Ter e seguir hábitos ajuda, no geral, a viver melhor, porque o tempo é mais bem organizado e as tarefas do dia-a-dia, tanto profissionais como pessoais, são realizadas mais fácil e eficazmente. Mas a verdade é que se para alguns criar hábitos necessários não é custoso, para outros torna-se hercúleo.
De acordo com um artigo publicado por especialistas da Associação Americana de Psicologia, o segredo para uma vida bem sucedida pode estar, de facto, em criar bons hábitos e, se isso acontecer, ter de resistir a tentações de fazer coisas que atrasem o trabalho ou uma tarefa do dia-a-dia deixa de existir.
Mas como se conseguem criar esses hábitos positivos? A norte-americana Katy Milkman, economista e professora e cofundadora da iniciativa Behavior Change for Good, tem dedicado a sua carreira ao desenvolvimento de hábitos e explica, no seu livro How to Change: The Science of Getting from Where You Are to Where You Want to Be, como se pode conseguir ser mais feliz mudando comportamentos.
Passos para construir um hábito
À CNN, e baseando-se em pesquisas que realizou para escrever o seu livro, a especialista dá dicas sobre como é possível construir, de forma saudável, hábitos positivos. Em primeiro lugar, diz, é importante definir uma meta específica que se vai tornar um hábito. Milkman explica que saber exatamente o que se quer fazer e com que frequência é um passo essencial, assim como começar com objetivos pequenos e ir evoluindo, para se sentir que se está a fazer progressos. “Não diga: “Vou meditar regularmente”. Diga: “Vou meditar por 15 minutos todos os dias””, explica a especialista.
Depois disso, é necessário criar um plano detalhado daquilo que se pretende, ou seja, saber quando, durante quando tempo, como e onde se vai fazer o que se objetiva. “Um plano como “vou estudar espanhol durante 30 minutos, cinco dias por semana” está ok. Mas um plano detalhado como “todos os dias úteis após a minha última reunião, vou passar 30 minutos a estudar espanhol no meu escritório” tem muito mais probabilidade de se tornar um hábito”, afirma Milkman. Colocar lembretes desse plano também é uma boa opção, porque, caso se pense em desistir dele, a sensação de obrigação pesa mais.
A parte divertida vem a seguir. A especialista refere que é importante arranjar-se formas divertidas de se conseguir realizar o plano definido, seja ele sobre o que for. “Quando se trata de exercício físico, pode significar ir a aulas de Zumba com um amigo ou aprender a escalar”, exemplifica a Milkman, acrescentando que quem define passar a comer mais frutas e legumes, por exemplo, pode apostar em trocar o café de manhã por um smoothie com os frutos dos quais se gosta mais. Sendo que “a repetição é a chave para a formação do hábito, tornar a experiência positiva é fundamental, mas costuma ser esquecido”, diz ainda a professora.
Milkman dá ainda outra dica: juntar a realização de um dos objetivos a uma atividade que já dê habitualmente prazer, como ver um programa de que se gosta muito enquanto se está no ginásio, por exemplo, porque isso “transforma a luta pelos objetivos numa fonte de prazer, não de dor”, esclarece.
A especialista explica, ainda, que é necessário haver alguma flexibilidade na construção do hábito, ou seja, variar em algum ponto a realização de uma tarefa que se pretende tornar-se um hábito, nem que seja no horário ou local em que se faz essa mesma tarefa, também para se conseguir lidar melhor com possíveis contratempos.
Milkman aconselha, também, a que os objetivos sejam partilhados com amigos e familiares, mas também a criar ligações com pessoas que já tenham chegado ao objetivo que se pretende alcançar. Juntar-se a um grupo de corrida, por exemplo, com pessoas que já correm regularmente e têm hábitos bem estipulados, pode fazer com que se aprenda com essas pessoas a segui-los e, além disso, pode motivar ainda mais. “Os bons hábitos são contagiosos, por isso tente apanhar alguns a socializar com pessoas que estão um pouco à sua frente na curva de aprendizagem”, acrescenta a especialista.