Vivemos hoje num mundo mais perigoso, mais incerto e vulnerável a maiores ameaças do que aquele em que estávamos quando, há oito anos, António Guterres foi eleito, por unanimidade, para secretário-geral das Nações Unidas ‒ um cargo justamente conhecido como “o emprego mais difícil do mundo”, conforme foi cunhado pelo seu primeiro ocupante, o norueguês Trygve Halvdan Lie, há quase oito décadas. A realidade é indesmentível: a mais e maiores guerras no Médio Oriente, na Ucrânia e no Sudão somam-se muitas outras tensões geopolíticas, de desfecho incerto. A democracia está em regressão, segundo os indicadores mais fiáveis, e as crises migratórias afetam todas as regiões, impulsionadas pela violência e a fome. A desigualdade económica continua a ser um rastilho que alimenta convulsões, fomentadas também pelos radicalismos ideológicos e religiosos. Ao crescente impacto das alterações climáticas na vida das populações soma-se agora a incerteza provocada pelas transformações que a massificação da Inteligência Artificial poderá provocar no mercado de trabalho. O pior, no entanto, não é esta singular acumulação de tantos riscos globais, mas sim o facto de existir muito menos vontade de cooperação entre países e regiões para enfrentar tão grandes ameaças, ou seja, a perceção crescente de que as Nações Unidas estão a falhar precisamente na missão fundamental para que foram criadas: a de garantir um mundo de paz e segurança, assente nos ideais da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

É verdade que, apesar das altas expetativas nele depositadas há oito anos, António Guterres não conseguiu mudar o mundo para melhor. No entanto, tem feito algo de que muito poucos podem dizer o mesmo: tem tentado mudar o mundo, tem insistindo, sempre que pode e em qualquer ocasião, nos alertas para os riscos, na denúncia dos atropelos e atrocidades, na defesa do diálogo, do multiculturalismo. Num tempo em que todos criticam, com excessiva facilidade, a organização criada sobre as ruínas da II Guerra Mundial, Guterres tem sabido ser fiel ao que é mais importante: os princípios basilares da Carta das Nações Unidas, o documento que tantos governos assinam, mas poucos respeitam, sempre prontos a beneficiarem com os interesses próprios em detrimento dos que deveriam ser universais.

É fácil atacar António Guterres, ao imputarem-lhe resultados que estão muito além das competências e limitações do seu cargo. E também se tornou moda, em certos círculos, criticar Guterres por ele apenas proferir frases bonitas e não as conseguir transformar em ação. No entanto, o que se pede a um secretário-geral das Nações Unidas é que ele consiga ser uma voz lúcida, esclarecida, sensata e justa para o mundo. Uma voz que saiba aliar a prudência com a neutralidade inerente ao cargo, e exercida de forma profissionalmente diplomática.

Nos tempos difíceis e tumultuosos em que vivemos, o secretário-geral das Nações Unidas tem de ser aquilo que Guterres demonstra: uma voz inspiradora e corajosa, comprometida com o respeito incondicional dos direitos humanos, em todas as vertentes e situações.

E isto não é coisa pouca. Num mundo em que, a uma velocidade estonteante, os líderes políticos mudam depressa de opinião ou alteram os seus argumentos, de acordo com as regras da popularidade, António Guterres tem sabido ser sempre insistente nos mesmos temas e princípios. Na batalha pela atenção das audiências globais, Guterres não cede à ditadura dos algoritmos ou às sondagens de opinião. Mesmo correndo o risco de ser mal interpretado ou considerado cansativo, ele fez da insistência na determinação das suas convicções a principal arma. E, nos dias que correm, essa é uma excecional virtude. Até porque os seus temas de eleição não mudaram desde o dia que tomou posse: o desafio climático, a necessidade de cooperação, a luta pela paz, o combate à desigualdade, a defesa da democracia.

Enquanto muitos desistem, Guterres tem sabido usar a sua voz como exemplo. Por isso, quando grande parte dos líderes mundiais começa a meter a agenda climática “na gaveta”, com receio da reação popular, Guterres não se tem calado a alertar o mundo para tudo o que ainda é preciso fazer para evitar, como sublinhou, já não o aquecimento global mas sim a era da “ebulição global”.

