Pode exigir-se a um imigrante hindustânico, ou de qualquer outra parte da Ásia, acabado de aterrar em Portugal, que passe a comer bacalhau com grão, que celebre o Natal, que se ponha a cantarolar um fado ou que vá a uma tourada? E se não fizer, estará ele a desrespeitar a nossa cultura e o nosso modo de vida? Mas como, se há tantos portugueses de gema que querem acabar com as touradas, que detestam fado, que não ligam ao Natal ou que não suportam bacalhau?…

Quando Pedro Nuno Santos diz, numa entrevista ao Expresso, que os imigrantes devem respeitar a nossa cultura e o nosso modo de vida, quer dizer o quê? Que não devem cozinhar o kebab, que não devem cumprir o Ramadão, que deixem de celebrar o Ano Novo Chinês ou que têm de usar o biquíni, nas nossas praias?

Aonde nos leva este tipo de discurso?

É verdade que não devemos tomar títulos gordos pelo contexto geral de uma entrevista. Lida esta, o líder do PS expõe, aparentemente, um conjunto de frases sensatas, ou, pelo menos, de “senso comum”, o que pode não querer dizer bem a mesma coisa… Evidentemente que o respeito pela nossa cultura e pelo nosso modo de vida significa apenas isto: respeitar estes valores é não quererem impor-nos outros. No entanto, esta postura exige reciprocidade: os portugueses também devem respeitar os valores dos que vêm de fora, como devia ter acrescentado o líder do PS. Integrá-los não significa aculturá-los, mas aceitar que pratiquem, entre nós, os seus costumes, desde que estes não violem a lei. Por seu turno, os imigrantes hindustânicos, ou outros, muçulmanos ou hindus, não podem manifestar-se ofendidos por verem as mulheres portuguesas de biquíni na praia; nem têm nada que criticar os nossos hábitos gastronómicos, como o da ingestão de carne de porco ou de vaca; nem devem insurgir-se contra a celebração do Natal. Onde está, então, a fronteira entre o que apenas deve ser respeitado e o que, mais do que isso, deve ser praticado? Já atrás o referimos: na lei. Pedro Nuno Santos faz, portanto, uma lamentável confusão entre o respeito pelo nosso modo de vida e o cumprimento da lei. Mesmo quando, com boas intenções, dá como exemplo o respeito pelos direitos das mulheres – talvez para que, com esta nuance dita “progressista”, não confundam o seu discurso com o da extrema-direita. O exemplo é infeliz, porém: um país com os altos índices de violência doméstica sobre as mulheres, incluindo o assassínio, por maridos, namorados ou companheiros, de dezenas delas por ano, não pode dizer que entre os seus “valores culturais” e o “seu modo de vida” esteja o respeito pelos direitos das mulheres. Mais uma vez, não é a cultura nem os costumes que os garantem, mas a lei portuguesa. Por exemplo, qualquer muçulmana é livre de usar o hijab ou mesmo uma burca: um Estado que não seja totalitário não deve interferir nem nas crenças religiosas nem nos gostos de vestuário. Mas o caso muda de figura se for o marido, o irmão ou o imã a exigir-lhe que se vista assim, cometendo, com isso, violência doméstica por coação. E nenhum preceito religioso pode justificar, por exemplo, a excisão feminina. Ponto.

O respeito recíproco pelos “valores culturais” ou pelos “modos de vida” significa apenas isto: live and let live. Uma verdade de La Palice que não precisa de ser vincada, por um político sénior, numa importante entrevista, exceto quando, por detrás da ênfase, se encontra uma intenção escondida. (Por exemplo, a de piscar o olho a um eleitorado que, mesmo que vote, tradicionalmente, à esquerda, começa a ficar contaminado pelas narrativas sobre imigração e segurança, uma agenda artificialmente imposta por determinadas forças políticas, e sem nada que o justifique). Veja-se, a propósito, o relatório desta semana sobre a criminalidade na cidade de Lisboa, que demonstra como ela desceu nos últimos anos, em especial, em 2024… De caminho, os jornalistas seguem essa agenda, fazendo do tema o principal assunto das entrevistas a políticos, fechando um círculo vicioso de onde é difícil escapar.

Apostaríamos que Pedro Nuno Santos já comprou, numa ou noutra ocasião, fantasias de Halloween para o seu filho de 7 anos. Provavelmente, nem por um momento lhe passou pela cabeça que a celebração do Halloween é uma importação cultural, imposta, sub-repticiamente, pelo soft power capitalista (aliás, tal como o São Valentim), em “desrespeito” – se quisermos caricaturar, claro! – pelos “nossos valores culturais” ou o “nosso modo de vida”. Como se constata, é tudo uma questão de… perceção.

Golpe de vista

Casos e casões

A demissão do secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território, Hernâni Dias, era o mínimo que se esperava de alguém que, além de investigado pela Procuradoria Europeia por um caso enquanto autarca, constituiu duas empresas do ramo imobiliário, já depois de ser governante, e quando tinha sob sua alçada política o diploma da nova e polémica lei dos solos e, portanto, informação privilegiada. Entetanto, a lei está aprovada, ele está fora do Governo e, portanto, fica livre para fazer os seus negócios. Tudo está bem quando acaba mal.

