Realidade virtual – na prática é o que chamamos imersão, de tal forma que somos transportados para um mundo totalmente virtual. Pode ser imersão num jogo construido em 3D, pode ser imersão num filme com imagens reais a 360 graus que nos transporta para locais distantes, até pode ser uma imagem fixa mas sentimos como se lá estivéssemos. Também pode ser a interface de um programa com a qual interagimos e que nos rodeia. Isto consegue-se normalmente com óculos mais ou menos sofisticados, há desde os Cardboard, óculos de cartão que a Google inventou, a coisas bem mais complicadas como os HTC Vive que exigem sensores em cada canto da sala, têm que estar ligados a um computador e usamos acessórios nas mãos para interagir. Em breve os mais famosos, porque devem aparecer em força no mercado, devem ser os PlayStation VR, obviamente destinados a jogar jogos imersivos em realidade virtual. Há outras coisas importantes como os desenvolvidos pela Oculus comprada pelo Facebook e que também faz os da Samsung, mas a ideia aqui não é listar os concorrentes. No limite do discutível, a realidade virtual pode ser uma transmissão em direto a 360 graus, mas na maior parte dos casos o que vamos usar são imagens geradas por computador como nos jogos. A realidade virtual transporta-nos sem sairmos de onde estamos, com imagens reais ou construídas.
Realidade aumentada – quase ao contrário, é quando acrescentamos elementos virtuais à realidade real, palpavél, em que estamos inseridos num determinado momento. Dito de outra forma, quando aumentamos a informação que a realidade nos mostra por si só. É o Pokemon GO, que colocou milhões à caça de bichinhos de todas as cores e feitios e fez sair de casa muitos jogadores de computadores inveterado, de telemóvel na mão. Antes disso existiam os Invizimals da PSP (PlayStation Portable), que já permitiam espalhar monstrinhos nos quartos das crianças, ou comandar lutas de personagens virtuais no jardim e no parque de estacionamento. Na nossa mão, a PSP é usada como uma janela que nos mostra a realidade com a sua câmara mas à qual vai sobrepor personagens virtuais. A PlayStation propriamente dita também tem algumas demos muito divertidas em que a câmara mostra a nossa imagem, tipicamente na sala da TV, e que permite interagir com bonecos virtuais. Neste caso a janela está fixa. É mais banal do que parece se aceitarmos como realidade aumentada os visores dos militares que sobrepõem informação ao que os rodeia, ou no caso dos telemóveis as muitas apps que nos permitem apontar a um local e saber mais, há muitas aplicações para turismo ou em museus que o fazem e por cá existe uma bem curiosa, a Sapo Casas. Faz isso mesmo, mostra informação sobre as casas que estão à venda simplesmente apontado o telemóvel para o local certo. Já agora, há quem considere, e provavelmente com razão, os GPS actuais, que recebem informação de trânsito sobre o percurso que vamos fazer, como um excelente exemplo de realidade aumentada de utilidade prática e já muito usada no dia a dia.
Há várias tentativas de colocar este tipo de informação em óculos, o interesse parece óbvio, a prática revela-se difícil. Para já a Google retirou os Google Glass, uma experiência em que víamos um ecrã quase no canto no olho e que mostrou muitas das dificuldades destas tecnologias. Ficamos com um olhar estranho e desatento, ficamos de facto distraidos quando os outros requerem a nossa atenção, e as câmaras são vistas como invasivas. Em armazéns e fábricas é que a tecnologia parece mais promissora como forma de entregar informação mantendo as mãos livres.
A Google tem obviamente projectos muito interessantes nesta área e parece muito avançada na possibilidade de mapeamento em tempo real do que nos rodeia. A realidade aumentada em óculos necessita de mapear muito bem a realidade, de forma a que a sobreposição de elementos virtuais nos pareça credível e confortável.
A Microsoft tem talvez o sistema mais sofisticado, os Hololenses. Não sei se lhes podemos chamar óculos porque são um verdadeiro computador mas usam-se da mesma forma que alguns dos óculos de realidade virtual, como são pesados têm que ser bem ajustados e presos na cabeça. Nos vídeos de demonstração vemos sempre alguém num palco ou uma sala bem real e rodeado por alguns objectos virtuais com os quais interage, vemos isto mostrado por câmaras capazes de mostrar a pessoa que está a usar os Hololenses e aquilo que os óculos sobrepõem ao seu ângulo de visão. É complicado, o que posso dizer é que a imagem que estas demonstrações transmitem é exagerada. Não é falsa, mas é melhor do que a realidade. Já estive em experiências com os Hololenses com e sem interação, e é de facto impressionante. Podemos por um ecrâ de televisão virtual na parede ou personagens de um jogo em cima de uma mesa e eles ficam lá. Podemos abanar a cabeça, andar pela sala, mudar de perspectiva mesmo de forma violenta que a TV ou os personagem tridimensionais ficarão no seu lugar, sem tremeliques. Depois podemos interagir com o virtual, com gestos no ar conseguimos rodar o desenho de uma máquina fixo à nossa frente, fazer com que um ecrã de TV virtual nos acompanhe mesmo quando nos deslocamos. O que nunca é mostrado, não porque seja segredo, mais até por dificuldades técnicas é que olhamos para tudo isto como se o fizessemos pela viseira de uma armadura com um campo de visão ainda muito limitado. Os objetos virtuais rodeiam-nos e temos liberdade para olhar para qualquer lado, mas apenas os vemos numa estreita janela frente aos olhos. A Microsoft prefere falar de mixed reality.
Para já, vamos assistir a uma invasão de realidade virtual, a que descrevi lá em cima. As consolas a começar pela PS4 (em demonstração em Lisboa, à venda no dia 13 de Outubro) estão a apostar a sério em jogos imersivos, algumas marcas de telemóveis também, com a Samsung a oferecer óculos na compra dos seus topos de gama. Estão a surgir também em força as câmaras de 360 graus para fazermos fotografias e vídeos caseiros para ver nos óculos de realidade virtual. Alguns meios de comunicação como o New York Times e a SIC têm lançado sobretudo vídeos a 360 graus.
Há ainda dificuldades, enjoamos quando a informação dos nossos olhos contradiz o ouvido em termos de equilíbrio, por exemplo, quando estamos parados numa cadeira e a ver imagens imersivas de um voo ou de uma montanha russa. Muitas pessoas não gostam de experiências prolongadas de realidade virtual.
Em teoria seria de esperar que nos próximos tempos técnicas de realidade aumentada como as dos Hololenses avançassem também muito, vi recentemente a demonstração da Thyssenkrups, mais conhecida pelos elevadores e escadas rolantes, a empresa tenciona melhorar tempos de manutenção fornecendo Hololenses ao técnicos que assim têm informação adicional em mãos livres e podem aos mesmo tempo consultar especialistas via Skype mostrando o que estão a ver nas máquinas à sua frente. Mais adiante será interessante se bem que seja complexo, programar jogos para fazer sair zombies já não de um ecrã mas diretamente das portas e janelas da nossa casa… ou pensando bem, talvez não.