É verdade que o mundo ficou pior nestes anos. Mas também é verdade que, naquele cargo e neste tempo, dificilmente alguém poderia ter feito melhor. A incapacidade manifestada por Guterres para mudar o mundo é, na realidade, a prova provada de que as Nações Unidas precisam de uma reforma, de um Conselho de Segurança que reflita a realidade atual. E, enquanto isso não acontece, ainda bem que há uma voz que insiste em não se calar, na defesa do idealismo das Nações Unidas.

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Nascido em 1995, em Seia, numa pequena cidade no sopé da Serra da Estrela, o festival de cinema ambiental mais antigo do mundo chega à 30ª edição. Desta quinta, 10, até ao dia 18, com a Casa Municipal da Cultura como ponto central, o CineEco exibe 64 obras cinematográficas (entre documentários e ficção, curtas e longas-metragens) oriundas de 27 países, selecionadas a partir de 1500 filmes submetidos à competição.  

“É uma edição de consolidação da alteração que fizemos no ano passado: passámos a ser um festival exclusivamente de cinema ambiental [até então, incluía o audiovisual]. Queremos começar a fazer parte do itinerário dos festivais de cinema”, resume Cláudia Marques Santos, coprogramadora do festival juntamente com Tiago Alves e Daniel Oliveira.   

“O objetivo é aproximar públicos: o local e o que vem de fora, trazendo mais pessoas à região. Além disso, a temática ambiental, apesar de sobejamente conhecida, tem sempre perspetivas novas. Por exemplo, a América do Sul, que concorre com muitos filmes, traz sempre novos olhares sobre as ameaças aos rios ou à floresta, nomeadamente à Amazónia”, nota a coprogramadora.

Snow Leopard, o filme póstumo do realizador chinês Pema Tseden. Foto: DR

Da programação, de entrada gratuita, destaque para os filmes de abertura, A Pedra Sonha Dar Flor, de Rodrigo Areias (10 out, 21h30) em formato de cineconcerto com o músico Rui Souza (Dada Garbeck), e de encerramento, Energia Nuclear Já!, de Oliver Stone (18 out, 21h30). Além das sessões competitivas, há lugar para as Sessões de Clássicos: Ecos da Montanha e da Planície, com Trás-os-Montes (1976), de António Reis e Margarida Martins Cordeiro (13 out, 16h), e Cerromaior (1981), de Luís Filipe Rocha (17 out, 16h).

Com 36 filmes em competição, a seleção internacional inclui produções no Alasca, Nova Zelândia, México, EUA e Europa, como Among the Wolves, de Tanguy Dumortier e Olivier Larrey (França), Fauna, de Pau Faus (Espanha), Bottlemen, de Nemanja Vojinović (Sérvia), Gerlach, de Aliona van der Horst e Luuk Bouwman (Países Baixos) ou, pela primeira vez, do Tibete, com a exibição de Snow Leopard, o filme póstumo de Pema Tseden (1969-2023) que explora a relação simbiótica entre humanos e animais através da interação de um jovem tibetano e um leopardo-das-neves.

Na competição em língua portuguesa, além de 17 curtas-metragens, serão exibidas cinco longas: À Procura da Estrela, de Carlos Martínez-Peñalver Mas, Lindo, de Margarida Gramaxo, O Melhor dos Mundos, de Rita Nunes, Sem Coração, de Nara Normande e Tião, e De Longe Toda Serra é Azul, de Neto Borges.

“O Melhor dos Mundos”, de Rita Neves, um dos filmes de língua portuguesa em competição. Foto: DR

Mas o CineEco não se esgota na sala de cinema. Nesta edição, terá duas exposições: em Videoarte exibem-se dez filmes experimentais (em 10 televisores, em loop); e a coletiva O Estado da Água, resultado de uma residência artística durante um mês na Serra da Estrela. Conversas com público e realizadores (Conversas no Jardim), com estudantes do ensino superior e produtores da indústria cinematográfica (Encontros no Mercado), e workshop com escolas, fazem também parte da programação deste festival que há muito colocou a temática do ambiente no grande ecrã.

“Ao contrário dos grandes meios urbanos, forma-se ali uma pequena comunidade. As pessoas vão e querem voltar. É a melhor forma que temos para captar público”, salienta Cláudia Marques Santos, que acredita na tendência e na necessidade em “descentralizar” festivais de cinema ou de outras artes fora das grandes cidades. “As pessoas precisam cada vez mais de balões de oxigénio”, aponta.

