Herman José já não é só um animal televisivo – é um artista adaptado aos tempos, que se multiplica em diferentes palcos, das redes sociais e dos videojogos aos shows de estrada. É esse Herman reinventado que se reclina descontraidamente num sofá branco para uma conversa com a VISÃO e quebra o gelo com uma história antiga, dos anos 80. Uma história que o define enquanto artista – intemporal na sua graça. “Quando estava a comprar a minha casa de Azeitão, sentei-me com o advogado, um velho advogado, que não fazia ideia de quem eu era. Achava que era um ajudante do agente imobiliário. Ele cerrou os dentes e disse: ‘Espero que o seu cliente não vá a tempo de perceber que a casa é uma merda.'”
A sorte do advogado é que Herman sabia disso, mas pouco lhe importava: estava a comprar a casa pela localização. “Quando soube quem eu era, ficou um bocado aflito. Depois cagou. Era uma personagem fascinante. Tinha uns 88 anos e uma mulher nova, gira. Mas um dia vejo umas caixas escondidas e descubro fotografias dele dos anos 20 e 30 com um tipo. Era um caso amoroso. Teve um caso amoroso gay, depois ambos se separaram, casaram-se e seguiram vidas próprias.”