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Palavras-chave:

Um relatório provisório da Polícia de Segurança Pública, divulgado na terça-feira, mostra que a criminalidade geral em Lisboa diminuiu 12,6% em 2024. Numa década, foi o terceiro ano com menor número de crimes na capital portuguesa, estando apenas atrás dos dois anos da pandemia (2020 e 2021), quando fomos todos mandados para casa. Também a criminalidade violenta registou uma descida de 10,4%.

De facto, o crime do qual os lisboetas mais se queixam é o de burla informática. Não é, no entanto, chocante o suficiente para alimentar o País dos canais televisivos de notícias 24 sobre 24 horas. A forma como estes se têm multiplicado nos últimos anos causa espanto neste Portugal que nunca foi dado a leituras de jornal. Historicamente estivemos sempre na cauda da União Europeia a esse respeito.

Voltando ao crime. No início de janeiro, a Polícia Judiciária revelou que houve, em 2024 e para o total do País, 112 homicídios dolosos. É um número superior à média da década, que foi de 93,4, sendo que a década, lá está, inclui os anos de reclusão pandémica. É, por outro lado, um número inferior à média da década anterior (2004/2013), que rondava os 150 homicídios por ano. E antes disso, na viragem do século, tivemos anos tenebrosos, com a média a chegar aos 346,5.

Entre os homicídios de 2024, houve ainda outro dado significativo: em 93% dos casos, o agressor conhecia a vítima. Eram familiares, vizinhos, homens que mataram as suas mulheres… A violência homicida aleatória, em caso de assaltos ou conflitos entre gangues, é residual.

Porque temos tanto medo, então?

“Em países com taxas de homicídio muito baixas, como em Portugal e de um modo geral na União Europeia, o sentimento de insegurança aparece mais associado à criminalidade de rua, furtos e roubos, e formas de incivilidades mais ou menos graves, ou de desacatos sociais, do que propriamente ao homicídio. Embora seja de referir que a divulgação repetida pelas televisões de cenas de crimes de homicídio, particularmente nos casos mais graves, possa aumentar a perceção de insegurança”, referiu Nelson Lourenço, presidente do Grupo de Reflexão sobre Estratégia e Segurança, ao Diário de Notícias, colocando o dedo na ferida.

A insegurança é televisionada, em loop, em casa, nos cafés, nas salas de espera dos consultórios. E no discurso político, obviamente, numa manipulação grosseira de um dos nossos instintos mais básicos.

O jogo do medo deixa-nos permeáveis ao discurso que se segue: o de que existe uma ameaça bem identificada, a imigração, fenómeno que, embora tenha tido um grande aumento nos últimos anos, não se vê refletido nos números do crime em Portugal porque simplesmente uma coisa não tem nada a ver com a outra.

Disse o diretor nacional da Polícia Judiciária, Luís Neves: “Há 120 pessoas de outros países que estão presas num universo de mais de dez mil.” Mais: ​“Temos hoje vários canais de televisão que passam uma e outra vez aquilo que é notícia de um crime, o que vem criar uma ideia de insegurança que não tem a ver com a insegurança plena do crime” realmente existente.

Audiências alimentadas pela sede do espetáculo e a toque do medo. E estes tempos perigosos, com a democracia assombrada pelos populismos, mereciam mais discernimento.

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Palavras-chave:

Pedro Nuno Santos quis dar uma entrevista sobre imigração. Fez bem. É um tema importante para um país que recebeu tanta gente em tão curto espaço de tempo. Todos os seus contornos têm de ser alvo de debate público, é uma realidade com que vamos ter de conviver como comunidade agora e no futuro. Uma alteração no nosso quadro social desta dimensão não pode ser ignorada. Não olhar para o fenómeno de frente é abrir espaço para preconceitos ou moralismos bacocos.

Esperava-se, portanto, uma análise cuidada e propostas sérias e fundamentadas. Talvez reforço do ensino do Português para os imigrantes e seus filhos, promover a vinda das famílias, formação específica para uma melhor integração, centros para encaminhamento profissional e mais umas quantas que, com certeza, os especialistas dos socialistas saberão.

Afinal, o líder do PS limitou-se a umas considerações pouco rigorosas sobre o passado recente, a enunciar pregões próprios de uma direita serôdia (para não dizer extremada) e a trocar o património político PS por um prato de lentilhas que nem oportunistas chegam a ser.

Pouco importa lembrar o que o próprio disse em pleno Parlamento sobre o fim da manifestação de interesse ou que tenha mandado às malvas tudo o que defendeu como membro do governo e já líder da oposição. Mudou de ideias, nada mais legítimo.

Aguarda-se, já que não a disse, a proposta dos socialistas.

Convém recordar, ao contrário do que disse o governante dos últimos governos, que o instituto da manifestação de interesse não era nenhum decreto de escancaramento de portas nem tinha o tal efeito de chamada.

As pessoas teriam autorização de residência se cumprissem certos requisitos e mostrassem que tinham contrato de trabalho.

E não houve nenhum efeito de chamada, os imigrantes foram, sim, chamados. Foram as nossas empresas que precisavam de mão de obra para o crescimento económico que existiu e existe e que não a encontravam dentro das nossas fronteiras. Não foram chamados, mas ainda bem que vieram para trabalhar, para equilibrar a nossa Segurança Social e para nos equilibrar demograficamente e é fundamental que continuem a vir – agora pagamos com discursos xenófobos e velhacarias. Aliás, onde está o problema dessa suposta chamada se o nosso desemprego é residual e as empresas continuam a queixar-se de falta de gente para trabalhar?

