Nos últimos três anos, foram plantadas mais de 21 mil plantas de diferentes espécies autóctones, como sobreiros, zimbros e diversas arbustivas que potenciam a biodiversidade, servindo de habitat e alimento à fauna silvestre.
O projecto beneficia cerca de 50 mil pessoas em ambos os países e desenvolve-se em três sub-bacias: do lado espanhol no rio Ruecas, perto da Serra de Villuercas (Cáceres), e na ribeira do Murtega, no Parque Natural da Serra de Aracena e Picos de Aroche,, e na Ribeira do Vascão, perto de Mértola, no Parque Natural do Vale do Guadiana.
Em Portugal, o esforço da WWF em parceria com a Coca-Cola já permitiu recuperar cinco hectares de zimbro ardidos em 2007 e dois quilómetros de galeria ripícola na ribeira do Vascão. O projecto tem também incidido na protecção das espécies piscícolas da ribeira, em particular o Saramugo, uma espécie endémica da bacia que actualmente se encontra em perigo de extinção. O moinho do Alferes, importante represa da região para a preservação do equilíbrio do ecossistema, também é alvo de intervenção.
O projecto de restauro transfronteiriço da bacia do rio Guadiana desenvolve-se numa das zonas mais importantes devido à sua grande biodiversidade e extensão. A bacia internacional do Guadiana ocupa uma área de 67 mil km², cerca de 12% da península ibérica. No entanto, a nível europeu, é também uma das bacias hidrográficas com menor disponibilidade de água e um maior índice de ameaças, que desafiam a sua conservação e equilíbrio.
Os principais problemas que a bacia do rio Guadiana enfrenta são: a intensificação do regadio para fins agrícolas, a regulação do caudal devido ao elevado número de barragens, a deterioração da qualidade da água em consequência da poluição, salinização e erosão, em parte decorrentes do baixo grau de coberto florestal da bacia hidrográfica.
Para Luis Silva, da WWF Portugal, este projecto é “um exemplo de como o sector privado pode ter um papel relevante na conservação da biodiversidade e dos serviços dos ecossistemas. As parcerias entre empresas, sociedade civil e entidades públicas, são o modelo sobre o qual devem assentar as novas estratégias de desenvolvimento territorial. Esperamos que, com base neste exemplo, outras empresas venham a investir na valorização do capital natural.”
Tiago Lima, Director de Relações Externas da Coca-Cola Portugal considera que esta “iniciativa pretende consciencializar para a conservação e restauro ecológico das bacias hidrográficas, em especial de um ecossistema tão fragilizado como o Guadiana. A água é o nosso recurso natural mais importante, merecendo uma atenção especial, convicta e focada na sua protecção e conservação, de forma a produzir resultados para a melhoria da biodiversidade e equilíbrio ecológico. Como principal matéria-prima na produção das nossas bebidas, na Coca-Cola temos vindo a desenvolver programas relevantes em parceria com a WWF, assim como temos avançado a grande ritmo no sentido da total sustentabilidade da água que utilizamos na produção dos nossos produtos. Esta é uma questão crucial para a Coca-Cola não apenas em Portugal e Espanha, mas a nível global.”
Os próximos objectivos fixados para o projecto consistem na continuidade do trabalho de restauro, potenciando a melhoria do habitat do Saramugo.
A colaboração entre a WWF e a Coca-Cola Portugal surge alinhada com a parceria estabelecida a nível global em 2007 entre as duas organizações, para a conservação dos recursos hídricos do planeta, em particular a conservação das reservas de água mais importantes do mundo: rio Yangtze (China); rio Mekong (Ásia); rio Grande/rio Bravo (EUA/México); rios e reservas de água do Sudoeste dos Estados Unidos; lago Malawi (África); e rio Danúbio (Europa).