“Trata-se de um crime público. Espero que a PGR cumpra o seu dever”. Foi esta a primeira reação de Ferro Rodrigues, à VISÃO, ao incidente de sábado, em que dezenas de manifestantes negacionistas, reunidos em frente ao Parlamento, apercebendo-se da sua presença num restaurante próximo, o cercaram, insultaram e ameaçaram.
O presidente da Assembleia da República (AR), acompanhado pela sua mulher, foi brindado pelos manifestantes – reunidos numa ação sob o mote “Pelas nossas crianças – Rumo à Liberdade” (e na qual discursou o ex-candidato presidencial Fernando Nobre) – com gritos de “assassino”, “bandido” ou “pedófilo”. “Não tocas nas nossas crianças!”, “não tocas na Constituição!”, “ditadura, não!”, gritaram ainda os presentes, durante largos minutos.
Uma mulher, presença sempre muito notada em iniciativas do género, munida de um megafone, deixou outros recados, que soaram a ameaça, contra o político, mas também contra o próprio restaurante onde este se encontrava a almoçar: “Não são esses dois capangas que te protegem, podes ter a certeza!” [referindo-se aos dois seguranças que, perante o sucedido, se aproximaram da mesa em que se encontrava a segunda figura do Estado] (…) “Esse restaurante está marcado pelo povo português, nunca mais nenhum cliente vai ter paz!”.
No final da refeição, Ferro Rodrigues, 71 anos, saiu do estabelecimento sob escolta dos seguranças que o acompanhavam, sem que fosse visível a presença de reforço das forças policiais. Os manifestantes, alguns dos quais acompanhados por crianças de colo, outros envergando cartazes contra as medidas do Governo para a contenção da pandemia de Covid-19, cercaram o presidente da AR, enquanto gritavam “Respeito! Respeito!”, chegando mesmo alguns deste indivíduos a bater violentamente no automóvel em que partiu Ferro Rodrigues.
O incidente, filmado por vários telemóveis, rapidamente se tornou viral nas redes sociais, tornando-se num dos assuntos mais comentados do país, ao longo do fim-de-semana. Nas últimas horas, novos vídeos, publicados por pessoas presentes no momento, têm chegado a plataformas como o Facebook, permitindo perceber como tudo aconteceu.
Contactada pela VISÃO, a Procuradoria-Geral da República (PGR) ainda não confirmou, até ao momento, se estes acontecimentos resultaram, de facto, e como espera Ferro Rodrigues, na abertura de um inquérito pelo Ministério Público (MP).