CineEco – Festival Internacional de Cinema Ambiental da Serra da Estrela > 10-18 out > Casa Municipal da Cultura, Av. Luís de Camões, 484, Seia > T. 238 310 293 > programação completa aqui

O julgamento do processo BES/GES tem início marcado para 15 de outubro no Campus da Justiça, em Lisboa, e, ao contrário do que pretendia a defesa, face à evolução desfavorável da doença de Alzheimer que lhe foi diagnosticada, Ricardo Salgado não está dispensado de comparecer.

“O Tribunal considera curial tomar contacto com todos os arguidos e, bem assim, com o arguido Ricardo Salgado, designadamente para efeitos de proceder à sua identificação e de conhecer a sua vontade”, refere o despacho assinado pela juíza Helena Susano, na sequência do requerimento da defesa do antigo presidente do Banco Espírito Santo (BES).

No requerimento apresentado em tribunal, a defesa citou o relatório mais recente do médico que acompanha o antigo banqueiro, com data de 27 de setembro, sublinhando que Ricardo Salgado “não apresenta capacidade cognitiva para participar de forma competente em qualquer sessão judicial e que a simples presença física num ambiente de tribunal pode gerar um agravamento dos sintomas da doença”.

Frei Luís de Sousa é um drama com 180 anos que faz parte do programa da disciplina de Português do 11.º ano, e que já no tempo dos teus pais era estudada. Não te vamos mentir: esta obra, escrita para teatro por Almeida Garrett, nunca foi muito popular entre os jovens.

Na verdade, muitos acham que é uma grande seca, mas essa foi precisamente uma das razões por que Raquel Castro, a encenadora de TPC: Frei Luís de Sousaaa, decidiu escrever uma nova peça que tivesse como base o texto de Garrett.

Calma. A peça que estreia dia 10 de outubro no LU.Ca não é seca nenhuma, pelo contrário. E uma coisa é certa: nunca vais voltar a ouvir um resumo de Frei Luís de Sousa tão cómico como o de David, uma das personagens, que é o “palhaço” do grupo e adora fazer rir os colegas.

Garantimos que te vais divertir com este grupo de cinco adolescentes que têm de se juntar para fazer um trabalho de grupo para Português sobre Frei Luís de Sousa. A professora, para complicar, pede-lhes que, depois de estudarem a peça, respondam à pergunta “De que forma esta obra te toca?”. E pronto: está dado o mote para uma hora de teatro que passa a correr.

Tiago e Laura já foram namorados, mas estão zangados

A ação passa-se no quarto de Joana, onde os colegas se juntam para fazer o trabalho. Ela é um ás do powerpoint, por isso, faz todo o sentido que seja na casa. O pior é que a professora juntou no mesmo grupo a Laura e o Tiago, que eram namorados, mas já não são e estão muito zangados um com o outro. E, claro, isto vai dar faísca.

A certa altura, um dos adolescentes pergunta, aborrecido: “Porque é que temos de continuar a ler estes clássicos, se já passaram do prazo?” Contudo, à medida que vão lendo a peça e fazendo o trabalho, percebem que o texto de Almeida Garrett, apesar de já ter sido escrito há quase dois séculos, fala de assuntos que ainda hoje são importantes para nós, como o machismo, o patriotismo, o romantismo, a liberdade e a religião. Assuntos que ainda provocam muitas discussões entre as pessoas… E entre o grupo.

Olhar com os nossos olhos

“A nossa ideia foi trazer a peça [de Almeida Garrett] para os nossos dias e de a olhar com os olhos de hoje”, explica Raquel Castro, que escreveu o texto e o encenou. “E ao discutir a obra, estes cinco adolescentes usam-na para explicar as ideias que defendem.”

Raquel sabe que muitos alunos não gostam de estudar a peça, mas esse acabou por ser um grande desafio que acredita ter superado de uma forma “muito pouco clássica”.

Como este espetáculo tem sessões dirigidas às escolas, a encenadora convida os professores a trazer as suas turmas e espera poder ajudá-los a pensar em formas diferentes de trabalhar o texto com os seus alunos e “curar o trauma do Frei Luís de Sousa.”

Quanto aos alunos que vierem assistir ao espetáculo, Raquel espera que TPC: Frei Luís de Sousaaa lhes dê “vontade de voltar ao teatro.”

