A mistura vai trazer amargos de boca ao presidente ucraniano. Deslocar-se à Argentina, para a posse do ultra qualquer-coisa Xavier Milei – que diz os maiores disparates deste mundo – não favorece a imagem de Zelensky, num momento difícil na guerra contra a Rússia. Há ofensivas militares, em vários setores da frente, mas todas elas são russas.
Se o presidente ucraniano não acredita nos seus generais, nem no comandante chefe, então que os demita. Ou mande para a reserva. Será que ele alguma vez leu Sun Tzu? «Um exército sem confiança não é um exército. Se os soldados não acreditam, desertam.»
Com a guerra a aproximar-se rapidamente dos dois anos, e com as alterações políticas em vários países europeus, e os republicanos americanos cada vez mais resistentes à grandeza do apoio militar que tem sido prestado a Kiev, Zelensky refugia-se na posse de um presidente difícil de qualificar, ou inqualificável, acompanhado de Bolsonaro e outros pequenos e grandes «trumps». Não é bom, reconheça-se.
Zelensky não está no sítio certo. Nem no seu melhor. Eventualmente desanimado, certamente desiludido, obviamente cansado, o presidente ucraniano não tem margem para cometer erros políticos desastrosos, como percorrer o mundo para abençoar Milei. Os argentinos assim decidiram, mas o bom-senso não pode escassear em Kiev. Muito menos nesta altura, em que os russos estão a avançar.
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