A Dieta Mediterrânica é tradicionalmente reconhecida pela diversidade de sabores e aromas das preparações culinárias, como resultado da combinação dos mais variados alimentos, preferencialmente frescos, da época e de proximidade, com os condimentos mais característicos da região em redor do mar Mediterrâneo, e que foram prevalecendo no tempo através da partilha de saberes, de sabores e de tradições.
A região Mediterrânea destaca-se por ser um local onde podem encontrar-se diversas plantas aromáticas, como por exemplo, o alecrim, os orégãos, os coentros, a sálvia, a hortelã e o tomilho. Inclusivamente, um dos princípios da Dieta Mediterrânica é a presença das plantas aromáticas na alimentação. Esta menção encontra-se destacada na Roda da Alimentação Mediterrânica incentivando o consumo das ervas aromáticas e a sua utilização diária na culinária. As plantas aromáticas desempenham, também, um papel fundamental enquanto elemento representativo da cultura local, como por exemplo os coentros, carateristicamente consumidos na região do Alentejo, e a salsa, na região do Norte de Portugal.
A salicórnia (Salicornia ramosíssima), não sendo uma planta aromática, é uma planta que apresenta naturalmente um sabor salgado. Em Portugal, os principais locais onde é encontrada são as regiões da Ria de Aveiro, Ria Formosa e outras regiões do Algarve. O sabor salgado apresentado por esta planta, resulta da absorção direta do sal do mar/solo onde se desenvolve, contendo um teor de sódio mais reduzido. O sódio é um dos minerais constituintes do sal cozinha, responsável pelo desenvolvimento de doenças do foro cerebrovascular, quando consumido em excesso e de forma prolongada.
As plantas aromáticas e a salicórnia podem ser utilizadas em detrimento do sal de cozinha, uma vez que conferem uma enorme variedade de sabores e aromas que permitem mascarar a ausência do sal, apresentando uma vantagem ao nível da redução do teor de sódio na culinária.
Além de conferirem sabor, as plantas aromáticas e salicórnia enriquecem nutricionalmente os pratos, uma vez que são fornecedoras de vitaminas, minerais e substâncias bioativas, como os fitoquímicos, que desempenham funções fisiológicas importantes. Para que as propriedades nutricionais e fitoquímicas destas plantas se mantenham praticamente inalteradas, é aconselhável utilizá-las frescas e adicioná-las na fase final da preparação, principalmente em preparações culinárias que preservem os nutrientes como é o caso das sopas, dos cozidos, dos ensopadas e das caldeiradas, característicos da Dieta Mediterrânica.
Em suma, o consumo diário de plantas aromáticas e salicórnia destaca-se como um aliado importante na diminuição do uso de sal de cozinha. É de salvaguardar que a salicórnia, apesar de ter uma menor quantidade de sódio, também é uma fonte deste mineral na alimentação diária, pelo que o seu consumo deverá ser moderado e parcimonioso.
Apesar das inúmeras mais-valias apresentadas, é de ressalvar que a quantidade de plantas aromáticas e salicórnia consumida é reduzida, pelo que os benefícios associados ao seu consumo podem não apresentar uma expressão significativa. Contudo, os alimentos devem ser vistos como um todo e num contexto de uma alimentação completa, equilibrada e variável, seguindo o padrão alimentar mediterrânico enquanto padrão alimentar promotor de saúde, pois só assim é possível obter todas as vantagens de uma alimentação saudável e sustentável.