1 – APROXIMOU-SE DAS PESSOAS
É verdade que o jesuíta Francisco foi o primeiro Papa da América Latina, nascido e criado no centro histórico de Buenos Aires, e só isso já bastaria para o fazer ficar na História. Mas a força com que a figura de Jorge Bergoglio – que morreu, aos 88 anos, na última segunda-feira, 21, após ter estado internado com uma infeção respiratória – sempre se impôs também vem de algo muito pouco concreto e difícil de sintetizar: do seu estilo. Na maneira como cultivou a simplicidade, como rejeitou viver no Palácio Apostólico e preferiu ficar na Casa de Santa Marta, por exemplo. Ou na forma como se dirigiu aos outros, privilegiando os mais excluídos dos excluídos (os presos, a quem lavou os pés, no ritual litúrgico da Quinta-Feira Santa). Num mundo sem grandes referências morais, políticas ou espirituais, Francisco foi um líder carismático e fez questão de se aproximar das pessoas, de falar com todos – crentes e não crentes.

O professor Paulo Mendes Pinto, da Universidade Lusófona, costuma dizer que o Papa Francisco se transformou na “caixa de ressonância do mundo”. É irónico, mas, não raras vezes, até foi mais acarinhado pelos não crentes do que pelos crentes. Na opinião do teólogo Juan Ambrósio, da Universidade Católica, todos “sentem necessidade de vozes lúcidas, capazes de abrir caminhos de esperança”. Conta-se que, quando Bento XVI resignou, Bergoglio chegou a Roma para participar no conclave apenas com uma pequena mala de viagem. Já havia enviado a renúncia do arcebispado para Roma, obrigatória após os 75 anos, tencionava reformar-se e viver o resto dos seus dias em Flores, o bairro onde nasceu. Hoje, é mais ou menos consensual que começou a ganhar a eleição quando fez uma curta intervenção, com críticas dirigidas ao interior da instituição. Revelou depois o cardeal Jaime Alamino, arcebispo de Havana, que Francisco criticou a Igreja “autorreferencial, doente do narcisismo, que dá lugar a esse mal que é a mundanidade espiritual, esse viver para dar glória uns aos outros”.
Já eleito, “o Papa do fim do mundo” não vergou nas opiniões. Continuou a ser duro nas críticas dirigidas à Igreja (envelhecida e, pior do que isso, empedernida), à Cúria e, sobretudo, àquilo que designou como “a peste do clericalismo”. A postura valeu-lhe inúmeras oposições, acusaram-no de ser marxista e, quando a saúde o debilitou, as alas mais conservadoras alimentaram rios de tinta sobre uma eventual resignação. Fez o que se deve fazer às provocações: ignorou e, por vezes, usou o humor. Respondeu: “O Papa não governa com as pernas, governa com a cabeça.” Não se sabe ao certo se esta frase foi alguma vez efetivamente proferida, mas, como manda o “velho” John Ford, na dúvida, imprima-se a lenda.
2 – OLHOU PARA “AS PERIFERIAS”
Francisco foi eleito a 13 de março de 2013. Pouco tempo depois, logo a 8 de julho, realizou a primeira viagem do seu pontificado. Havia ficado impressionado com um naufrágio no canal da Sicília e, por isso, dirigiu-se para a ilha de Lampedusa, no Sul de Itália, para se encontrar com migrantes que tinham acabado de atravessar o Mediterrâneo. Quando uma parte significativa do mundo começava a fechar-se ao outro, a atenção dada por Francisco aos migrantes é um dos seus maiores legados. Três anos depois, em 2016, voltou a marcar a agenda mediática com os seus gestos simbólicos contra a “indiferença” e visitou também os refugiados na ilha grega de Lesbos. Saiu de lá com 12 sírios e levou-os para Roma.