Teatro Lu.Ca, Calçada da Ajuda, 80, Lisboa. Uma produção da companhia Razões Pessoais. 10 a 27 de outubro, com sessões para escolas e famílias. Maiores de 12 anos. Mais informações:  15 939 107 ou bilheteira@lucateatroluisdecamoes.pt

Foram anunciados esta terça-feira, em South Kensington, os vencedores do concurso “Wildlife Photographer of the Year”, que premeia os melhores fotógrafos de Vida Selvagem de 2024.

Com a imagem “The Swarm of Life” – em português, o “Enxame de vida” – o fotojornalista canadiano Shane Gross foi o grande vencedor da 60ª edição do concurso, promovido pelo Museu de História Natural de Londres. Já Alexis Tinker-Tsavalas, da Alemanha, recebeu o prémio de Jovem Fotógrafo pela imagem “Life Under Dead Wood”.

Este ano a organização registou um número recorde de submissões, com 59 228 participações de 117 países. Entre as finalistas do concurso esteve uma fotografia tirada em Portugal. “Strength in Numbers”, de Theo Bosboom, foi captada na praia da Ursa, em Sintra, e recebeu uma Menção Honrosa na categoria “Animais no seu habitat”.

As 100 melhores fotografias vão estar expostas no Museu de História Natural de Londres, no Reino Unido, a partir desta sexta-feira, 11 de outubro.

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1. Re-Shoes

Foto: José Carlos Carvalho

Luís Pedro, 38 anos, passa muitas horas na oficina da Re-Shoes, e ainda assim tem cerca de 2800 pares de ténis para limpar. A fama do negócio de personalização, limpeza e restauro deste tipo de calçado traz-lhe clientela de vários lados, colecionadores como ele, ou não, que gostam de manter as peças imaculadas. Foi com o negócio de família, no ramo das lavandarias tradicionais, que ganhou o bichinho. Primeiro abriu uma lavandaria onde já fazia personalização e limpeza, para depois fundar a Re-Shoes. “Há vários tipos de clientes, os que protegem os ténis para manter o valor, os que os usaram e sujaram, ou quem comprou usado e quer higienizar”, explica. O processo demora oito dias e envolve várias etapas. Da lavagem e tratamento de camurças, à pintura e desoxidação, que volta a dar flexibilidade às solas de borracha. Na loja, onde também há um café, vendem-se ainda ténis recondicionados, modelos raros e vários packs que, além dos ténis, trazem objetos relacionados. Parque das Nações, Passeio Neptuno, 31 A, Lisboa > ter-sáb 10h-18h

4. Sed Sneakered

Apaixonado por ténis e colecionador, Tiago Pina lançou, em 2019, o canal Sed Sneakered no YouTube. “Fazia vídeos a falar sobre a minha coleção, contava a história dos modelos e mostrava-os. É daí que vem o nome, uma abreviatura de sneaker education”, conta. Primeiro, iniciou-se na venda online, em agosto concretizou o sonho de ter uma loja física onde, em exposição, tem dos modelos mais discretos aos mais extravagantes, caso dos Air Jordan 1 High Retro OG x Off-White UNC da Nike (o par mais caro de todos em loja, custa €3 000), ou os Nike SB Dunk Low x Travis Scott 2020 (“tudo o que é feito pelo artista está a valer muito dinheiro”). “Neste momento, 90 por cento da oferta são pares recondicionados, é isso que nos distingue. O mercado mudou muito, há quem já não esteja disposto a dar 400 euros por um par novo, se podem encontrar um usado, quase novo, a metade do preço. Percebi que havia esta lacuna e apostámos nisso.” Tiago é apaixonado pelos Air Max da Nike e modelos com temas asiáticos, mas trabalha com aquilo que os clientes mais procuram – na Sed Sneakered, são agora os Air Jordan 4. Av. Barbosa du Bocage, 126 A, Lisboa > seg-dom 11h-19h

