O filme da Pixar “À Procura de Nemo”, de 2003, pode ter ajudado a popularizar a ideia de que os peixes-palhaço são criaturas dóceis e amigáveis, mas, na realidade, a espécie é territorial e agressiva. Quando a anémona em que habita parece estar ameaçada por uma intrusão, este peixe toma uma atitude defensiva, especialmente se o invasor for da própria espécie. Agora, um estudo publicado no Journal of Experimental Biology revela que esta atitude defensiva dos peixes-palhaço se baseia em conhecimentos de matemática.
Já estava provado que os seres humanos não são os únicos com valências em matemática. Sabe-se, por exemplo, que as abelhas conseguem adicionar e subtrair e que os corvos entendem o significado de zero. Agora, os peixes-palhaço juntam-se ao grupo de animais que usam a matemática para sobreviver. No caso desta espécie, as competências de aritmética são usadas na proteção do território.
Os peixes-palhaço são conhecidos pela cor laranja intensa e pelas riscas brancas no seu corpo, que podem ser no máximo três e, no mínimo, nenhuma. Numa análise a 28 espécies diferentes de peixe-palhaço, percebeu-se que o número e o padrão das listas é importante para que estes animais distingam quem é aliado de quem é rival. Kina Hayashi, cientista marinha do Instituto de Ciência e Tecnologia de Okinawa, Japão, percebeu que os peixes-palhaço eram mais agressivos contra outros animais com igual número de listas – ou seja, animais vistos como competidores.
Hayashi e a sua equipa colocaram 50 peixes-palhaço com três listas próximos e em aquários individuais, dentro de um tanque. Depois, colocaram um peixe-palhaço com listas próximo de três outros de espécies diferentes. Os aquários eram transparentes e à prova de cheiros. Como resultado, os peixes com o mesmo número de listas demonstraram uma atitude mais agressiva uns com os outros do que com os que eram diferentes.
Numa outra fase da experiência, Hayashi colocou 120 peixes-palhaço com três listas em conjuntos de três dentro de aquários separados. Depois, os cientistas adicionaram a cada aquário um isco pintado como um peixe-palhaço. Em alguns aquários o isco não tinha listas e noutros o isco tinha três listas. Como resultado, os investigadores perceberam que os iscos com três listas apresentaram 10 vezes mais mordidelas do que as outras.