Dois em um só. É o que é, pelo menos até agora. Sempre representaria uma grande poupança para a TAP, mas o problema é que a companhia já tem um como sobrevivente designado, e o novo Conselho, diz o ministro, vai ser conhecido brevemente. Tudo o que mexe ou não mexe na TAP passa por Pedro Nuno Santos, que nunca escondeu ser um ministro hiperativo – nenhum problema – mas que gosta de governar o que tutela. Agora, só para avisar, acha que não pode haver ligações aéreas numa distância inferior a 600 quilómetros, que são só mais 100 do que Portugal tem, de Norte a Sul. E Madrid, em linha reta, também fica de fora. São só 503 km!
Sendo assim, a TAP está excluída do território nacional, e as loucuras das ligações e pontes aéreas entre Lisboa e o Porto vão acabar. Andem de comboio, ou de carro, ou de autocarro, ou de qualquer outra coisa que se movimente. Temos de ter calma, paciência, e cada dia é só um dia. Lembram-se quando se levava um dia e quase uma noite na antiga e única estrada nacional? Agora não será assim, decidiu o ministro, e também presidente executivo da TAP, porque existem autoestradas e comboios super-rápidos. Não é bem, mas não faz mal.
Com tudo isto, o aeroporto de Lisboa e do Porto eliminam os terminais para os voos regionais, e isto é um ganho para a enxurrada de turistas que voltarão a Portugal. Como não haverá novo aeroporto na próxima década, o ministro-CEO também está em vias de assumir a liderança da ANA, que precisa de apoio do Estado, da NAV por razões de simpatia, para não falar da Groundforce, que já está sob o comando da companhia aérea, e por isso do ministro.
Pedro Nuno Santos, nos seus múltiplos cargos e funções, merece um reconhecimento: nunca teve medo de dizer o que pensa e quer, e sempre com argumentos dificilmente destrutíveis, porque não esconde ou disfarça a realidade e os números das suas tuteladas. Isso é muito bom, mas tem um problema: cada pastilha que nos dá gera efeitos colaterais pesados no Orçamento do Estado. Mas, é verdade, e nunca escondeu, ele é um socialista dos antigos, mas só que de uma nova geração. É a mais moderna vaga política no PS. Estrategicamente está muito bem pensado: António Costa ao centro e em cima, Pedro Nuno Santos no terreno do PCP e Bloco, e Siza Vieira varre a direita do PSD, o CDS e a Iniciativa Liberal. Isto sim, é uma verdadeira geringonça.