O pai, Joe Biden, concedeu o perdão ao filho, Hunter. Fez muito bem. O perdão é a maior de todas as graças que um pai pode conceder a um filho. Não o fazer seria, isso sim, reprovável, inexplicável e insustentável. Neste caso, não há questões políticas envolvidas. Um presidente em final de mandato, como acontece frequentemente, concede o perdão a dezenas de pessoas. É um poder presidencial único e irreversível. Trump fez o mesmo em 2020.
É público e notório que Biden violou uma promessa anteriormente assumida de que nunca utilizaria esse poder em relação a um familiar seu, neste caso o filho. Contudo, ao fazê-lo abertamente, só enobreceu a sua decisão. Um pai perdoa sempre a um filho. Afirmar o contrário é que representaria uma violação do bom senso e do fundamento da humanidade. Hunter estava pressionado pela justiça, e o presidente, empurrado com grande deselegância pelos seus parceiros políticos, decidiu usar esta sua capacidade na fase de transição e saída da Casa Branca.
Este perdão, aliás, deveria ser – num sentido apenas humano e filial – um exemplo para Marcelo Rebelo de Sousa, que já deveria ter feito o mesmo, a nível pessoal, com o seu filho Nuno, pela ajuda prestada no caso das gémeas. O nosso Presidente ficou muito incomodado com as intervenções do filho e anunciou publicamente uma quebra nas relações familiares. Se tal já não fazia sentido na altura, muito menos faz agora. Um pai deve perdoar o pedido de ajuda de um filho, mesmo que insistente e excessivo, sobretudo num caso que envolveu uma intervenção médica e medicamentosa especial, cujo resultado foi positivo e abriu portas a tratamentos semelhantes para outras crianças doentes.
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