Portugal tem das melhores águas canalizadas da Europa, e na cidade de Lisboa a qualidade é ainda mais elevada que no resto do País. É importante que se entenda que este facto é um verdadeiro privilégio, sobretudo quando temos em conta que o acesso à água é um Direito Humano que ainda muitos países não conseguem cumprir.
Por cá, os especialistas são taxativos: “a água é o bem alimentar mais testado e controlado que podemos consumir”. Quem o diz é Rui Neves Carneiro, diretor e Laboratórios e Controlo da Qualidade da Água da EPAL, que esta manhã fez parte de um painel de debate sobre a Importância da Água na Alimentação e na Hidratação promovido pela revista VISÃO, em parceria com a EPAL. Pedro Lôbo do Vale, médico de medicina geral e familiar e também presidente da Associação Portuguesa de Alimentação Racional e Suplementos Alimentares concorda e pede às pessoas que bebam, pelo menos, entre 1,5 a 2 litros de água por dia. “Pelo menos. E continuem a consumir alimentos com água. Uns não substituem os outros”, recorda.
O médico salienta a importância de uma hidratação adequada para prevenir infeções do trato urinário e dos rins, e tal como Ágata Roquette, chama a atenção para a importância do consumo de água no bom funcionamento do sistema intestinal. A nutricionista revela que recomenda aos seus pacientes que bebam pelo menos 8 copos de água por dia – “às vezes a garrafa de litro e meio assusta”, atira com um sorriso – e que aqueles que o fazem têm menos problemas de retenção de líquidos e de prisão de ventre.
Por seu lado, Cátia Goarmon deixa algumas dicas de como aproveitar ao máximo os alimentos que contêm muita água, aproveitando da melhor forma todos os seus nutrientes. “Colocar umas pedrinhas de sal é sempre a melhor forma de perceber se um determinado alimento tem muita ou pouca água”, começa por revelar. “Aconselho a que se demolhem as leguminosas como o grão e o feijão em casa, por exemplo, porque dessa forma conseguimos controlar os níveis de sal. E são alimentos muito ricos em água”. Como, aliás, muitos dos produtos que fazem parte da dieta mediterrânica.
A cozinheira e apresentadora do 24 Kitchen faz questão de sublinhar que usa sempre água da torneira para cozinhar, e Rui Neves Carneiro garante que a EPAL está de olho nas zonas mais antigas da cidade de Lisboa, onde poderá haver canalizações ainda antigas. No entanto, explica, são feitos testes aleatórios ao fornecimento de vários edifícios, para tentar perceber onde há questões a resolver.
“Na dúvida”, sugere por seu lado Lôbo do Vale, “nos casos das instalações mais antigas, pode sempre deixar-se correr água mais um pouco para garantir que não há sedimentos na água que vamos ingerir”. Mas, genericamente, afirma, o ideal é mesmo optar por beber água canalizada – mais amiga do ambiente e menos sujeita às diferenças de temperatura que a água engarrafada sofre – até porque esta tem sempre a mesma composição.
Para os quatro participantes neste debate, o mais importante é mesmo lembrar os cidadãos da importância da água para o bom funcionamento do nosso organismo, e para as vantagens de uma alimentação rica em hidratação: menos toxinas, menos infeções, menos sensação de fome… E sublinhar a sorte que Portugal tem por ter água de boa qualidade à distância de uma torneira.