Quem será o tonto que ainda acredita que um empresário que necessita de meia dúzia de empregados para a sua exploração agrícola ou para o seu restaurante se vai dirigir ao consulado do Paquistão para ver se alguém quer vir para Vila Real ou Portimão trabalhar? Mas será que ninguém conhece os nossos consulados e o que custaria prepará-los para este tipo de funções? E quanta mais burocracia os empresários têm de aguentar?

Pronto, aguardemos pela solução socialista. Esperemos que não parta de pressupostos como os que Pedro Nuno Santos utilizou para analisar a crise da habitação, culpando em larga medida a vinda dos imigrantes por ela. Alguém diga ao ex-ministro responsável pela pasta o que (não) tem sido a construção pública, a especulação, a burocracia para construir, a pressão da indústria turística e mais uns etcéteras.

O mais surpreendente da entrevista foi o espantoso discorrer sobre a nossa cultura e os nossos valores que os imigrantes têm de respeitar.

De que raio estaria Pedro Nuno a falar? Presumo que estivesse a falar de direitos e deveres. Espero que não estivesse a querer obrigar quem imigra para Portugal a gostar de futebol e não de cricket, que passe a apreciar cozido à portuguesa e desista da cachupa ou de caril ou que deixe de frequentar a mesquita ou a sinagoga.

No mesmo sentido, este português não partilha valores com o juiz que achava que as mulheres não deviam provocar o macho luso nas suas pastagens, com os inúmeros praticantes duma espécie de desporto nacional que é a violência contra as mulheres, nem com os padres praticantes de pedofilia. Será que não mereço a nacionalidade?

E sejamos justos, não creio que Pedro Nuno Santos também partilhe valores com a Rita Matias ou se sinta culturalmente próximo da irmã Lúcia.

Convém recordar que o respeito pelos direitos humanos e pelas mulheres é muitíssimo recente na História deste país. Lembremos apenas o que eram os direitos das mulheres até à reforma do Código Civil em 1977 (para não ir mais longe) ou o respeito pelos direitos humanos até 1974.

Nós, em democracia, resolvemos a questão de definir quais os valores fundamentais e o que para nós é inegociável e assim consagramo-los na nossa Constituição da República. Destaco um artigo: o 13º. É sempre importante ir lê-lo, mas avanço que fala de igualdade perante a lei e da impossibilidade de discriminação em função de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual.

Ouvi dizer que esta coisa de estar a pensar numa nova política de imigração e a conversa dos valores e da cultura eram um recentramento de Pedro Nuno Santos. Não me parece. É, sim, uma ignorância total sobre o que é viver em democracia, o que é a coexistência de pessoas numa comunidade e o valor da Constituição e da lei. Como sei que Pedro Nuno é um democrata, não posso dizer que é um fã de regimes autoritários, mas é nesses que se impõem formas de pensar, de agir e até de nos relacionarmos com entidades celestiais.

Insisto, não é recentramento nenhum, é só errado. Mas se formos por essas fórmulas gastas, é, sim, uma viragem para uma direita extremada, a das tradições conservadoras, a do fado, futebol e Fátima como espécie de modelo cultural. Aprecio muito os dois primeiros, bem como muita gente que não nasceu cá e mal fala a minha língua, como sei de muitos patrícios que odeiam bola e fado.

Pouco importa que ache que com este discurso fica mais bem-visto pelos autarcas socialistas ou que pense que com estas barbaridades pode roubar votos ao Chega ou a quem quer que seja. Não interessa. Tenha chegado a estas convicções agora, estivessem escondidas, seja apenas por mero oportunismo, não são com certeza próprias de um social-democrata, nem de um líder do Partido Socialista de Soares, Sampaio e Guterres.

Mais, se Montenegro, nesta área, tem amplificado as teses do Chega, Pedro Nuno legitima-as de uma forma que nem nos seus melhores sonhos Ventura podia esperar.

O líder do PS fez o verdadeiro toque de Midas ao contrário: não conquistou um único eleitor que se revê nas ideias de extrema-direita sobre imigração e perdeu muita gente que, apesar de todos os erros, ainda o achava um abrigo de decência. Sendo isso o menos, não deixa de ser obra.

Pedro Nuno Santos é o funcionário do mês do projeto Chega. No mês passado foi Montenegro, mas o líder do PS consegui suplantá-lo.

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Ora muito bom dia. Não tenho lata para lhe recomendar que leia esta newsletter ao som do maior êxito de Alejandro Sanz, mas é assim que estou – a ouvi-lo em loop, enquanto escrevo.

E, não, não o faço para poder chegar aqui e confessar que um dos meus guilty pleasures é ouvir canções pirosas em espanhol. Quem me conhece sabe que então escolheria as burbujas de amor de Juan Luis Guerra, ainda melhores para ouvir numa repetição potencialmente infinda.

A culpa de eu estar a começar a última quinta-feira de janeiro a ouvir ¿Quién llenará de primaveras este enero /Y bajará la luna para que juguemos? /Dime, si tú te vas, dime cariño mío /¿Quién me va a curar el corazón partió? é do jornalista do El País Manuel Ansede, que antes de estudar Ciências de Comunicação para poder dedicar-se a escrever sobre temas de Ciência foi veterinário.

