É altamente improvável, da parte de Israel, que o prolongar das tréguas com o Hamas, por troca da libertação de reféns e prisioneiros, se possa transformar num cessar-fogo, mesmo que precário. Se é verdade que o grupo terrorista conseguiu algum oxigénio nestes dias, o mesmo não se pode dizer da operação militar israelita. Parar trava a dinâmica, e isso pode ser perigoso para Telavive, a menos que mude a estratégia.
Até aqui, a ofensiva militar tinha três objetivos identificados: destruir o Hamas, impedir que a Faixa de Gaza voltasse a ter um arsenal destrutivo, e libertar os reféns. Esta era a lista do Governo para o comando militar, mas as prioridades estão agora invertidas, felizmente. Em primeiro lugar vem a libertação dos reféns, e a troca de prisioneiros, que as partes decidiram prolongar por mais dois dias.
Impedir que Gaza se transforme, de novo, num reduto armado de grupos terroristas será mais fácil do que destruir o Hamas. Por cada membro eliminado, outros 10 aparecerão no seu lugar. É essa a lógica basilar de organizações deste tipo, e a história está carregada de exemplos. E a única e pequena solução que se conhece é proteger e ajudar as populações, neste caso os palestinianos, a ter uma vida organizada e um futuro estável, para impedir o domínio e a existência, entre os seus, de grupos armados extremistas.
O bloqueio à existência de um Estado palestiniano é o maior de todos os erros que Israel está a cometer. Sem isso nunca israelitas terão paz, nem os palestinianos justiça e tranquilidade. Não é difícil viverem juntos. Eles fazem isso todos os dias.
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