1. É unanimemente reconhecida a importância que na vitória de Trump, assim como nas vitórias de outros candidatos “populistas” de direita mais ou menos (pelo menos…) radical, têm tido as redes sociais. Através da utilização de métodos que nada têm a ver com a defesa séria de qualquer ideologia ou “ideia”, com o objetivo de convenceram os cidadãos de serem elas as melhores para a sua opção democrática através do voto. Pelo contrário, em geral estamos perante simples manipulação, amiúde se servindo da mentira e do “discurso de ódio”.
No caso norte-americano houve a especificidade de o maior propagandista/financiador de Trump, Elon Musk, o homem mais rico do mundo, ser até o “dono” da poderosíssima X, ex-Twitter. Que ele próprio vasta e variadamente utilizou. Até inventando e espalhando “teses conspiratórias” sobre a responsabilidade da Administração Biden, de que a sua adversária Kamala Harris é vice-presidente, nos furacões Helene e Milton!…
2. Neste momento, em que decorre a COP29, é uma evidência um daqueles mais graves perigos ser o que se prende com a preservação do ambiente, com as mudanças climáticas. De facto, segundo a Organização Meteorológica Mundial, 2024 será, a nível planetário, o ano com temperatura média mais alta de sempre, ultrapassando em 1,5 graus Celsius o aquecimento em relação aos níveis pré-industriais – quando esse era o limite desejável fixado, na conferência de Paris de 2015, para o fim do século.
Os tremendos efeitos desta situação já se fazem sentir em todas as latitudes, e agora mesmo, bem perto de nós, na vizinha Espanha, tivemos a prová-los a tragédia de Valência. Ora, com Trump senhor absoluto dos EUA, país grande “poluidor” e decerto o que podia/devia dar o maior contributo, inclusive financeiro, para combater esta caminhada para o abismo, a perspetiva é só a da aceleração dessa caminhada.
REDES SOCIAIS E volto atrás, ao problema, que se tem de considerar gravíssimo, da utilização, sem limites e sem controle, das redes sociais com objetivos manipulatórios, desonestos, mesmo criminosos. E, no que para aqui interessa, potencial e progressivamente destruidora da democracia e de uma sociedade civilizada – do respeito pelo(s) outro(s), da tolerância, dos valores consagrados na Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Quando falo de “sem limites e sem controle” já não estou a pensar em ética, verdade, “decência”, mas só em legalidade. Sei que a questão é muito complexa, já tem sido bastante debatida, é dificílimo arranjar soluções, que serão sempre polémicas e muito atacadas. Desde logo por aqueles que hoje, através das redes sociais têm enormes influência e força. Mormente junto do poder político que, pelas razões aduzidas e outras, lhe têm um enorme medo…
Assim, como defender a democracia? Que fazer para pôr termo a tal estado de coisas? Obviamente não tenho a resposta, mas penso que quem legisla e quem governa tem de encarar o problema a sério e tomar medidas adequadas. Haverá, já se sabe, os que face a qualquer normativo que vise impedir e/ou punir os abusos e crimes cometidos nas redes sociais, virão acusá-lo de atentado contra a liberdade de expressão, de censura. Mas, sem prejuízo de haver algum inocente que de boa-fé os acompanhe, os “acusadores” são exatamente os que querem acabar com a liberdade de expressão, que para o efeito usam, e querem que haja censura. Numa das suas novas formas, como a da propriedade dos meios de comunicação concentrada no grande poder económico/político.
ELON MUSK Concentrada nos “novos disto tudo”, como o dito Elon Musk, que se considera acima da própria lei. No Brasil, por exemplo, desobedecendo assumida e frontalmente a uma decisão do Supremo Tribunal. Enquanto vai intervindo, com os métodos referidos, na vida política de vários países, sempre em favor de destemperados “ultras”, e enquanto vão prosperando os seus negócios. E como será então daqui para a frente, espécie de nº 2 do futuro poder nos EUA?
LEONOR BELEZA Admira-me o relativamente pouco relevo que foi dado ao regresso de Leonor Beleza à vida política ativa – e logo como nº 2 do partido, de que desde há muito é figura de relevo, a certa altura a mais querida e aplaudida.
E admira-me, não só ou não tanto por ser caso raro, não sei mesmo de único, a presidente executiva de uma grande e benemérita Fundação (a Champalimaud) vir ocupar tal cargo político, executivo, como pela importância que isso tem ou deverá ter para o PSD. Este regresso de Beleza foi, em meu juízo, de longe o mais significativo do Congresso.
A ex-ministra declarou, mais uma vez, que nem sequer põe a hipótese de ser candidata à Presidência da República. Não tenho dúvidas que ela seria a(o) melhor candidata(o) que o PSD poderia apoiar. Quanto ao resto, voltarei ao assunto…
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