3. Kolab

Rafael Benzinho, um dos sócios da Kolab. Foto: Luís Barra

É pouco comum ir-se às compras num espaço como este, no nono andar do hotel Tivoli Avenida Liberdade. No início, a Kolab de Rafael Benzinho, Tiago Fonseca e Francisco Tilli era para ficar um mês e só abria à noite, mas correu tão bem que mantém-se de porta aberta e estendeu o horário. Em separado, já se movimentavam na área: Rafael comprava os ténis online, usando um software que criou, e fornecia Tiago Fonseca que os vendia aos seus clientes; Francisco Tilli era o “homem dos contactos”, incluindo artistas e jogadores de futebol. Entre confortáveis sofás, encontram-se ténis da Nike, Adidas, New Balance, Yeezy, Asics ou Off-White, uma combinação de lançamentos exclusivos, colaborações e modelos recém-lançados, esgotados nas lojas oficiais. “Basta haver um reels viral com uns ténis para se refletir logo nos pedidos no dia seguinte”, conta Rafael. “Recebemos encomendas de ténis de 2015 ou mais antigos a que conseguimos chegar com os nossos contactos”, diz. Também vendem vestuário e acessórios de marcas como a Casablanca ou a Stussy, e recentemente abriram uma Kolab dedicada à limpeza e restauro. Tivoli Avenida Liberdade > Av. da Liberdade, 185, 9º, Lisboa > seg-dom 12h-1h > Kolab Clean > Av. das Forças Armadas, 51, Lisboa > ter-sáb 10h30-19h

4. SneakersBros

Foto: Luís Barra

As prateleiras mostram os Nike Dunk de várias cores, Adidas Handball Spezial em bombazina bordeaux, a cor da moda, além de outros modelos, todos novos e muito desejados. “É um nicho de mercado, regido pela lei da oferta e da procura”, diz Bernardo Silva, fundador da SneakersBros. Passaram quatro anos, desde que se iniciou na revenda deste tipo de ténis, primeiro no OLX, depois no Instagram e agora numa loja em Campolide. Bernardo passa muitas horas a tentar encontrar aquele par que meio mundo quer – por exemplo, os Adidas Samba Cardboard. “Quando não acharem em lado nenhum, encontram na SneakersBros”, garante Bernardo, que faz questão de enviar, a todos os clientes, um áudio a agradecer a compra. “O que nos distingue de outras lojas do mesmo género é o serviço de trocas com prazos alargados, envios gratuitos, disponibilidade para esclarecer dúvidas e encontrar o modelo de que se anda à procura.” R. Marquês de Fronteira, 82 A, Lisboa > seg-sex 11h-19h, sáb 11h-14h

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Conhecida, sobretudo, pelas suas características e potencialidades vitivinícolas, a região do Douro pretende posicionar-se de outra forma no espectro internacional. Por essa razão, a Comunidade Intermunicipal do Douro (CIM Douro) anunciou que a partir desta quarta-feira conta com um oficial de ligação em Bruxelas: a Magellan European Affairs Consultancy.

A CIM Douro reúne 19 municípios e representa cerca de 200 mil habitantes, 250 mil hectares de área e quer agora mostrar que a região é muito mais do que uma zona bonita onde se faz bom vinho e para onde se atrai Turismo de Qualidade. Concretamente, a CIM Douro quer posicionar a região como espaço privilegiado para o desenvolvimento de sistemas de cibersegurança e de aposta nas energias renováveis, o que permitirá um desenvolvimento mais transversal e sustentado de uma região que atravessa sérios problemas de desertificação e envelhecimento.

Segundo os responsáveis, essa foi a razão pela qual sentiram necessidade de ter uma presença mais efetiva na capital das decisões políticas e económicas europeias. À EXAME, o presidente da CIM Douro, Luis Reguengo Machado, autarca de Santa Marta de Penaguião, explicou a importância desta iniciativa, numa entrevista por email.

Apresentam o Douro como potencial espaço de cibersegurança: podem concretizar algum projeto, objetivo ou iniciativa já em curso?

O Douro, conhecido mundialmente pela sua tradição vitivinícola, também apresenta um grande potencial no campo da tecnologia, especialmente na área de cibersegurança. Esse potencial é suportado pelo crescimento da infraestrutura tecnológica da região, com a chegada do 5G, que oferece uma base robusta para operações tecnológicas avançadas. Além disso, a região proporciona duas vantagens essenciais para atrair investimentos: um custo de vida competitivo e uma qualidade de vida elevada, o que favorece empresas que procuram reduzir custos operacionais e oferecer um ambiente atrativo para seus colaboradores, especialmente aqueles em trabalho remoto ou híbrido. A região também conta com um ecossistema educacional forte, destacando-se a UTAD e a proximidade com a Universidade do Porto e do Minho, além da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Lamego, permitindo a formação e retenção de talentos em cibersegurança. Com ajuda destes parceiros pretendemos alavancar projetos na área da cibersegurança.

