envelhecimento da pele – salmão, atum e gema de ovo são alguns dos alimentos que a contêm em abundância.
Um dos aspetos essenciais para atrasar o envelhecimento é, aliás, a alimentação. Mas há mais. Graças aos avanços das investigações científicas ao nível da genética, da epigenética e da medicina preventiva, o processo de envelhecimento tornou-se uma condição tratável, em vez de uma consequência inevitável, possível de protelar. A Ciência não para de tentar reverter o processo, mas, para lá do que se passa nos laboratórios, há muita coisa que está nas nossas mãos.
A VISÃO Saúde de abril/maio, que se encontra nas bancas, dedica um extenso dossier à medicina antiaging, um ramo da medicina que ambiciona “reduzir o desenvolvimento de doenças relacionadas com a idade, como o cancro ou a aterosclerose, contribuindo para o prolongamento da vida saudável”.
Queremos envelhecer com saúde, com boa condição física, cérebro ágil e bem-estar psicológico. Se o fazemos de cabelos brancos ou pintados, com rugas acentuadas ou atenuadas, isso já é outra história.
Além do combate ao envelhecimento, na VISÃO Saúde encontram-se histórias da Leprosaria Nacional e de como se tratavam os doentes com lepra em Portugal; pode ler sobre as ligações entre fibromialgia e depressão; e aprofundaro tema dos efeitos da pandemia no nosso cérebro – não só a Covid-19 deixa sequelas a nível cognitivo, como o medo teve efeitos devastadores ao nível da saúde mental.