Kamala só pode ganhar o debate de terça-feira, talvez o único entre os candidatos presidenciais. Não pode empatar, e nunca perder. Toda a expetativa está colocada na vice-presidente, e isso é sempre um estado de espírito muito difícil de preencher. Não basta a Kamala o seu enorme sorriso.
Os números, a menos de dois meses das eleições, dão conta de um pequeno-grande problema: ao dia de hoje, em 2016, Hillary Clinton tinha uma vantagem de 2.8% a nível nacional, e a de Kamala é de 1.4%. Pelo contrário, Biden, no mesmo momento, em 2020, estava com 7.1% de vantagem. Sabemos quem ganhou.
Valendo o que vale, a maioria dos americanos acha que Trump vai ganhar, 52% para 48%, e isso conflitua com a expetativa para o debate. A candidata presidencial parou a campanha para se preparar, mas o único ponto em que tem de se focar, e nunca desviar, é mostrar que enfrenta vigorosamente um adversário que recorre a tudo para tentar perturbar e dominar o confronto verbal.
Não interessa o que nós, europeus, vamos dizer sobre quem ganhou, pela razão simples de que só contam os eleitores americanos, e dos estados mais importante e com peso no Colégio Eleitoral. Tudo o resto é ficção. Um debate não escolhe um presidente, mas pode dar uma indicação de quem não deve ser. Uma coisa Kamala não pode fazer, nunca: é ir para o debate com o mesmo desleixo, displicência e impreparação de Hillary, em 2016. Foi fatal.