O meu querido mês de agosto chegou (é o meu mês!) e com ele chegaram as festas de rentrée dos partidos políticos. Mas será que na era do digital, em que tudo se mostra ao momento, onde as novas gerações olham de lado, ou nem olham, para os políticos, será que ainda faz sentido manter estes ajuntamentos de militantes numa fórmula que pouco evoluiu ao longo dos anos?
A mobilização de militantes e respetivas bandeiras estão lá, a sardinha assada ou a bifana mantêm-se na ementa, a fórmula dos beijinhos continua. E até os registos fotográficos parecem teimar em mostrar poses que poderiam ser de outras rentrées. No caso do PSD, os rostos que ladeiam os líderes são de gente que deve, com toda a certeza, ter o seu mérito, mas que são anónimos para o comum do cidadão. Carlos Moedas é a exceção e no Pontal (sem qualquer discurso) continuou a galgar a onda de popularidade que vive atualmente. Passos Coelho, que em 2022 ofuscou Montenegro, esteve ausente.
Sendo o maior partido da oposição e com um calendário eleitoral que tem inscrito eleições europeias, determinantes para o futuro do líder, que podem ditar o fim do ciclo socialista, Montenegro serviu no Pontal receita para reduzir impostos e esqueceu tudo o resto.
A máquina de comunicação do PSD há muito que parece uma engrenagem onde os grãos de areia estão em abundância. Vive debaixo da espuma dos dias, sem sair da sombra da agenda de outros. Até quando será assim? Até quando irá o PSD viver com medo de vir para a rua, para a imprensa, para as redes sociais gritar as suas bandeiras e mostrar os seus rostos?
Se pedir a um eleitor com 30 anos de idade que identifique três políticos do PSD no ativo, a resposta será morosa e, por vezes, dolorosa. A notoriedade espontânea, na rua, do maior partido da oposição é baixa, ainda que as sondagens revelem que PSD e PS estão em situação de “empate técnico”, com ligeira vantagem para os primeiros. Não chega!
A máquina de comunicação do PSD tem de fazer mais. E urgentemente. O pronome “Consigo” tem de ser também verbo que traduz notoriedade e mensagens com conteúdo. Mensagens que têm de ser passadas sem medo e por vários quadros do partido. A vantagem de uma estratégia em que vários quadros ganham notoriedade é que cada um deles toca uma franja da sociedade, amealha eleitores e chega a diferentes públicos.
Será assim tão difícil ao PSD seguir esta linha de comunicação? O PS faz isso tão, mas tão bem.
Rui Rio tinha fama de não gostar de agências de comunicação nem de spin doctors, mas Montenegro parece seguir a tendência. De nada vale pagar o ginásio, se não treinarmos!
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