Em 2023, dez anos após a primeira viagem ao Mediterrâneo, continuou sem esquecer da tragédia às portas da Europa e escreveu uma carta ao bispo de Lampedusa na qual diz que “a morte de inocentes, principalmente crianças, em busca de uma existência pacífica, longe das guerras e da violência, é um grito doloroso e ensurdecedor que não nos pode deixar indiferentes”. “É a vergonha de uma sociedade que já não sabe chorar nem ter pena do outro”, sustenta. Mais recentemente, durante o internamento no Hospital de Gemelli, conta-se que telefonava todos os dias para a paróquia de Gaza. No Domingo de Páscoa, numa breve aparição na Praça de São Pedro, voltou a apelar ao cessar-fogo: “Libertem os reféns e venham em auxílio de um povo faminto que aspira a um futuro de paz.”

As periferias a que se refere Francisco são “geográficas”, mas também são “existenciais”. Recorde-se, a este propósito, uma das frases mais fortes da Fratelli Tutti, “a encíclica da pandemia”, publicada em 2020 e dedicada à fraternidade e à amizade social: “Ninguém se salva sozinho, só é possível salvarmo-nos juntos.” Nos últimos 12 anos, numa altura em que muitos dos líderes do chamado mundo ocidental exploram medos e ressentimentos em relação à diferença, a voz contrastante de Francisco fez-se ouvir de forma bastante audível. Em fevereiro, três dias antes de ser internado, também se revelou preocupado com o programa de deportações de Donald Trump e voltou a escrever uma carta, desta vez, aos bispos católicos dos EUA: “Tenho acompanhado de perto a grande crise que está a acontecer nos EUA, com o início de um programa de deportações em massa. A consciência retamente formada não pode deixar de fazer um juízo crítico e de manifestar o seu desacordo com qualquer medida que identifica, tácita ou explicitamente, o estatuto ilegal de alguns migrantes com a criminalidade.”
Nessa carta, pediu ainda aos bispos norte-americanos que rejeitassem as “narrativas que discriminam e causam sofrimentos desnecessários aos nossos irmãos e irmãs migrantes e refugiados” e apelou ao “rigoroso respeito pelos direitos de todos”. Uma política que regule a migração “ordenada e legal” não pode ser feita, argumentou na missiva, “com o privilégio de uns e o sacrifício de outros”. E concluiu: “O que se constrói com base na força, e não na verdade sobre a igual dignidade de cada ser humano, começa mal e acabará mal.”
3 – CUIDOU DA “CASA COMUM”
Do ponto de vista do estilo, da empatia e da proximidade, até é possível dizer que Francisco tinha a vida facilitada ao suceder a Bento XVI. Do ponto de vista teórico, porém, não é possível dizer o mesmo, uma vez que o alemão foi, por excelência, “o Papa intelectual”. Estas circunstâncias conferem ainda mais significado à encíclica Laudato Si’, publicada no princípio do pontificado de Francisco, em 2015.
Nessa encíclica exemplar, o Papa Francisco demonstra estar a par dos debates contemporâneos e dos maiores desafios da Humanidade. Mais: ao defender que as alterações climáticas são provocadas pela ação humana, está alinhado com a Ciência e com o melhor conhecimento. Criticou diretamente as razões que conduziram ao atual paradigma de desenvolvimento – “o paradigma tecnoeconómico” – e advogou uma “ecologia integral”, para a qual são necessários pequenos gestos do quotidiano que nos “libertam da lógica da violência, da exploração e do egoísmo”.

Na encíclica Laudato Si’, Francisco segue, assim, o exemplo dos movimentos climáticos e das gerações mais novas. “Os jovens exigem de nós uma mudança; interrogam-se como se pode pretender construir um futuro melhor, sem pensar na crise do meio ambiente e nos sofrimentos dos excluídos”, escreve. E exorta tudo e todos em redor da causa ambientalista: “O urgente desafio de proteger a nossa casa comum inclui a preocupação de unir toda a família humana na busca de um desenvolvimento sustentável e integral, pois sabemos que as coisas podem mudar. O Criador não nos abandona, nunca recua no projeto do amor, nem Se arrepende de nos ter criado. A Humanidade possui ainda a possibilidade de colaborar na construção da nossa casa comum.”
