A fórmula não é nova, mas já demonstrou ser vencedora: a união de personalidades de vários quadrantes da sociedade civil que se colocam à disposição para ajudar o País a evoluir. Há alguns anos foram notáveis como António Carrapatoso, o historiador Rui Ramos, o advogado Jorge Bleck, entre muitos outros, quem se propuseram a realizar, debater e contribuir com propostas para uma alternativa de governo do PSD.
Hoje essa missão está apartidária e, num modelo muito semelhante ao que se faz lá fora, são os Chief Portugal Officers quem se apresenta como um grupo de empresários, gestores e empreendedores unidos pela ambição e missão de trabalhar por um Portugal melhor.
Deverá estar a pensar o mesmo que eu! Todos queremos um Portugal melhor. Então, o que têm ou fazem estes Chief Portugal Officers de diferente?
Pois bem, a começar, já editaram um livro – O Futuro é Hoje – uma nova visão para Portugal –onde apresentam propostas concretas para mudanças efetivas, soluções passíveis de serem concretizadas para reformas urgentes. Depois reúnem amiúdas vezes e convidam uma personalidade para abordar um tema. A lista de convidados é extensa e vai da esquerda à direita, mas sempre com um objetivo: aprender e colher ideias para um Portugal melhor.
Depois, são sociedade civil que sente no dia-a-dia o País real, que conhece as assimetrias regionais, que investe, trabalha e gera emprego, que sabe o quanto ingredientes como qualidade, inovação, compromisso no local de trabalho e reformas estruturais podem fazer diferente na sociedade, nas empresas que concorrem num mundo cada vez mais global.
Se alargar o olhar ao que a sociedade civil faz diariamente, haveria muito para listar. Mas basta uma viagem à noite pelas ruas de Lisboa para ver algum desse trabalho, realizado junto de pessoas em situação de sem-abrigo. É um trabalho duro, feito em forma de hobby, mas que representa ajuda a quem nada tem.
Por quanto tempo mais iremos ter na Almirante Reis, por exemplo, pessoas a dormir dentro de caixas de cartão, enrolados numa espécie de cobertores, em tendas que são montadas nas arcadas dos prédios ou junto à garagem de acesso ao Banco de Portugal? Por quanto tempo mais as arcadas de edifícios emblemáticos serão o quarto e a sala de imigrantes para quem Portugal é o “el dorado”, ou de portugueses que tudo perderam e hoje apenas têm o rótulo de “sem-abrigo”?
Temo que a cidade que se prepara para receber as JMJ, que se vende como postal ilustrado, que é o sonho dourado para muitos imigrantes, venha a receber mais pessoas em situação de sem-abrigo, cidadãos nacionais ou de outros países que deixam de conseguir honrar os seus compromissos. Alguns destes casos serão solucionados pela sociedade civil. A mesma sociedade que contribui para os muitos pedidos de ajuda que chegam diariamente. Mas, não será chegada a hora de se perceber o que fazem, qual a verdadeira missão das instituições públicas que têm a missão de ajudar? Alguns dos relatos de pessoas em situação de sem-abrigo referem ser preferível dormir na rua em vez de abrigos oficiais.
Falhamos como sociedade, quando ao passar perto das lojas do cidadão encontramos acampamentos de pessoas (maioritariamente emigrantes) que têm que dormir à porta, para conseguirem ser atendidos no dia seguinte.
Desafie-se a sociedade civil a pensar e a fazer e, estou certo, as reformas acontecem!
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