[Esta graça de ele ter sido médico de animais é só um parêntesis na vida de um homem que provavelmente já sofreu um desgosto de amor e que de certeza sabe o que é a síndrome do coração partido, que a minha amiga Clara Soares já explicou tão bem na VISÃO.]

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1 – “Nada une tão fortemente como o ódio – nem o amor, nem a amizade, nem a admiração.” A velha frase do escritor russo Anton Chekhov nunca esteve tão atual como nestes tempos de irracionalidade à solta em que vivemos. Tempos em que o ódio, alimentado pelo desvario das redes sociais e utilizado como combustível por políticos populistas, é usado até à exaustão para transformar qualquer debate num campo de batalha. Com as consequências que se conhecem: qualquer ataque mais violento ajuda sempre a cerrar fileiras de um lado e, em simultâneo, desencadeia uma resposta igualmente agressiva do adversário, numa espiral que rapidamente fica fora de controlo.

O ódio aos imigrantes é hoje o combustível que anima os partidos extremistas de direita um pouco por todo o mundo. E fizeram-no tão insistentemente e com base em tanta desinformação que, aos poucos, acabaram por conseguir torná-lo um tema central no debate político, na maior parte dos casos pelas piores razões, sem que existissem factos que o justificassem.

A realidade acaba, no entanto, por se sobrepor sempre às perceções. Dentro de poucos anos, Portugal vai entrar numa nova era de grandes obras públicas e, portanto, há uma pergunta que se impõe: alguém pensa que o novo Aeroporto Internacional de Lisboa vai ser construído dispensando a mão de obra imigrante? E a pergunta pode ser repetida também para a construção das novas linhas de alta velocidade Lisboa-Madrid e Lisboa-Porto-Vigo. Além da terceira travessia sobre o Tejo. Se outros motivos não existissem (e existem tantos!), só estes chegariam para demonstrar como a imigração deve ser analisada no âmbito de uma estratégia nacional, alicerçada nos valores do País e no seu desenvolvimento económico e social. Onde o ódio não pode entrar.

2 – De tempos a tempos, a sustentabilidade da Segurança Social é posta em causa. Mesmo, como é o caso, quando o sistema até apresenta resultados animadores, graças ao quase pleno emprego e às contribuições da população imigrante. A demografia exige, no entanto, que se encare o futuro com cautelas. Até porque há uma espécie de bomba-relógio que não pode ser ignorada: estão a chegar agora à idade legal de reforma (atualmente nos 66 anos e sete meses) todos aqueles que nasceram no final da década de 1950 e no início da de 1960 – quando havia, de forma consistente, mais de 210 mil novos bebés por ano (hoje são cerca de 84 mil). Ou seja, como se começa já a assistir em muitas profissões, há setores onde vamos começar a assistir à saída de mais profissionais do mercado de trabalho do que aqueles que entram.

Qualquer discussão sobre a sustentabilidade da Segurança Social devia incluir, por isso, uma reflexão aprofundada sobre as estratégias de emprego, e não apenas sobre as contas públicas. Até porque há uma pergunta de resposta difícil: quantos licenciados em início de carreira serão necessários para pagar a reforma de um licenciado que se aposenta no topo da carreira? O problema das reformas, se calhar, é um dos vários em Portugal relacionados com os baixos salários.

3 – Uma pequena empresa chinesa, desconhecida da maioria dos mortais até há poucos dias, conseguiu, num ápice, abalar aquilo que parecia uma certeza inabalável: a de que os EUA eram líderes incontestados da Inteligência Artificial e que, por essa via, estavam prontos a dominar o mundo. O espetáculo dos líderes das empresas tecnológicas americanas, que são em simultâneo os homens mais ricos do mundo, na cerimónia de tomada de posse de Donald Trump foi visto, aliás, como a encenação perfeita para projetar essa imagem. Afinal, o êxito imediato da DeepSeek, que conseguiu melhores resultados do que as gigantes americanas com muito menos dinheiro envolvido, levanta agora uma outra hipótese sobre a união repentina de Musk, Bezos e Zuckerberg com Trump: a de que os EUA precisam mesmo de se unir para resistirem ao avanço da China, o país que, atualmente, forma mais engenheiros, técnicos e cientistas por ano. Mas fica também outra pergunta, em busca de resposta: o financiamento milionário das gigantes tecnológicas tem servido para desenvolver novas tecnologias ou apenas para deixar os mais ricos… ainda mais ricos?

4 – Escrevo esta página, como habitualmente à terça-feira, mas desta vez na véspera de um momento que pode ser decisivo para a VISÃO: a reunião da assembleia de credores que vai analisar o processo de insolvência da Trust in News, empresa proprietária da revista, cujas dificuldades financeiras se tornaram públicas ao longo do último ano. Não faço a mais pequena ideia do que poderá ser decidido nessa assembleia, cujo resultado já será conhecido quando esta edição chegar às mãos dos leitores. Sei, no entanto, que apesar desta inquietação, a VISÃO continua a merecer a confiança de milhares de leitores e a ser escrita, fotografada e paginada (em papel, no online e em várias extensões de marca) por uma redação que não vacila nos seus princípios de jornalismo rigoroso, atrativo e de qualidade. Foi essa confiança, manifestada de múltiplas formas, que nos animou nos tempos difíceis. E é essa confiança a única certeza que temos para o futuro – qualquer que seja.

