Vivemos tempos em que a sustentabilidade não é apenas uma palavra de ordem, mas uma necessidade urgente. À medida que os desafios globais se intensificam, a responsabilidade recai não apenas sobre os líderes empresariais, mas sobre cada um de nós. No epicentro dessa responsabilidade estão as universidades, em particular as que atuam nas áreas da Gestão e da Economia, uma vez que desempenham um papel crucial na formação dos futuros gestores, líderes e executivos para que sejam agentes que contribuem para o bem comum e capazes de impulsionar a mudança para um mundo mais sustentável para todos.
As universidades não podem mais ser meras transmissoras de conhecimento, devem ser agentes ativos na construção de uma atitude sustentável. A formação de gestores e executivos deve transcender a simples acumulação de conhecimento técnico e abraçar a integração dos diversos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) nos seus currículos. Da sala de aula para as organizações ou o mundo dos negócios, é importante que os futuros líderes compreendam não apenas os números, mas também o impacto social e ambiental das suas decisões.
As universidades têm aqui a responsabilidade de equipar os seus estudantes com competências e ferramentas técnicas, e igualmente com a capacidade de compreenderem as interconexões entre a economia, o ambiente e a sociedade. Disciplinas que abordam a ética empresarial, responsabilidade social corporativa, estratégias de negócios sustentáveis ou finanças sustentáveis devem tornar-se pilares fundamentais nos programas académicos, da mesma forma como um conhecimento mais “científico” sobre as alterações climáticas. A par do conhecimento técnico, as soft skills devem também ser desenvolvidas para que os nossos futuros gestores e economistas consigam ser agentes de mudança focados na ação.
A transformação para uma atitude sustentável não se consegue apenas adicionando disciplinas aos currículos. É também fundamental fomentar uma cultura que permeia todos os níveis da instituição, liderando pelo exemplo, adotando práticas sustentáveis nas suas operações diárias, desde a gestão de resíduos até à eficiência energética, e demonstrando, de forma tangível, o compromisso com a sustentabilidade. No caso do ISEG, temos como objetivo para 2030 ser um campus carbon neutral e plastic free.
Incentivamos os estudantes a participar em projetos com impacto social e ambiental, proporcionando aos nossos futuros decisores a oportunidade de aplicar na prática os princípios aprendidos em sala de aula, seja através de projetos de empreendedorismo social, participação em campanhas ambientais ou colaboração em projetos de inovação sustentável. Estas atividades proporcionam uma experiência prática que vai além das quatro paredes da sala de aula, essencial para criar líderes conscientes e comprometidos com a construção de um futuro mais equitativo e resiliente para todos.
A integração da sustentabilidade nos currículos e nas práticas universitárias apresenta, porém, desafios significativos. A resistência à mudança e a pressão para manter métodos tradicionais podem ser obstáculos. No entanto, esta é uma oportunidade única de liderar a transformação necessária. Ao formar gestores e executivos com uma atitude sustentável, estamos a investir no capital humano necessário para enfrentar os desafios económicos, sociais e ambientais com os quais nos deparamos nos dias de hoje.
A educação open minded começa nos corredores académicos, onde se levantam os alicerces do pensamento crítico, da criatividade para a resolução de problemas e da responsabilidade. Como educadores, temos a oportunidade e a responsabilidade de moldar uma geração de gestores e executivos que não apenas entendem os desafios do presente, mas estão preparados para agarrar e liderar a construção de um futuro mais sustentável. É um compromisso que não pode ser negligenciado, pois o futuro da nossa sociedade e do nosso planeta depende disso.