Agora é que se vai ver. Quem tem o melhor comboio: Putin ou Kim? O segundo, Kim, tem uma vasta experiência nesta área – será que alguma vez usou um avião? – e a sua máquina blindada caminha agora nas linhas férreas russas. Ninguém sabe, por esta hora, em que estação se vão encontrar, os dois. Não há dia previsto, não há horário, e não há local. Moscovo? Vladivostok?
Para além dos comboios, que mais têm em comum estes dois: um medo incontrolável de serem mortos. Na Rússia os aviões caem com grande regularidade, e facilidade, que nem tordos, e na Coreia do Norte nem sequer voam. Ou quando voam é baixinho. Para não dar nas vistas. Para não aparecer nos radares.
Kim, a quem saiu a sorte grande, circula espampanantemente, e em êxtase, em direção a Putin. Não é um Rei Mago, mas leva várias prendas para os russos. Também não vai disparado. Parou na fronteira, recebeu honras militares, mostrou a boa disposição, e arrancou para mais uns quilómetros, e outra recepção. Devagarinho, Kim faz crescer a impaciência de Putin. Quando é que chega, afinal?
Para obviar estas delongas, bem que se poderiam encontrar no Entroncamento. Não no nosso, salvo seja, mas no deles, na estepe russa. Trocavam-se os favores, e media-se o tamanho das carruagens, o número, e as máquinas, sendo certo que Kim trouxe tudo o que tinha, para acomodar o exército que o guarda. Putin é mais sofisticado, reconheça-se. Não tem só um, mas quatro comboios presidenciais, tantos quantos os aviões que estão ao seu permanente dispor. Para trás nunca ficará. E a próxima cimeira será numa Gare do Oriente.
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