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Palavras-chave:

A estrela HD 20794 assemelha-se ao nosso Sol, tem uma massa ligeiramente menor do que este e localiza-se a 20 anos-luz da Terra. Foi nesta região que investigadores do Instituto de Astrofisica de Canarias (IAC) e da Universidad de La Laguna descobriram um novo planeta, uma super-Terra. Este é o terceiro planeta a ser descoberto naquela região, ao fim de mais de 20 anos de estudos e observações.

O novo planeta, HD 20794 d, tem uma massa seis vezes superior à da Terra e demora 647 dias a completar uma órbita à sua estrela, menos 40 dias do que Marte demora a contornar o Sol. Ao estar na zona habitável, os cientistas determinam que tem condições para ter água no estado líquido à superfície, um dos ingredientes essenciais para haver vida como a conhecemos.

“Este é o tipo perfeito de planeta para caracterizar atmosferas terrestres com instrumentos de próxima geração e missões”, afirma Nicola Nari, da Lightbridge S.L. e aluno da Universidade de La Laguna num estudo publicado na Astronomy & Astrophysics. A combinação destas características com a distância à estrela e a proximidade fazem com que este planeta seja um alvo apetecível para mais observações com o telescópio ELT do Observatório Europeu e mesmo para missões da ESA ou da NASA.

A descoberta foi possível graças às medições feitas como ESPRESSO e o HARPS, espectrógrafos do Observatório localizado no Chile e que são capazes de medir pequenas variações na velocidade estelar provocadas pela atração gravitacional de planetas. “Muito poucos instrumentos conseguem ter o nível de precisão para uma descoberta como esta”, admite Nari. Depois, a equipa aplicou técnicas sofisticadas de processamento: “trabalhámos na análise de dados durante anos, analisando e eliminando gradualmente todas as possíveis fontes de contaminação”, descreve Michael Cretignier, co-autor do estudo. A análise revelou a presença de um candidato em 2022 e foi lançada uma campanha de observação para o confirmar, tendo produzido resultados ao fim de dois anos para uma “deteção robusta”.

Nesta fase ainda é cedo para afirmar que o planeta descoberto tem vida e a grande massa e órbita excêntrica tornam-no muito diferente da Terra. A órbita em elipse faz com que o planeta se mova da orla mais afastada da zona habitável para a zona mais próxima da estrela no decurso de um ano. “O HD 20794 d não é uma segunda casa para a Humanidade, mas a sua posição e órbita peculiar dão-nos uma oportunidade única para estudar como as condições para a habitabilidade podem variar ao longo do tempo essas variações podem influenciar a evolução da atmosfera do planeta”, complementa Alejandro Suárez Mascareño, outro dos autores.

Paragens obrigatórias

Centro de Interpretação da Cultura do Ananás
Aberto desde 2016, na freguesia com o maior número de estufas de S. Miguel, este centro ajuda a perceber a produção do fruto (demora 18 a 24 meses) e o seu contexto histórico (desde 1864, era exportado quinzenalmente para Portugal continental e principais cidades da Europa). Um documentário de João Pedro Botelho completa a visita.
R. Direita, 124, Fajã de Baixo > seg-dom 9h30-12h30, 13h30-17h > Grátis

Vita Azores Tours
A partir do centro de Ponta Delgada, a empresa organiza circuitos guiados de buggy e moto-quatro, com a duração de quatro horas, pela Lagoa das Sete Cidades e pela Ribeira Grande.
R. da Mãe de Deus, 50 > T. 91 375 3104 > a partir €69/pessoa

Raiz
Aqui ouve-se boa música, com concertos que tanto podem ser de blues, jazz, rock, folk ou sonoridades africanas. Depois segue o DJ e, se não quiser dançar, há duas salas, uma mezzanine e até um terraço.
R. António José de Almeida, 6 > T. 96 691 9410

Florazorica Saboaria Artesanal
Para fazer cosméticos naturais, em versão sólida e sem embalagens de plástico, Susana Benevides só usa os produtos da ilha: barra de sal de basalto, sabão de ananás, champô sólido de urtiga-branca e alecrim ou condicionador de banana e laranjeira.
R. de Cima, 67

The Gin Library e Solar Branco
O inglês Ali Bullock encontrou o refúgio pretendido numa antiga quinta de laranjas, nos arredores de Ponta Delgada, entretanto transformada no Solar Branco Eco Estate & Hotel. No mesmo lugar, criou o Baleia Gin feito com zimbro, ervas aromáticas da ilha e algas do Atlântico e abriu o The Gin Library, bar considerado a maior biblioteca de gin na Europa, com uma coleção de 1 746 garrafas.
A visita inclui prova (€15).
Livramento > T. 91 907 7260

Mané Cigano
À Cervejaria Sardinha, nome oficial deste estabelecimento, todos vão para comer os famosos chicharrinhos fritos, sempre acompanhados de inhame, batata, pimenta da terra, uma pasta de feijão-branco e um pires com cebola curtida e limão-galego.
R. Eng. José Cordeiro, Antiga da Calheta, 3 > T. 296 285 765

Õtaka
O melhor da comida nikkei, a fusão entre os sabores do Japão e os da América do Sul, em especial do Peru, neste fine dining perto da Igreja Matriz.
R. Hintze Ribeiro, 5-11 > 91 931 2080

