Começam a ganhar escala e a tornar-se mais agressivos os grupos organizados de negacionistas e anti-vacinas. Esta semana, atacaram verbalmente Ferro Rodrigues, a segunda figura na do estado, durante um almoço familiar e soaram os sinais de alerta: desvalorizar ou atuar judicialmente, eis a questão que divide as opiniões.
“O tema vai muita além da liberdade de expressão e de manifestação. Talvez agora a grave ocorrência com Ferro Rodrigues tenha feito soar os sinais de alarme. Não podemos continuar a lidar com estas situações como se os seus autores fosse inimputáveis. É a defesa do próprio estado de direito que está em causa”, afirma Mafalda Anjos, diretora da VISÃO.
“Não podemos desvalorizar. É por causa deste tipo de protestos que, no limite, se pode chegar a um assalto ao Capitólio”, enfatiza Filipe Luis, editor-executivo da VISÃO.
“O negacionismo e as teorias da conspiração leva-nos a questionar a ideia de que um jornalismo bem informado convence estas pessoas de que vivem numa fantasia”, sublinha o jornalista Nuno Aguiar. Que concretiza: “Não parece ser suficiente para estas pessoas serem confrontadas com o facto de aquilo em que acreditam ser mentira. Nem é só alguém dizer-lhes que é mentira. No caso ‘pizzagate’, um tipo entrou numa pizzaria achando que havia uma rede de pedofilia na cave. Ele chegou lá, viu que não havia nada e ficou convencido na mesma da sua teoria.”
“O crucial é que não haja uma representação política destas ideias, para que eles não se tornem em algo mais alargado. E, neste momento, embora haja algumas pistas, ainda nenhum partido assume essa representação”, refere Nuno Aguiar. Porém, como sublinha Mafalda Anjos, “toda a narrativa antissistema interessa aos partidos antissistema, como os populistas de extrema-direita.
A corrida autárquica esteve também em debate nesta edição do Olho Vivo. “Começou esta semana a campanha oficial para as autárquicas e os líderes dos partidos estão nas ruas para fazer a sua parte na corrida. “Como sempre acontece no sufrágio local, em jogo estão também os equilíbrios das forças partidárias no País. Este ano, jogam-se algumas lideranças, nomeadamente à direita”, diz Mafalda Anjos.
Sobre o debate com os 12 candidatos a Lisboa, Filipe Luís refere: “Um dos candidatos da extrema-direita a Lisboa diz que 20% dos lisboetas já não são portugueses: ‘só são portugueses no papel’. Devíamos todos fazer uma ‘vaquinha’ e oferecer-lhe uma viagem a Nova Iorque, onde terá dificuldade em encontrar, entre os nova-iorquinos, algum americano que não o seja ‘no papel’ – e talvez viesse de lá menos saloio.”
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