Há pouco mais de um ano, em outubro de 2023, dois meses antes da COP28, no Dubai, o Papa voltou ao tema, numa nova exortação apostólica, a Laudate Deum, que o próprio disse ser a segunda parte de Laudato Si’. O mundo, alerta, está a “desmoronar-se” e “aproxima-se de um ponto de rutura”. O documento termina de forma lapidar: “Laudate Deum é o título desta carta. Porque um ser humano que pretende tomar o lugar de Deus torna-se o pior inimigo para si mesmo.”
4 – ACOLHEU “TODOS, TODOS, TODOS”
São muitos os que comparam a figura de Francisco a João XXIII, o Papa que promoveu o Concílio Vaticano II, o maior acontecimento da Igreja Católica do século XX, cujas resoluções ainda estão, em muitos casos, por concretizar. Francisco não convocou um concílio, mas convocou um sínodo – a palavra tem origem no grego e significa “caminhar juntos”. Entre outubro de 2023 e outubro de 2024, decorreram as duas assembleias do Sínodo dos Bispos, que reuniram os contributos das comunidades e que, na verdade, deixou de integrar apenas bispos – e só isso já constituiu uma novidade.
O secretário-geral do Sínodo, o cardeal Mario Grech, conhecido pelas suas posições progressistas, justificou então: “A participação dos novos membros não só assegura o diálogo que existe entre a profecia do povo de Deus e o discernimento dos pastores, mas assegura também a memória.” Para o teólogo Juan Ambrósio, a ideia primordial do processo sinodal é a de ouvir as comunidades. E, independentemente do perfil do sucessor de Francisco, essa dinâmica não terá retrocesso: “O Papa impôs a ideia de uma Igreja que se renova a partir daqueles a quem ela é enviada.”
Autobiografia antecipada
No princípio deste ano, o Papa Francisco permitiu que o livro fosse publicado. Inicialmente, estava previsto só sair após a sua morte

A autobiografia do Papa argentino chama-se Esperança e o título do livro não podia ser mais feliz. Francisco foi, de facto, o Papa da alegria e da esperança. “Nós, cristãos, devemos saber que a esperança não ilude nem desilude: tudo nasce para florir numa eterna primavera. No final, diremos apenas: não recordo nada em que Tu não estejas”, escreve na introdução do volume, lançado no princípio deste ano em todo o mundo (em Portugal, foi publicado pela Nascente, uma das chancelas da Penguin Random House).
Por vontade do Papa, o livro só deveria ser publicado agora, após a sua morte. Porém, o novo Jubileu e, diz a editora, “as necessidades do tempo” fizeram com que o autor se decidisse a antecipar o lançamento para janeiro de 2025. Com fotografias do arquivo pessoal a acompanhar, Esperança recua ao início do século XX, às raízes italianas e à emigração dos antepassados de Jorge Bergoglio, passa pela infância e juventude e chega até ao pontificado e ao tempo presente. E é um livro muito feliz porque conta uma história que merece ser contada, a história da vida de um homem simples. E porque nele também está presente um certo modo – alegre e verdadeiramente iluminado – de olhar os outros e o mundo que nos rodeia.
Nos 12 anos de Francisco, a presença de mulheres no Vaticano aumentou de forma significativa. No princípio de 2025, o Papa nomeou uma mulher para dirigir um dicastério: a irmã Simona Brambilla assumiu o cargo de prefeita do Dicastério para a Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, uma posição até agora reservada a cardeais e arcebispos. Em 2022, a irmã Raffaella Petrini também já havia sido nomeada para secretária-geral do Governatorato e, em janeiro de 2025, para presidente.