Supléxio
Dois irmãos naturais da ilha vizinha de Santa Maria aventuraram-se no mundo dos hambúrgueres artesanais, feitos com carne fresca dos Açores.
R. de Pedro Homem, 68

Restaurante Alcides
É um dos mais conhecidos restaurantes da Baixa de Ponta Delgada, pelo tradicional bife à regional, frito com alho e pimenta da terra, flamejado em vinho branco.
R. Hintze Ribeiro, 67 > T. 296 629 884

O Rei dos Queijos
Dificilmente se encontrará noutra loja tamanha concentração de sabores açorianos em tão reduzido espaço. São os queijos a atrair uma clientela vinda, literalmente, dos quatro cantos do mundo.
R. do Mercado da Graça > T. 91 429 8641

Grand Hotel Açores Atlântico
Em plena marginal de Ponta Delgada, este cinco estrelas tem vista privilegiada para a imensidão do mar e para as Piscinas do Pesqueiro, invadidas pela água salgada, ladeadas pela marina. Com 140 quartos, inaugurado em 2018, resulta da renovação do Hotel Açores Atlântico, pelo arquiteto Gomes de Menezes. Além do conforto, da sobriedade e da elegância da decoração, a cargo de Paulo Lobo, a boa gastronomia criada pelo chefe José Gala no restaurante Balcony.
Av. Infante D. Henrique, 113 > T. 296 302 200 > a partir de €180

Vila Galé Collection São Miguel
Num antigo convento oitocentista, onde antes funcionava o Hospital de São Francisco, nasceu o primeiro hotel do grupo Vila Galé nos Açores. No centro do hotel, mantém-se toda a traça característica da arquitetura açoriana: paredes brancas contrastam com o preto dos arcos em basalto. Os 92 quartos, incluindo 24 suítes, são decorados com imagens de figuras históricas dos Descobrimentos.
Campo de São Francisco > T. 296 240 430

Senhora da Rosa
Na Fajã de Baixo, freguesia de Ponta Delgada, conhecida pela cultura de ananases, o hotel conta a história de uma família, que quis dar uma segunda vida à estalagem que funcionou nos anos 90. Nos 34 quartos, no edifício principal, têm lugar de destaque fotografias em tamanho XL da ilha.
R. Senhora da Rosa, 3, Fajã de Baixo > T. 296 100 900

Tremor
O festival que cruzaa arte, o território e as comunidades locais, este ano realiza-sede 8 a 12 de abril

Palavras-chave:

É o chamado “calor esquisito”, aquele que recebemos, em qualquer altura do ano, assim que as portas do aeroporto Cristiano Ronaldo se abrem para a ilha e saímos para a rua. É a humidade, estúpido!

Sabe bem deixar o continente com frio e chuva e aterrar neste clima subtropical, rodeado de água salgada que anda sempre na casa dos 20ºC e que convida a mergulhos todo o ano. Esqueçamos esse pormenor por uns momentos, porque o que nos traz a estas páginas são cidades. E cidades, na Madeira, é o Funchal. 

Mesmo que andemos pelas levadas, embrenhados na Laurissilva e nas paisagens que, ao longo da ilha, por vezes, nos cortam o ar, havemos de ter sempre este poiso mais urbano. É aqui que entramos em originais igrejas (a sé catedral, por exemplo, com o cadeiral de inspiração flamenga e o teto de madeira lavrada), em lojas que não encontramos em mais lado nenhum ou em restaurantes de assinatura, com base nas receitas regionais – temos é de tapar os olhos para não ver o entra-e-sai constante de cruzeiros que, além de poluírem muito o oceano, conseguem estragar-nos a vista nalgumas ocasiões.

Jardim à beira-mar Passear pelo Funchal, encostado ao azul do oceano, significa dar de caras com valioso património, plantas singulares, produtos exclusivos e receitas que só encontramos nesta ilha com sabor tropical

Entremos então pela chamada zona velha adentro, com paragem obrigatória, ainda que turística, no Mercado dos Lavradores. Mesmo que não se compre nada – porque a fruta, linda e apetecível, está pela hora da morte – passear por lá é ter uma ideia global da riqueza da ilha, das flores aos frutos, passando pela diversidade do peixe que se amanha à nossa frente, num espetáculo que todos querem presenciar.

Nos bares populares que rodeiam este edifício de 1940, abertos a partir das cinco e meia da manhã, ainda paira a genuinidade, nem que seja numa sandes de filete de espada, numa carne em vinha d’alhos ou numa língua estufada cheia de molho que escorre pelos braços assim que se lhe deita a mão. Sim, porque aqui come-se como os locais, ao balcão e sem cerimónias.

Imperdível é também a Rua de Santa Maria, a mais antiga da cidade, que há uns anos se transformou numa galeria de arte de portas abertas – é assim que se chama o projeto cultural que reúne uma boa amostra da street art madeirense e que todos podem ver enquanto deambulam pela zona, cheia de restaurantes, bares e lojas de artesanato. Este é um bom sítio para provar algumas das delícias desta terra, como a espetada em pau de louro, as lapas grelhadas e o indispensável bolo do caco a pingar manteiga de alho.

