Passam-se os anos e quem nunca teve hábitos de praticar exercício físico vai deixando cada vez mais para trás a hipótese de começar a mexer-se. O envelhecimento é para muitas pessoas sinónimo de menos atividade física, daquela que obriga a planear o dia, a marcar na agenda, a transpirar e, no fim, a ficar com dores em músculos que nem se sabe que existem.
As pessoas mais inativas, com vidas mais sedentárias, podem e devem estar atentos às conclusões de um estudo recém-publicado no British Journal of General Practice, pois há novos dados e novas referências para reduzir o risco de morte prematura.
É uma minoria de pessoas que atinge os níveis mínimos de atividade física recomendados pela Organização Mundial de Saúde: os adultos, acima dos 18 anos, devem fazer 150 a 300 minutos por semana, no mínimo, de atividade física aeróbia de intensidade moderada ou 75 a 150 minutos de atividade vigorosa. Duas vezes por semana, no mínimo, incorporar atividades de fortalecimento muscular de intensidade moderada ou superior.
Ora, esses mínimos 150 minutos, duas horas e meia por semana, podem ser rapidamente abatidos se se fizer uma caminhada, mais um serão a dançar, mais uma partida de padel e uma sessão de ginástica aeróbica. A taxa de mortalidade em pessoas ativas reduz entre 30% e 60% em relação às sedentárias, e o exercício reduz a incidência, em maior ou menor grau, de praticamente todas as doenças.
Para medir com precisão os benefícios da prescrição de exercício, uma equipa da Unidade de Investigação em Cuidados Primários do Serviço Basco de Saúde em Biscaia acompanhou durante 15 anos (2003-2018) 3 357 pacientes inativos de 11 centros de saúde espanhóis.
Os resultados revelam que a mortalidade dos que atingiram as recomendações mínimas, 150 minutos por semana de atividade moderada ou 75 de atividade vigorosa, foi quase 50% menor do que de quem permaneceu inativo. Também 20% dos óbitos ocorridos (312 mortes) no grupo não teriam ocorrido se todos os inativos tivessem aderido às recomendações.
O mais importante de demonstrar, sobretudo às pessoas que não faziam qualquer tipo de atividade física há cerca de 40 anos, é que os benefícios do movimento – embora maiores quando os níveis recomendados são excedidos – começam a aparecer com mudanças muito pequenas. Com um aumento da atividade moderada de 50 minutos por semana, foi registada uma redução de 31% na mortalidade.
“Este estudo representa o tipo de doente que um médico de medicina geral e familiar encontra no dia a dia”, explica Gonzalo Grandes, coordenador do estudo e chefe da Unidade de Investigação em Cuidados Primários do Serviço Basco de Saúde em Biscaia, ao jornal El País. “Uma das dúvidas que os profissionais de saúde têm ao atender pessoas inativas há décadas, em péssima forma física, obesas e frequentemente expostas a doenças crónicas como diabetes ou osteoartrite é se vale a pena recomendar-lhes um plano de atividade física, encontrando uma maneira de motivá-los. Esses resultados mostram que, mesmo para os profissionais que têm uma grande limitação de tempo e precisam priorizar, e para esses pacientes, que podem ter pouca fé na possibilidade de mudança, os resultados começam a ver-se com muito pouco”, acrescenta o médico.
O próximo passo é “assegurar a prática de atividade física como terapia padrão para pessoas com doenças crónicas, como doenças cardiovasculares, cancro ou diabetes, mas qualquer mudança na prática clínica tem uma inércia enorme. Há profissionais que não têm a formação necessária para fazer um plano de atividade física e seria mesmo necessário reorganizar a promoção da saúde pública nas comunidades”, alerta.
No verão, foi publicado um outro estudo na revista Circulation, com uma amostra maior, mas as conclusões semelhantes. Nos Estados Unidos da América, 116 221 adultos foram analisados durante três décadas, entre 1988 e 2018, respondendo por diversas vezes a questionários sobre os seus hábitos de laser. Com esses dados, os investigadores fizeram uma estimativa da associação entre o tempo e a intensidade de exercício e as taxas de mortalidade.
A maior redução na mortalidade precoce revelou-se em pessoas que reportaram 150 a 300 minutos por semana de atividade física vigorosa, entre 2% a 4%; ou 300 a 600 minutos de atividade física moderada, 3% a 13%, ou uma mistura equivalente dos dois, segundo Dong Hoon Lee, autor do estudo e investigador do departamento de nutrição da Harvard T.H. Chan School of Public Health.
Opinião já partilhada, em dezembro de 2021, com a publicação de outro estudo que depois de avaliar 44 370 homens e mulheres, ao longo de quatro a 14,5 anos, concluiu que quanto mais tempo for passado de forma sedentária, maior a mortalidade em indivíduos menos ativos. Cerca de 30 a 40 minutos de atividade física moderada a vigorosa por dia diminuem a associação entre tempo sedentário e risco de morte.
Se alguém ainda tiver dúvidas que praticar atividade física significa ganhar anos e qualidade de vida, o melhor é ler exte texto de novo.