Algumas das questões mais polémicas – como a da inclusão das mulheres, a do celibato, dos divorciados e das pessoas LGBTI – estiveram sempre em cima da mesa durante o pontificado. Não se avançou muito na doutrina, o que valeu a Jorge Bergoglio algumas críticas entre os setores mais progressistas. Mas avançou-se na prática, no exemplo, se quisermos. O Papa argentino teve a coragem de falar com os jovens sobre sexualidade e amor. Em 2023, em Lisboa, durante a Jornada Mundial da Juventude, evitou as partes mais aborrecidas do discurso que levava escrito para o Parque Eduardo VII e proferiu palavras que vão ficar para a História em forma de slogan: “Peço a cada um que, na própria língua, repita comigo: ‘Todos, todos, todos’. Não se ouve: outra vez! ‘Todos, todos, todos’.”
5 – CRITICOU “A ECONOMIA QUE MATA”
Num mundo demasiado ruidoso, é natural que se saliente o papel do Papa Francisco nos abusos sexuais contra crianças no seio da Igreja Católica. É justo, mas também é justo dizer-se que esse foi um caminho que começou a ser traçado por Bento XVI (tal como o do diálogo inter-religioso com os muçulmanos começou a ser traçado por João Paulo II e, depois, prosseguido por Bento XVI). O argentino foi, isso sim, absolutamente assertivo na forma como condenou os abusos: “tolerância zero”. “Encobrir é acrescentar vergonha à vergonha”, disse, na sua autobiografia. Porém, no fim do seu pontificado, não é possível esconder uma certa deceção do lado das vítimas (incluindo em Portugal, onde o processo das indemnizações ainda está por concluir).
Na própria Igreja, esse sentimento de desilusão também existe. A demissão do jesuíta Hans Zollner, o rosto visível do combate contra os abusos sexuais, é disso exemplo. Ao abandonar o cargo, Zollner foi muito duro nas críticas à Comissão Pontifícia para a Proteção de Menores. “Tem havido falta de clareza quanto ao processo de seleção de membros e funcionários e quanto às suas funções e responsabilidades”, justificou o padre alemão.

Logo em 2013, foi publicado um que acabou por ser uma espécie de programa oficial do papado: na exortação apostólica Evangelii Gaudium (A Alegria do Evangelho), Francisco entrou nas questões económico-sociais, referindo-se, pela primeira vez, à “economia que mata”: “Tal como o mandamento ‘Não matarás’ impõe um limite claro para defender o valor da vida humana, hoje também temos de dizer ‘Tu não’ a uma economia da exclusão e desigualdade. Esta economia mata.”
Curiosamente, coincidência ou talvez não, ainda na última Sexta-Feira Santa, nas meditações que redigiu para serem lidas durante a Via Sacra do Coliseu, em Roma, Francisco voltou a falar nessa “economia que mata”. “Construímos um mundo que funciona assim: um mundo de cálculos e algoritmos, de lógicas frias e interesses implacáveis. A lei da vossa casa, Senhor, a economia divina é outra coisa. A economia de Deus não mata, nem descarta, nem esmaga. É humilde, fiel à terra. O vosso caminho, Senhor Jesus, é a via das bem-aventuranças. Não destrói, mas cultiva, repara, guarda.”
Não sendo propriamente um testamento, acaba por ser uma boa síntese do legado de Francisco. E, sobretudo, uma chamada de atenção de que a sua voz vai fazer muita falta ao mundo.
As quatro encíclicas de Francisco
As encíclicas são os documentos de caráter social, exortatório ou disciplinar que os Papas dirigem aos bispos e, através deles, aos fiéis da Igreja
Lumen fidei
Sobre a Fé
29 de junho de 2013
Na sua primeira encíclica (intitulada Luz da Fé, em português), publicada poucos meses após o início do pontificado, Francisco continuou o trabalho do antecessor, Bento XVI, que antes da renúncia tinha concluído um rascunho deste texto sobre a fé. O documento, dividido em quatro capítulos, uma introdução e uma conclusão, traça a história da fé, aborda a relação entre razão e fé, o papel da Igreja na transmissão da fé e o seu efeito nas sociedades. É considerada como sendo a primeira encíclica redigida por dois Papas.
