A Indonésia foi o anfitrião do recente encontro do G20. No quarto país mais populoso do mundo, sentaram-se à mesa os líderes das nações representativas de 80% do PIB, 60% da população e 75% do comércio em termos mundiais. O encontro ficou marcado pela longa reunião entre Joe Biden e Xi Jinping, mas talvez valha a pena explorar mais alguns argumentos em redor dessa junção entre o país organizador e um fórum multilateral tão alargado.
A Indonésia tem sido um caso interessante no seio das médias potências, isto é: países cuja composição entre as várias dimensões do poder não lhes concede ainda um estatuto de grande potência global, mas cuja imponência regional lhes garante a influência suficiente para estabilizar num patamar abaixo. Podem ser democracias, autocracias ou regimes híbridos. Podem ser territorialmente imponentes ou de pequena dimensão. Podem ter uma postura mais cooperativa às regras internacionais ou podem encará-las como meramente transacionáveis. São habitualmente economias imponentes, algumas em ascensão, outras com as potencialidades por escalar. São habitualmente países ricos em recursos naturais ou, para contornar a ausência, potentados tecnológicos. Nesta fase de transições, que associa os efeitos da pandemia aos da guerra na Ucrânia, acelerando a digitalização das economias e as transformações no mercado energético, regionalizando a globalização e refazendo as cadeias logísticas, emergindo as matérias-primas críticas para o centro da revolução tecnológica, não são apenas as grandes potências que querem influenciar o rumo das relações internacionais, mas também as médias potências, quando procuram um lugar à mesa na definição das dinâmicas de poder regionais, com impactos globais.