A fuga demorou 6 minutos, o alerta levou horas, e o comando nunca existiu. Apesar de tudo isto, e mais, a ministra Rita Júdice transmitiu confiança e segurança aos portugueses, na sua primeira reação formal à fuga dos cinco reclusos de Alcoentre. Baseou-se em factos, fez um cronograma rigoroso dos acontecimentos, tirou as devidas conclusões e tomou as respetivas decisões. Não disse tudo, nem podia, mas mostrou firmeza nos passos que já deu, e nos que se seguirão com as auditorias e investigações que estão a decorrer.
A ministra não se ficou por meias palavras. O que aconteceu foi o resultado de «uma cadeia sucessiva de erros e falhas graves, grosseiras e inaceitáveis», e as primeiras consequências já estão tomadas com a aceitação da demissão do Diretor-Geral dos Serviços de Reinserção e Prisionais, e da sua subdiretora. Não existia outra saída na cadeia de responsabilidades, que estará longe de terminar.
Avaliando a narrativa factual da ministra percebeu-se uma total descoordenação e tempo perdido entre a fuga e o alerta para as forças de segurança, o que deu toda a vantagem aos evadidos, que já beneficiavam da montagem de uma operação profissional invulgar. Todos os sistemas estavam operacionais e a funcionar, e mesmo assim a fuga só é detectada muito mais tarde, e numa ronda de rotina na cerca exterior da prisão. É um filme mau, cheio de surpresas, e que contou com ajuda exterior. Falta o desfecho: devolver os fugitivos à cadeia.
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