Laudato Si’
Sobre o Cuidado da Casa Comum
24 de maio de 2015
Nesta comunicação (com o título em português Louvado sejas), o Papa Francisco critica o consumismo e a má utilização dos recursos do planeta. Com a publicação, o pontífice tenta influenciar a transição energética e promover o combate às alterações climáticas, ao mesmo tempo que defende a reforma do capitalismo económico desenfreado, que tantas vezes condenou. Dirigindo-se “a cada pessoa que habita neste planeta”, Francisco apela aos cidadãos para que pressionem os políticos a mudar.
Fratelli Tutti
Sobre a Fraternidade e a Amizade Social
3 de outubro de 2020
O Documento da Fraternidade Humana para a Paz e Coexistência Mundial, também conhecido como Declaração de Abu Dhabi, assinado em fevereiro de 2019 entre o Papa Francisco e o xeque Ahmed el-Tayeb, grande imã de Al-Azhar, influenciou esta encíclica papal que recebeu o título em português de Todos Irmãos. No texto, Francisco critica a indiferença e a desigualdade que gera pobreza e exclusão, e exorta os cristãos a construírem um mundo melhor, mais unido e mais justo, assente nos princípios da compaixão, da fraternidade, da solidariedade e da amizade social entre os homens.
Dilexit nos
Sobre o Amor Humano e Divino do Coração de Jesus
24 de outubro de 2024
Escrita no décimo segundo ano do pontificado, a última carta encíclica do Papa Francisco (com o título em português Amou-nos) propõe o amor misericordioso de Cristo como resposta para as crises atuais resultantes das guerras, das desigualdades, do consumismo e das novas tecnologias que ameaçam a essência do ser humano. Depois de uma encíclica sobre a fé, e de outras duas de teor mais social, este quarto texto é um convite à espiritualidade e à devoção ao Coração de Jesus, por ser “essencial para a nossa vida cristã”.
C.T.
A simplicidade de Francisco
No dia 13 de março de 2013, o cardeal argentino Jorge Bergoglio é eleito líder máximo da Igreja Católica, tornando-se o primeiro Papa jesuíta e não europeu em séculos. Desde logo, dá sinais da mudança que viria a imprimir. Recusa-se a viver no Palácio Apostólico e muda-se para a Casa de Santa Marta, cultivando um estilo de vida mais simples. O seu pontificado durará 12 anos
2013
março

Na primeira missa, Francisco percorre a Praça de São Pedro num carro descapotável, desce para cumprimentar os fiéis e alerta os políticos presentes para as desigualdades e as alterações climáticas
abril
Cria o Conselho de Cardeais para iniciar a reforma da Cúria Romana, o órgão que assegura o governo da Igreja
junho
É publicada a primeira encíclica Lumen fidei (“Luz da fé”), iniciada pelo antecessor, Bento XVI, e terminada pelo novo papa
julho
Na primeira viagem oficial, Francisco encontra-se com migrantes africanos na ilha de Lampedusa e denuncia a “globalização da indiferença”
De visita ao Brasil, para participar na Jornada Mundial da Juventude, o Papa celebra uma missa para 3,5 milhões de fiéis na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. A sua passagem por território brasileiro é marcada por tumultos, numa altura em que as denúncias de abusos sexuais e desvio de recursos estão na ordem do dia
agosto
O arcebispo Pietro Parolin é indigitado como secretário de Estado do Vaticano, substituindo Tarcisio Bertone, um cardeal nomeado por Bento XVI ligado ao escândalo de corrupção Vatileaks
outubro
O Vaticano aprova legislação para combater a lavagem de dinheiro e pede ajuda às autoridades italianas para investigar o escândalo financeiro do Banco do Vaticano, que promete transformar numa instituição “honesta e transparente”
2014
novembro
Discursando no Parlamento Europeu, o Papa pede o tratamento digno dos migrantes que chegam à Europa
2015
maio
Produz a segunda encíclica, Laudato Si (“Louvados sejas”), onde critica o consumismo e a má utilização dos recursos do planeta
setembro

