Que os exercícios com pesos podem desenvolver ou aumentar os músculos é óbvio . O que não se sabia até agora é que este tipo de treino chega a alterar o funcionamento das células e que é assim que pode levar a uma redução da massa gorda. Um grupo de cientistas da Universidade de Kentucky, em Lexington, EUA, e outras instituições, que estudam a saúde muscular há vários anos, decidiram agora estudar outros tecidos e perceber a relação entre os músculos e a gordura.
No estudo recente, publicado em maio no The FASEB Journal, os investigadores analisaram apenas um músculo das pernas de ratos saudáveis, que foram incitados a realizar um treino físico e que suportavam todas as exigências físicas dos movimentos. Para a experiência, foram retiradas amostras de sangue, tecido biopsiado e fluídos centrifugados antes e depois do ensaio, e ainda procuradas ao microscópio vesículas e outras alterações de moléculas nos tecidos. Os investigadores perceberam que o músculo em análise ficou hipertrofiado ou inchado, fazendo com que o treino de resistência se realizasse a uma velocidade muito maior.
Como resultado, conseguiram perceber que os músculos das pernas dos animais que tinham estado em esforço continham miR-1 – extrato especial de material genético que modula o crescimento muscular – enquanto nos músculos normais e não treinados havia um entrave no desenvolvimento muscular. Em simultâneo, as vesículas na corrente sanguínea (estruturas feitas do mesmo material que a membrana celular, com citoplasma no seu interior) encheram-se de microRNA – reconhecidos como reguladores fundamentais da expressão genética em plantas e animais -, tal como os tecidos gordos vizinhos.
Com o objetivo de perceber o que é que a miR-1 provocou nas células de gordura, os cientistas rotularam as vesículas em ratos treinados com um corante fluorescente, injetaram-nas em animais não treinados e seguiram as trajetórias das bolhas incandescentes. As vesículas concentraram-se na gordura, que os cientistas viram, depois, dissolveram-se, e aí apareceu a miR-1.
Depois disso, alguns genes das “células gordas” ajudaram a transformar a gordura em ácido gordo, que outras células podem reproduzir em energia, reduzindo, desta forma, as reservas de gordura do organismo. Segundo John J. McCarthy, professor de fisiologia na Universidade do Kentucky e um dos autores do estudo, realçou, citado pelo The New York Times, que “o processo foi simplesmente notável”.
O estudo analisou ainda o mesmo processo em homens e mulheres saudáveis que confirmou que, tal como nos ratos, os níveis de miR-1 nos músculos dos voluntários diminuíram depois dos treinos com pesos, enquanto a quantidade de vesículas contendo miR-1 na sua corrente sanguínea disparou.
Para McCarthy, este estudo serve para lembrar que “a massa muscular é de importância vital para a saúde bélica”, e que quando fazemos exercícios com pesos não estamos apenas a construir massa muscular, mas também a fazer com que os nossos tecidos e células trabalhem.