Apesar do espírito olímpico, do ideal de paz e de união entre os povos, os tempos estão demasiados extremados e não aconselham, por isso, entusiasmos nacionalistas. Nesse sentido, concedo de bom grado que o título que escolhi para esta crónica – Vive la France! – padeça de um certo grau de imprudência (ainda por cima enfatizado com um ponto de exclamação, que deve ser usado com parcimónia, de acordo com os cânones da melhor escrita jornalística). Ainda assim, arrisco usá-lo, na esperança de que, no decorrer destas linhas, me consiga fazer entender (também conto com a boa vontade dos leitores, a quem, desde já, agradeço).
O exagero do título resulta apenas do entusiasmo que senti ao ver a abertura dos Jogos Olímpicos. Desde logo, pela ousadia com que, pela primeira vez na história das Olimpíadas, a organização levou a cerimónia para fora de um estádio: como sempre, atletas e artistas brilharam, mas desta vez quem mais brilhou foi o Louvre, a Torre Eiffel, o Grand Palais, a Notre-Dame, a Concórdia, a Pont des Arts, a Pont Neuf… Ao ser deslocado para as margens do Sena e para as ruas de Paris, o habitual espetáculo de luzes e de som transformou-se também na celebração de uma cidade – e, por sinal, uma das mais bonitas do mundo.