De que forma pode o Douro posicionar-se como exemplo a seguir, na vanguarda da sustentabilidade, tanto em termos de transportes como de outras atividades económicas? 

A tradição agrícola e vinícola do Douro já inclui práticas alinhadas à economia circular, aproveitando eficientemente recursos como a terra, a água e resíduos agrícolas. No entanto, a região está empenhada em implementar medidas que aumentem a sustentabilidade, atendendo às exigências das mudanças climáticas, avanços tecnológicos e demandas do mercado global. Isso inclui o desenvolvimento de projetos para a Valorização dos Resíduos da Vinicultura, como a produção de biocombustíveis e fertilizantes orgânicos, e a criação de cosméticos e suplementos alimentares à base de uva. Além disso, há um foco em melhorar os sistemas de irrigação, reutilizar a água de forma eficiente e adotar práticas de agricultura regenerativa para aumentar a biodiversidade e a qualidade dos solos. Esse caminho está a ser trilhado, mas fruto das alterações climáticas tem de ser agilizado com urgência.

O projeto Douro Inland Waterway, que envolve vários municípios da CIM Douro, [e que concretiza a aposta nos transportes sustentáveis] visa melhorar a segurança, os sistemas de comunicação e de informação, e a navegação no rio Douro. Além disso, procura criar condições que facilitem o uso do rio como via de transporte, tanto para empresas de turismo que queiram expandir as suas frotas quanto para outras empresas, como as de transporte de mercadorias que ainda não utilizam o rio. A iniciativa foca-se também em implementar sistemas de transporte que reduzam emissões de carbono, promovendo uma mobilidade mais eficiente e aliviando a pressão sobre a infraestrutura rodoviária da região. Este projeto faz parte de um esforço mais amplo para garantir um futuro sustentável para o Douro.

A região tem sido uma das mais penalizadas em termos de desertificação: que iniciativas e projetos estão a ser pensados para voltar a tornar as atividades agrícolas – extremamente relevantes para a economia local – atrativas?

A questão demográfica é um desafio central para o Douro e outras regiões de baixa densidade populacional. Para combater esse problema não podemos continuar a utilizar processos passivos do passado. Porque se queremos pessoas temos de criar emprego e para criar emprego só existe uma via: atrair investimento. Neste domínio, a CIM Douro tem em preparação a agência de atração de investimento que, em sintonia com esta representação permanente junto da união europeia, ajudará a alavancar o investimento externo no Douro e a diversificá-lo, saindo da presente dicotomia: Vinho / Turismo.

Quais consideram ser as ações prioritárias para voltar a colocar o Douro na mira dos jovens que podem garantir o futuro da região?

Para atrair jovens para o Douro, é fundamental criar um ambiente que favoreça o empreendedorismo, a inovação e a qualidade de vida, integrando os polos de conhecimento e investigação da região. A presença da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), com destaque no Top 100 de Universidades mais sustentáveis do mundo e o seu eco-campus, bem como o Instituto Politécnico de Viseu (IPV) e a Escola de Hotelaria e Turismo do Douro-Lamego, proporcionam formação de excelência e atraem talento nacional e internacional. Esses centros educativos fornecem recursos humanos altamente qualificados, fundamentais para setores como a vinicultura, a agroindústria e outras indústrias modernas com elevado grau de inovação. A região beneficia ainda de uma atualização tecnológica que impulsiona uma nova economia, apoiada em setores de elevada intensidade tecnológica e na valorização dos recursos locais. A implementação de programas tecnológicos, aliada ao desenvolvimento de startups e à digitalização de negócios tradicionais, contribui para criar um ambiente propício ao empreendedorismo, permitindo fixar jovens qualificados que desejam conciliar carreira e qualidade de vida no Douro.

Como surge a ideia de ter presença em Bruxelas e porquê? Quais os principais objetivos desta decisão?

