O mais recente estudo apresentado, esta semana, pelo Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA revela que as vacinas contra a Covid-19 da Pfizer e da Moderna são, significativamente, menos eficazes a proteger doentes com o sistema imunológico mais debilitado, apelando à necessidade de os adultos imunodeprimidos receberem a terceira ou mesmo a quarta doses da vacina.
A pesquisa científica é o resultado da análise de 90 mil pessoas: cerca de 20 mil adultos imunodeprimidos (com 43% totalmente vacinados) e 70 mil sem deficiências imunológicas (com 53% de vacinados), todos hospitalizados, este ano, com doenças semelhantes à Covid-19.
Tanto as duas doses da vacina da Pfizer-BioNTech como as duas da Moderna demonstraram ter uma eficácia de 77% face à hospitalização relacionada com a Covid-19 em pessoas imunodeprimidas. Um grau de proteção muito inferior (menos 13%) ao benefício das vacinas para as pessoas sem deficiências imunológicas, com 90% de eficácia contra a hospitalização.
E mesmo entre as duas vacinas, a da Moderna revelou ter maior proteção nas pessoas com o sistema imunológico mais fraco do que a vacina da Pfizer, refletindo os resultados observados em adultos americanos. Entre os doentes com deficiências imunológicas, em especial os recetores de órgãos ou de células-tronco que, frequentemente, tomam medicação para suprimir os seus sistemas imunológicos e prevenir a rejeição do transplante, mostraram respostas mais fracas do que outras categorias de imunodeprimidos.
Para estes doentes, de modo a criarem uma resposta imunológica mais agressiva, o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças sugere que recebam a terceira dose da vacina da Pfizer ou da Moderna, além de uma injeção de reforço adicional seis meses após essa terceira dose.
A partir de 2022, alguns doentes imunodeprimidos norte-americanos são elegíveis para receberem uma quarta dose da vacina contra a Covid-19, de acordo com as mais recentes diretrizes do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças. Uma vez que estes americanos foram inoculados com a terceira dose em agosto, a partir de fevereiro de 2022, seis meses depois, recebem uma das três vacinas contra o coronavírus disponíveis nos EUA.
Aos adultos imunodeprimidos – no qual se incluem, por exemplo, os doentes que estão a receber quimioterapia, a recuperar de um transplante de órgão sólido ou a tratar a infeção por HIV – a quem foi inoculada a vacina de dose única da Johnson & Johnson, o CDC recomenda que recebam outra dose de qualquer uma das três vacinas, pelo menos dois meses após a toma inicial.
Esta quarta dose da Moderna, segundo as novas recomendações do regulador americano, deverá ter metade do tamanho da dose normal.
A Organização Mundial da Saúde defende as doses adicionais para pessoas com sistema imunológico debilitado, ao mesmo tempo que clama por uma moratória global, até ao final do ano, para que mais doses de vacinas possam chegar aos países sub-desenvolvidos onde as taxas de vacinação continuam baixíssimas. Mesmo assim, países como Israel, Estados Unidos e Alemanha deverão, em breve, avançar com os programas de reforço da vacinação.