Politicamente Correto

Decisões fundamentais, duras e pouco populares vêm aí e vão exigir consensos alargados, que só os dois partidos centrais as podem implementar e promover

No partido que era um símbolo de liberdade, de pluralidade de visões (que até o levava a uma certa anarquia ideológica), agora vigora a videirice, a anemia e o medo

Só havia uma saída digna, Luís Montenegro demitir-se e pedir desculpas ao País. Mas o primeiro-ministro conseguiu afundar ainda mais a democracia num mar de fétida lama

Seja qual for o regime que está a ser instalado nos Estados Unidos da América, há um que de certeza absoluta não é: uma democracia liberal

O presidente Pinto da Costa conhecia o país onde vivia. Sabia bem que nunca teria as homenagens nacionais que merecia porque também não duvidava de que para ser amado pelos seus tinha mesmo de ser odiado pelos adversários

O maior problema institucional da democracia portuguesa é a Justiça e há muito que é uma questão política

Acabemos com a nojenta conversa das perceções. O que há é uma campanha que pretende convencer as pessoas de mentiras

Se Montenegro, nesta área, tem amplificado as teses do Chega, Pedro Nuno legitima-as de uma forma que nem nos seus melhores sonhos Ventura podia esperar

Ao defender os Musks e Zuckerbergs e a pretensa liberdade das redes sociais que eles supostamente nos dão, está-se a defender o poder do dinheiro sobre a Justiça

Se ser moderado é, segundo Luís Montenegro, estar entre as posições que defendem os 50 000 que desfilaram na Almirante Reis e as poucas dúzias que estiveram na Praça da Figueira, serei então um radical, um verdadeiro extremista

Estamos a pagar um preço altíssimo por não fazermos o suficiente por trazer os melhores, ou, pelo menos, mais gente competente, para cargos políticos e administração pública

O Chega já conseguiu mais do que pôr os seus temas no centro do debate político: a extrema-direita está a colonizar rapidamente o centro-direita. As reações ao caso da Rua do Benformoso são o retrato perfeito disso

Foi com a contribuição do Ministério Público que o resultado eleitoral nos deu 50 deputados antissistema, ou seja, antidemocracia

Um político forte e consciente não cavalga falsidades, combate-as, decide baseado em factos e convicções, mesmo que o tenha de fazer contra tudo e contra todos

Se quem tem a responsabilidade de impor a autoridade não a respeita, como esperam ser respeitados quando a têm de impor a outros?

Exige-se então saber quem é que está a atentar contra a democracia e o Estado de direito. Não é coisa pouca nem possível de tratar com leveza. Um homem com esta responsabilidade anuncia um crime ou uma hipótese de crime desta gravidade e nada se passa

Foram dadas ordens para que se combata uma perceção. E ninguém melhor do que o Governo sabe que é uma perceção errada

As pessoas votaram em alguém que acha e disse que o corte de impostos para bilionários vai fazer com que os mais pobres vivam melhor

Na democracia de que em larga medida todas as outras democracias dependem, cerca de metade das pessoas não está interessada em viver democraticamente