A presença em Bruxelas permite monitorizar mudanças nas políticas europeias, antecipar impactos e influenciar decisões. Isso inclui identificar oportunidades, estabelecer relações institucionais, atrair projetos piloto e integrar a região em grandes redes e iniciativas europeias. Com essa estratégia, a CIM Douro procura diversificar o investimento na região, promovendo áreas além do vinho e do turismo. No mesmo sentido, permitirá à CIM Douro acompanhar de perto as políticas e regulamentos europeus que afetam diretamente a região, possibilitando um diálogo estruturado com as instituições europeias. No curto prazo, serão priorizadas ações como a identificação de oportunidades de financiamento e cooperação para o Douro, o fortalecimento das relações institucionais com parceiros europeus e a participação em projetos de mobilidade, digitalização e sustentabilidade. Estes passos visam posicionar o Douro como uma região inovadora e integrada nas agendas europeias de desenvolvimento.

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Para nós, são como elementos da família, de quem gostamos muito e que, todos os dias, nos oferecem inúmeros motivos de alegria sem pedir nada em troca. Como tal, o mínimo que podemos fazer é garantir que cuidamos dos nossos animais de companhia da melhor forma possível. E isso inclui, claro, a alimentação que lhes oferecemos.

Será que é de qualidade e adequada às suas reais necessidades? Thierry Correia, médico veterinário e especialista em nutrição da Royal Canin, partilha algumas dicas sobre como fazer as melhores escolhas.

5 questões fundamentais

Tal como acontece com a nossa própria alimentação, também a nutrição animal está repleta de mitos e conceitos errados. Isto acaba por gerar alguma confusão sobre o que é, afinal, uma dieta equilibrada e que contribua para a saúde dos nossos animais de companhia.

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Fundada há mais de 50 anos pelo veterinário francês Jean Cathary, a Royal Canin, empresa de referência em saúde através da nutrição para gatos e cães, trabalha cada dia para oferecer clareza e conhecimento científico precisamente nesta área, ajudando a compreender a importância dos nutrientes essenciais na dieta dos nossos animais de companhia. Assim, Thierry Correia aponta cinco questões fundamentais a colocar antes de escolher o alimento dos nossos animais de companhia.


#1: O alimento é adequado às necessidades do seu animal?

Para garantir uma alimentação equilibrada e adequada ao seu animal de companhia é essencial recorrer a um médico veterinário, para que este identifique as necessidades nutricionais específicas, e recomende o alimento que fornece os nutrientes necessários com a melhor qualidade e nas quantidades certas.

Para tal, serão tidos em atenção alguns aspetos, tais como a raça ou o tamanho, a idade e o estado de saúde do animal. É fácil entender que um cão pequeno não tem as mesmas necessidades que um cão de grande porte, e que um cachorro é diferente de um cão de 12 anos.

Por outro lado, é importante que os alimentos sejam formulados por especialistas em nutrição, garantindo que cumprem as necessidades nutricionais específicas para gatos e cães definidas pelos organismos veterinários oficiais, algo que a Royal Canin observa escrupulosamente nos seus processos.


#2: É nutritiva?


Não basta seguir o rótulo que vem na embalagem. Deve, sim, procurar mais informação sobre os nutrientes que compõem o alimento e sobre os critérios de formulação aplicados.

Na verdade, ouve-se falar com frequência de nutrientes e ingredientes, mas nem sempre se sabe bem qual é a diferença entre os dois. Segundo Thierry Correia, “nutrientes e ingredientes são coisas distintas e é importante saber a que é que cada um se refere. Os ingredientes são veículos de nutrientes e os animais precisam de nutrientes e não de ingredientes específicos”.

Entre os nutrientes essenciais que apoiam as funções vitais dos nossos amigos de quatro patas encontram-se as proteínas, as vitaminas, os sais minerais, os ácidos gordos e os hidratos de carbono.


#3: É segura?


A escolha do alimento certo vai além da simples percentagem de nutrientes. Mas é também importante avaliar a sua qualidade e segurança, incluindo os métodos de fabrico e de controlo de qualidade, verificando se o alimento satisfaz as necessidades específicas de cada animal.

“Como especialista, é crucial para mim que um alimento para o seu cachorro seja validado por médicos veterinários e nutricionistas na formulação de dietas, para que as fórmulas não só satisfaçam as expectativas nutricionais e de saúde dos animais, mas também as excedam”, refere Thierry Correia.

Compromisso com a saúde animal

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Royal Canin leva muito a sério o seu compromisso com a saúde animal, bem como a sustentabilidade, através da investigação contínua, da inovação e de um rigoroso controlo de qualidade – faz mais de 500 mil controlos por ano de matérias primas e produtos finais!



