A nova investigação do jornal Sunday Times é clara: os cientistas chineses já conheciam, desde 2012, um vírus (RaBtCoV / 4991) semelhante ao novo coronavírus, que ficou armazenado e guardado num laboratório do Instituto de Virologia de Wuhan.
Há cerca de oito anos, em agosto de 2012, seis homens começaram a apresentar sintomas como tosse, febre, dores no corpo e dificuldades respiratórias, semelhantes, portanto, aos do novo coronavírus, enquanto trabalhavam numa mina de cobre abandonada, em Tongguan, região de Mojiang, no sudoeste da China. Destes, quatro homens foram diagnosticados com um coronavírus e dois acabaram por morrer antes da realização do teste. No total morreram três trabalhadores.
Depois deste pequeno surto, uma equipa de cientistas foi para Tongguan examinar a mina e recolher amostras para análise. Segundo a investigação, o chão da mina estava repleto de dejetos de animais assim como de agentes patogénicos, possivelmente letais. Um pormenor importante referido na análise é que o teto estava coberto de morcegos.
Estas conclusões e análises foram silenciadas, refere o jornal. Contudo, foi possível aceder a estas informações através de uma tese de mestrado realizada por um jovem médico que era orientado por um especialista que trabalhava no mesmo hospital onde os homens infetados foram tratados. Com estes dados, percebeu-se que o vírus RaBtCoV / 4991 é 96% semelhante ao SARS-CoV-2.
“O vírus não surgiu no mercado, surgiu noutro lugar” disse Peter Daszak, especialista britânico em doenças transmitidas por animais, ao Sunday Times. O especialista sugere que o vírus já circulava perto da mina, na zona rural de Mojiang, e depois eclodiu em Wuhan, que tem uma população de 11 milhões de pessoas.
Esta nova descoberta vem levantar questões sobre a origem da Covid-19 e sobre como a China pode ser ou não culpada pela propagação do vírus. Neste sentido, a Organização Mundial da Saúde está a começar a preparar uma investigação independente para descobrir a origem do novo coronavírus.
Recorde-se que já vários países tentaram desenvolver uma investigação independente para desmistificar a origem do novo vírus à qual a China rejeitou o pedido.