No princípio de tudo, estará sempre a poncha, bebida tradicional feita com aguardente de cana-de-açúcar, mel e sumo de limão (e com variações a partir desta receita-base). No final, há o afamado vinho da Madeira que acompanha mesmo bem qualquer uma das sobremesas de maracujá, fruto abundante na ilha. Pelo meio, saiba que são crescentes as referências de vinhos que se estendem ao longo de uma refeição, produzidos com castas que já podem ser consideradas autóctones, como Tinta-Negra, Sercial, Malvisa ou Verdelho. Mais um miminho que não se pode dispensar nesta cidade tropical.

Paragens obrigatórias

Fábrica de Santo António
Esta loja tem uma história de mais de 120 anos. Além de bonita, com o seu balcão de madeira azul e as prateleiras decoradas com latas, aqui produzem-se os tradicionais bolos de mel (dizem que dos melhores da ilha), bolachinhas e os apetecíveis rebuçados de funcho.
Travessa do Forno, 27 > T. 29 122 0255

Blandy’s Wine Lodge
Estar no Funchal e não aproveitar para saber tudo sobre o vinho da Madeira é um desperdício. Nesta espécie de museu, com provas e loja, sai-se com o tema na ponta da língua e algumas referências a ressoar no palato. 
Av. Arriaga, 28 > T. 29 122 8978 > seg-sex 10h-18h30, sáb-dom 10h-18h

Bordal
A Madeira também é conhecida pelos seus bordados. Nesta casa típica do Funchal, que sempre funcionou como fábrica, conta-se a história desta arte com século e meio de existência, caracterizada pelo pormenor e pelo preceito. Aqui também se vendem as peças que ainda hoje se fabricam artesanalmente.
R. Doutor Fernão Ornelas, 77 > T. 29 122 2965> seg-sex 9h-19h, sáb-dom 9h-13h, 14h-18h

Uau Cacau
Desde 2014 que o chefe Tony Fernandes se dedica a moldar os mais bonitos bombons com sabores da ilha. Nesta loja, encontram-se todas as variedades de chocolate artesanal com recheios surpreendentes, como poncha ou vinho da Madeira.  
R. da Queimada de Baixo, 11 > T. 29 164 4620 > seg-sex 8h30-19h30, sáb-dom 9h-16h

Desarma
Esta foi a maior surpresa dos Oscars da gastronomia do ano passado. O chefe Octávio Freitas conseguiu uma Estrela Michelin para o seu restaurante quando ainda tinha menos de um ano de operação e sem nunca sair da Madeira. O menu degustação prova isso mesmo, reinventando receitas tradicionais de forma original sem que o sabor se perca. 

The Views Baía, R. das Maravilhas, 74 > T. 29 170 0220 > qua-sáb – 19h-21h

By Júlio Pereira
Desde 2018 que o chefe do continente começou a abrir restaurantes no Funchal, depois de ter escolhido este sítio para viver em família. Hoje, tem um pequenino império – Kampo, Akua, Youki, Theos, e todos valem um visita, porque se apoiam em produtos de qualidade e em técnica consistente e arejada.

ENOTURISMO
O que não falta são provas que incluem vinhos tranquilos que se produzem na ilha da Madeira

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Se pensarmos numa cidade em que o contemporâneo não deu cabo do tradicional, é Olhão que nos aparece na memória. Normalmente encarada apenas como ponto de passagem e porto de saída para as ilhas da Armona, da Culatra e do Farol, tem muito para contar pelas suas ruas.

De manhã, junto ao irresistível mercado – são dois, na verdade, um de peixe, outro de frescos –, o ritmo é acelerado e intercultural. Cruzamo-nos com muita gente, local e nem por isso, que anda às compras ou a tomar o pequeno-almoço numa das esplanadas que circundam estes peculiares edifícios de 1916 (renovados já no século XXI). Tudo isto se passa lado a lado com a ria Formosa – estamos em pleno parque natural.

A comunidade estrangeira, que costuma ser mais atenta a estes nichos de genuinidade, já se fixou há anos em Olhão. A Re-Criativa República 14 iniciou a sua atividade, precisamente, com aulas de português para estrangeiros. Ao reabilitar o edifício da antiga Sociedade Recreativa Olhanense, esta associação cultural devolve à comunidade a antiga casa senhorial construída no século XIX de cada vez que organiza sessões de cinema, exposições, concertos, mercados e aulas de ioga ou capoeira.

No meio de outras surpresas arquitetónicas e culturais, encontramos algumas lojas fechadas e abandonadas, menos as que vendem souvenirs de gosto duvidoso – prefira-se o oásis Pinta Roxa, com objetos de decoração e artesanato relacionados com o património algarvio feitos por artistas locais.

Mesmo na sua decadência, conseguimos adivinhar-lhes o charme de outras épocas. Até porque também se veem vários exemplares, ainda mais antigos, bem recuperados, para que possamos perceber a razão pela qual Olhão ganhou o epíteto de cidade cubista – a única localidade europeia com características mouriscas construídas de raiz e muito depois da permanência islâmica no território.