#4: Como saber a porção certa?

É importante verificar a porção diária e adaptá-la às necessidades calóricas do seu companheiro. Para isso, é muito simples: procure pesar diariamente a quantidade que serve para não exagerar. Isto é relevante, uma vez que 1 em cada 2 animais tem excesso de peso ou é obeso, com todos os efeitos negativos que isso implica na sua qualidade e esperança de vida.

Nem sempre é fácil recusar uma guloseima aos nossos animais de companhia, mas tenha cuidado com a frequência com que as oferece!


#5: Qual a prática de exercício do seu animal de estimação?

Também o estilo de vida dos nossos companheiros de quatro patas influencia a escolha da porção diária e do tipo de alimento que deve escolher. Cada animal tem o seu próprio ritmo: há os que nos acompanham em grandes caminhadas, os que são mais pachorrentos e que gostam mais do sofá, os que adoram correr…

A prática de exercício físico deve ser diária e adequada à condição de cada animal. Mas lembre-se: brincar também é um ótimo exercício!

Mesmo assim, o segredo de um animal de companhia saudável vem sempre de uma alimentação equilibrada. Não se esqueça que pode encontrar os alimentos da Royal Canin em lojas especializadas em alimentação animal, clínicas e hospitais veterinários em todo o mundo. Os seus amigos de quatro patas vão agradecer-lhe.

Os ciberataques deverão custar às organizações e empresas quase 10 mil milhões de euros no decorrer de todo o ano de 2024, segundo uma análise da equipa de cibersegurança da NTT Data. O relatório, que avalia as ciberameaças globais, revela um cenário alarmante de crescimento das ameaças de segurança informática, especialmente na Europa. 

Por exemplo, entre o primeiro semestre de 2023 e o final do primeiro semestre de 2024, a utilização de inteligência artificial generativa (GenAI) em ciberataques aumentou cerca de 600%. Esta evolução está a permitir que os cibercriminosos desenvolvam ferramentas mais sofisticadas para realizar ataques, colocando em risco a segurança das organizações. 

De acordo com a NTT Data, espera-se que o número de ciberataques aumente 39% no segundo semestre de 2024, duplicando os valores do ano anterior.

Impacto na Europa 

A Europa foi particularmente afetada, registando um aumento anual de 64% nos ciberataques. Este crescimento é atribuído à elevada digitalização da administração pública, que torna as organizações mais visíveis e, consequentemente, mais vulneráveis. Os setores que mais têm sofrido ataques incluem o setor público, serviços, tecnologia e retalho, à medida que registam igualmente um aumento significativo no número de utilizadores online. 

Mauro Almeida, responsável de cibersegurança da NTT Data Portugal, afirma em comunicado que “o ritmo da digitalização está a ultrapassar significativamente a capacidade de proteção, o que pode afetar atividades essenciais para a sociedade e paralisar uma parte fundamental da atividade socioeconómica.” O diretor destaca ainda a necessidade das organizações tirarem partido das tecnologias emergentes, não apenas como um meio para protegerem-se, mas também como ferramentas que podem ser utilizadas para fortalecer a segurança digital. 

A evolução da cibersegurança 

A ascensão da GenAI está a alterar profundamente o panorama da cibersegurança. Os cibercriminosos estão a utilizar esta tecnologia não apenas para desenvolver malware, mas também para realizar ataques de engenharia social, como o roubo de identidade e a disseminação de desinformação. A capacidade da GenAI de violar processos padrão de segurança, como os CAPTCHAs, representa um novo desafio para as organizações que lutam contra estas ameaças perigosas. 

Além disso, um outro relatório da Allianz Commercial revela que a frequência e a gravidade dos sinistros cibernéticos estão a aumentar. No primeiro semestre de 2024, a seguradora registou um crescimento de 14% no número de crimes de grande dimensão (ou seja, que provocaram um impacto financeiro superior a um milhão de euros) e de 17% na gravidade dos mesmo, com a maioria destes casos associados a violações de dados e questões de privacidade. Michael Daum, diretor global de Sinistros Cibernéticos da Allianz, observa que as mudanças nas táticas de ataque, particularmente os casos de ransomware, estão a intensificar a gravidade das perdas. 

A combinação das análises da NTT DATA e da Allianz Commercial mostram um quadro crescente de ameaças informáticas.