Amadeu Guerra tomou posse há pouco mais de dez dias, mas já está a pontuar num mandato que promete ser quente em acontecimentos, numa casa a precisar de reabilitação, onde os meios são parcos e a desunião é uma realidade.
E Amadeu Guerra está a pontuar porque desde o momento em que tomou posse fez saber que “está sempre disponível para prestar contas no Parlamento”. Está a pontuar porque imprimiu rapidez nas investigações aos desacatos desta semana na Grande Lisboa e realçou o facto de todos os meios de prova serem úteis para o Ministério Público perceber e decidir.
Num estilo bastante terra a terra e que corta pela raiz o estilo da sua antecessora, o novo Procurador-Geral da República parece ter vontade de devolver o brilho ao Ministério Público.
No momento em que escrevo, há um arguido – um agente da PSP –, um morto, um motorista em coma induzido depois de ter sido atingido por um cocktail molotof enquanto conduzia o seu autocarro. Na base de tudo isto uma festa, um carro da polícia em patrulha, um condutor que ao aperceber-se do carro patrulha inicia fuga, que leva os polícias – que estavam em missão de vigilância – a dar efetivamente início a uma perseguição policial que acaba com o despiste do carro, isto depois de ter abalroado várias viaturas estacionadas. Há também contentores queimados, carros privados vandalizados. Portanto, uma mistura explosiva que carece de tempo para que se possam apurar os verdadeiros ingredientes. Tempo que alguns partidos com assento parlamentar não têm conseguido respeitar e ao invés acicatam, quais anarquistas, a população. Tempo que os próprios meios de comunicação social também tendem a não respeitar na ânsia de conseguir o melhor ângulo da história.
Pelo meio, a temperança de um Procurador-geral da República e de um primeiro-ministro.
Uma Democracia tem de garantir a segurança do cidadão e isso é feito pelas polícias, homens e mulheres que envergam uma farda e que com a sua presença nos passam a ideia e sentimento de segurança. Bem sei que a linha que separa o “abuso da autoridade” do “sentir-se ameaçado” é delicada, mas sem conhecermos os factos só estaremos a criar ruído.
Uma certeza podemos ter, o problema dos chamados bairros problemáticos só se cai resolver com reordenamento do território, com novas políticas de habitação e inserção social na realidade do termo. A delinquência tem quase sempre origem na pobreza.
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