Paragens obrigatórias

Marina com Noélia
O ainda novo restaurante de Noélia Jerónimo fica na zona mais recente da cidade, onde atracam os barcos de recreio. Nesta nova sucursal, com 90 lugares, a maioria ao ar livre, a ementa está muito baseada na ria e no mar, como já nos habituou esta chefe algarvia.
Real Marina Hotel & Spa, Av. 5 de Outubro > T. 91 330 8129 > seg-dom 12h30-23h

Salinas do Grelha
Como o sol algarvio é generoso o suficiente para nos fazer sentir quentes, mesmo fora da época balnear, experimentar flutuar nestas salinas bem temperadas, junto a Olhão, será sempre uma alternativa adequada. Além de se poder comprar, no local, o sal e a sua flor produzidos artesanalmente.
Cova da Onça, Belamandil > T. 96 775 3496

Casa Amor
Este recente boutique hotel, de apenas dez quartos, fica num edifício do século XIX recuperado para o efeito, respeitando a traça, das paredes caiadas às abóbadas e às pedras ocre. Além de poder ficar a dormir nesta casa típica olhanense, as suas portas também estão abertas à comunidade. Há a pastelaria, onde se encontram as criações deliciosas de Walter, assim como uma seleção de produtos locais, de pequenos produtores.
R. Dr. Pádua, 24A > T. 91 066 9436 > a partir de €127,50 > pastelaria: ter-sáb 9h-15h

Passeios Ria Formosa
Nesta empresa, os passeios com partida de Olhão adaptam-se ao que cada um procura, desde uma simples ida às ilhas das redondezas a um mergulho profundo no mar.
T. 96 215 6922

Re-Creativa República 14
Av. da República, 14 > T. 91 051 3614

Pinta Roxa
Av. 5 de Outubro, 28 > T. 91 638 0557

FESTIVAL
Todos os verões, em agosto, a cidade recebe milhares de visitantes para saborear o marisco fresco que chega ao mercado

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O castelo espreita lá no alto, anunciando a chegada à “cidade branca” de Estremoz. Se a visita se fizer a um sábado, não estranhe a enchente de pessoas à roda do Rossio Marquês de Pombal. É na maior praça do País que acontece o mercado tradicional, onde produtores locais trazem hortícolas, queijos, fruta, enchidos, e os negociantes de velharias e antiguidades apresentam os últimos achados.

Abastecer-se no mercado abre o apetite para outras incursões gastronómicas naquele que é um dos cinco municípios eleitos Cidade do Vinho 2025 (todos da região da serra d’Ossa), com uma série de iniciativas a acontecer ao longo do ano, ligadas também à gastronomia e ao património.

Na Herdade das Servas, um dos produtores do concelho, as visitas e provas são complementadas com um restaurante, o Legacy, onde a cozinha chefiada por Emanuel Rodriguez apresenta sugestões como a perna de cabrito de leite assada com batatinhas e bimi, evocando um dos produtos endógenos. No centro da cidade, não muito longe do Rossio, o Howard’s Folly também casa o vinho e a comida. Esta adega urbana é um lugar que surpreende não só pelos vinhos, mas também pela promoção da arte e de novos artistas. A tudo isto acrescente-se o bar, com uma seleção de cocktails, e o restaurante The Folly, de ambiente cosmopolita e pratos inspirados na gastronomia do mundo, como as puntilhitas, aioli nero e o bao de camarão, alho-francês, molho wasabi.

Identidade Prato de borrego do restaurante Legacy, o figurado de Estremoz e o chefe Rúben Trindade Santos, da Casa do Gadanha. Foto Alvaro Isidoro

Em Estremoz, come-se em tascas e restaurantes de comida tradicional, mas também em lugares sugeridos no Guia Michelin, como a Casa do Gadanha e a Mercearia do Gadanha, projetos dos chefes Rúben Trindade Santos e Michele Marques, que dão a conhecer as suas versões da cozinha tradicional, com base nos produtos e fornecedores locais. Da identidade desta cidade alentejana também faz parte outro património que não se serve nem se prova à mesa, como o figurado de Estremoz, classificado Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO e com um centro interpretativo de visita obrigatória. Suba-se ainda ao Conjunto Monumental da Alcáçova de Estremoz, para conhecer o castelo, a Igreja de Santa Maria e, para memória futura, espreitar a vista.

Paragens obrigatórias

Museu Berardo Estremoz
Dedicado à azulejaria, expõe mais de 4 500 exemplares, do século XIII até ao século XXI, a maior coleção privada deste género em Portugal.
Lg. Dragões de Olivença, 100, Estremoz > T. 268 080 281 > €3,50

Centro de Ciência Viva de Estremoz
Um sistema solar à escala do concelho de Estremoz ou um vulcão com quatro metros de altura são alguns módulos deste centro onde o tema é a Terra.
Convento das Maltezas, Estremoz > T. 268 334 285 > €9, €6 (7-17 anos), €4 (4-6 anos)

Café Águias D’Ouro
Tome um café ou prove o bife de vitela à Águias, neste que é um dos cafés mais antigos do País (abriu em 1909).
Rossio Marquês de Pombal, 27, Estremoz > T. 268 324201

Pastelaria Formosa
Especializada na doçaria local, desde 1961, tem os tradicionais gadanhas, guizos e o bolo de mel e noz.
Rossio Marquês de Pombal, 93, Estremoz > T. 268 339 322

Rota do Mármore do Anticlinal de Estremoz
Para conhecer a maior extensão de mármores do País em visitas guiadas às pedreiras. Informações em rotadomarmoreae.com

Sabores
O festival Cozinha dos Ganhões, entre novembro e dezembro, reúne gastronomia, doçaria, produtos regionais e artesanato

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