Numa histórica deslocação a Cuba e aos Estados Unidos, dois países em conflito, o pontífice saúda a retoma das relações diplomáticas bilaterais suspensas desde há décadas
dezembro
Têm início as comemorações do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, uma iniciativa de Francisco para assinalar o apoio os mais pobres
2016
julho
Na Jornada Mundial da Juventude de Cracóvia, o chefe da Igreja visita o campo de concentração de Auschwitz e reúne-se com sobreviventes do Holocausto
novembro
Autoriza os sacerdotes católicos a concederem a absolvição a pessoas envolvidas na prática do aborto, incluindo mulheres, médicos e outros profissionais de saúde
2017
maio
O Papa assinala em Portugal o centenário das aparições marianas na Cova da Iria e preside à canonização de Francisco e Jacinta Marto
novembro
Visita Mianmar e Bangladesh, denunciando a crise dos refugiados muçulmanos rohingya
2018
agosto
Na Irlanda, onde o Papa se encontra para presidir ao Encontro Mundial das Famílias, os abusos sexuais por membros do clero na Pensilvânia, e não só, estão na agenda. Francisco escreve uma carta aos fiéis pedindo perdão em nome da Igreja e também uma atuação firme das autoridades competentes
2019
setembro
Moçambique é um dos países incluídos na viagem apostólica pela África Oriental
2020
março

Francisco reza sozinho na imensa praça de São Pedro, e concede a benção “Urbi et orbi” à cidade de Roma e ao mundo
outubro
Publicação da terceira encíclica Fratelli tutti (“Todos irmãos”) dedicada à fraternidade e à amizade entre povos
2021
março
Pela primeira vez, um chefe da Igreja visita o Iraque. Francisco reúne-se com al-Sistani, líder dos xiitas iraquianos, e desloca-se a Mossul, cidade que esteve durante anos sob controlo do Estado Islâmico
2022
fevereiro
Francisco condena com veemência a invasão russa da Ucrânia e apela ao acolhimento dos refugiados
junho
É promulgada a constituição apostólica Praedicate evangelium, que reforma a Cúria Romana. O português José Tolentino de Mendonça assume funções de prefeito do novo Dicastério para a Cultura e Educação
2023
janeiro
Francisco preside ao funeral de Bento XVI, o papa emérito. Foi a primeira vez que um pontífice em exercício celebrou as exéquias do antecessor
março
Admite que o voto de celibato clerical, que obriga os padres a serem castos, pode ser revisto pela Igreja, causando o desconforto dos membros mais conservadores
abril
Autoriza o direto ao voto de mulheres e leigos no Sínodo dos Bispos. A medida é vista como um avanço em direção a uma Igreja mais inclusiva
agosto
Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa, com a presença do Papa, que se desloca também ao santuário de Fátima
dezembro
É publicada a declaração Fiducia supplicans (“Suplicando a Confiança”), autorizando a benção (mas apenas isso) a casais homossexuais e a casais heterossexuais em “situação irregular” — que não são casados. A decisão foi uma das mais polémicas do pontificado de Francisco
2024
junho
Francisco participa na cimeira do G7 e recebe, no mesmo dia, mais de uma centena de humoristas, entre os quais os portugueses Maria Rueff, Ricardo Araújo Pereira e Joana Marques
setembro
O Papa inicia a viagem mais longa do seu pontificado, pelo Sudeste Asiático e Oceânia. Em Timor-Leste, celebra uma missa para mais de meio milhão de pessoas
outubro
É divulgada a quarta e última encíclica, Dilexit nos (“Amou-nos”), sobre a espiritualidade e a devoção ao Coração de Jesus. É também publicado o primeiro relatório da Comissão de Proteção de Menores sobre os abusos sexuais na Igreja
dezembro
Início formal do Jubileu de 2025, com a abertura da porta santa da Basílica de São Pedro
2025
janeiro
A freira Simona Brambilla, 59 anos, nomeada prefeita do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, torna-se a primeira mulher à frente de um dos mais altos postos da Cúria Romana
abril
O Papa Francisco morre aos 88 anos em Roma, após doze anos como líder da Igreja Católica.