Portugal tem condições para estar no pelotão da frente dos esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais, conforme o acordado na conferência de Paris sobre o clima, defende Francisco Ferreira, presidente da Zero-Associação Sistema Terrestre Sustentável. Ao iniciar-se na cidade marroquina de Marraquexe, esta segunda-feira, 7, a 22.ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP22), Francisco Ferreira lembra que a soma das metas de emissões de gases com efeito de estufa, apresentadas em dezembro de 2015 pelos 197 signatários do Acordo de Paris, equivale a um aumento da temperatura superior a 3 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais. Uma catástrofe climática planetária.
Dos 197 signatários do Acordo de Paris, 100 ratificaram-no até ao momento. Ou seja, assumiram a responsabilidade de limitar a subida da temperatura bem abaixo dos 2 graus Celsius em relação à era pré-industrial. O ideal são os referidos 1,5 graus Celsius.
E Francisco Ferreira, também professor na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, assegura que Portugal “tem um potencial enorme de redução das emissões de gases com efeito de estufa” nos setores não industriais e industriais. Aliás, sustenta o dirigente ecologista, deve ir muito além da meta “pouco ambiciosa” estabelecida pela União Europeia para o seu espaço – redução de 40% até 2030, em relação a 1990.
O presidente da Zero advoga que Portugal tem condições para reduzir entre 45% a 50% as suas emissões de gases com efeito de estufa até 2030, em relação a 2005. “Em 2014, já estávamos em 27 por cento”, diz.
Se o fizermos, os signatários do Acordo de Paris hão de olhar-nos como um exemplo. E nós, claro, vamos gostar disso.