O número de crianças até aos quatro anos internadas devido a infeções por Covid-19 está a aumentar exponencialmente nos EUA, chegando até a ser mais do que o dobro do que era no ano passado.
Segundo dados divulgados pelo Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC), mais de quatro em cada cem mil crianças com quatro anos ou menos internadas em hospitais, estavam infetadas com Covid-19.
Estes dados reportam-se ao mês de janeiro – e, embora sejam mais baixos do que as taxas de internamento para camadas mais velhas da população, são surpreendentes porque representam o dobro da taxa reportada há um mês, e quase três vezes a taxa desta altura no ano passado.
Por outro lado, a taxa de crianças internadas com Covid-19 entre os 5 e os 11 anos é de 0,6 por cem mil, um número que não difere muito dos reportados ao longo dos últimos meses.
Os dados recentes estão a preocupar a comunidade médica, que encontra algumas dificuldades em explicar o fenómeno.
Um dos fatores pode estar relacionado com o facto de este grupo etário ainda não ser elegível para a vacinação.
“Infelizmente, estamos a ver as taxas de hospitalizações aumentar para crianças até aos quatro anos, que ainda não são atualmente elegíveis para a vacinação contra a Covid-19”, diz Rochelle Walensky, diretora do CDC. “É extremamente importante que as cerquemos com pessoas que estão vacinadas para lhes dar proteção”.
Walensky nota ainda que, apesar dos números crescentes, ainda não há dados concretos que indiquem que a variante Ómicron possa ser mais severa em crianças desta demográfica.
A diretora do CDC acrescenta também que estes números, além de crianças internadas por infeção com Covid-19, também refletem crianças hospitalizadas por outras razões que acabam por testar positivo no hospital.
O aumento pode estar ligado, por outro lado, à maior transmissibilidade da nova variante, que está a espalhar-se em todos os grupos etários.
Uma outra alternativa está relacionada com a anatomia específica das crianças.
Kristin Oliver, pediatra no Hospital Mount Sinai em Nova Iorque, explica que as crianças mais novas são mais vulneráveis a infeções no trato respiratório superior – exatamente onde, pelo que se sabe, a Ómicron se concentra em maior grau do que outras variantes, que atacam mais intensamente os pulmões.
“Parece razoável que, numa doença que parece estar a afetar mais as vias respiratórias superiores, as crianças sejam mais afetadas”, acrescenta. “Estão mais em risco para isso – para casos mais longos e prolongados, bem como para a hospitalização que pode vir acompanhada de um caso mais grave”.
Um outro facto a ter em conta é que os dados apresentados pelo CDC representam apenas cerca de 10% da população norte-americana – e de acordo com a agência governamental, as taxas são provavelmente subestimadas devido à baixa disponibilidade de testes em algumas localizações.