Em estrada batida, e poeirenta, a AD apanhou boleia de Bolieiro. Não poderia ser melhor. Luís Montenegro estava no Açores, assistiu à vitória, e ganhou o empurrão que a AD bem precisava nesta fase crítica das últimas 5 semanas de agitação eleitoral. A boleia de Bolieiro condiz com o apelido e mostrou um presidente regional decidido, empenhado e convicto da vitória.
Nenhuma sondagem, das poucas que existiram, colocava a AD regional com 42% dos votos, e 26 deputados, e essa margem folgada, com o PS e esquerda minoritários, é suficiente para a coligação de centro-direita governar sozinha. O Chega, que triplicou os resultados, não conta para esta governação de maioria relativa. A menos que se junte ao PS, Bloco e PAN, para novas eleições daqui a seis meses.
Esclarecida a governação nos Açores – bem fez o Presidente – Montenegro faz-se agora à vitória que não aparece nas sondagens, com ânimo redobrado e uma energia renovada. É agora ou nunca. Avisado estará quem não se deixe iludir pela suposta elevada percentagem de indecisos. Não está aí a vitória, nem a derrota. Nos Açores verificou-se o efeito positivo da junção de três partidos na AD, ajudado pela subida da afluência às urnas. Esses são os «indecisos»: não no voto, mas na decisão de ir votar.
E se Bolieiro deu boleia a Montenegro, o mesmo não se pode dizer de Cordeiro a Pedro Nuno Santos. A derrota pesa, é deprimente e desanimadora. Tem, contudo, um lado positivo: serve de alerta para quem pensa que vai à frente, ou muito bem colocado. Quanto maior a expetativa, maior o tombo, e isso é coisa que não tem iludido a AD.
MAIS ARTIGOS DESTE AUTOR
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.