<#comment comment=”[if gte mso 9]> Normal 0 false false false MicrosoftInternetExplorer4 <#comment comment=”[if gte mso 9]> <#comment comment=” /* Style Definitions */ p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal {mso-style-parent:””; margin:0cm; margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:12.0pt; font-family:”Times New Roman”; mso-fareast-font-family:”Times New Roman”; mso-ansi-language:PT; mso-fareast-language:PT;} @page Section1 {size:595.3pt 841.9pt; margin:70.85pt 3.0cm 70.85pt 3.0cm; mso-header-margin:35.4pt; mso-footer-margin:35.4pt; mso-paper-source:0;} div.Section1 {page:Section1;} “> <#comment comment=”[if gte mso 10]> Com a vitória eleitoral dos republicanos em Massachusetts, a imprensa mundial, de larga maioria conservadora, para não dizer reaccionária, rejubilou. Foi a derrota do incómodo Barack Obama, que levantou tantas esperanças – e ilusões, atreveram-se agora a dizer – com a sua vitória de há um ano. Os comentadores suspiram de alívio, mesmo no nosso canto europeu, normalmente indiferente ao que se passa no mundo… A própria Esquerda radical, que dificilmente suportou que o vento progressista soprasse dos EUA, se aliou à Direita para concluir, antes de tempo, que Obama está prisioneiro do complexo industrial-militar e dos grandes lóbis financeiros, não podendo cumprir as suas promessas.
Contudo, dias depois da vitória de Scott Brown, Obama reagiu e deu razão à crítica de muitos dos seus eleitores: que tinha salvo os bancos, injectando milhões de dólares no sistema para o salvar, sem valer às vítimas: os contribuintes. E daí partiu para a defesa destes, atacando, nas suas falhas, Wall Street. Pôs-se, assim, ao lado de Main Street, as pessoas, contra Wall Street, o sistema financeiro, responsável pela crise. Finalmente! Para que tudo não fique na mesma ou com simples mudanças aparentes, sem se tocar nas causas essenciais: os paraísos fiscais; os prémios milionários dos gestores; as grandes negociatas especulativas, as bolhas de diferente natureza, a impunidade dos corruptos e dos corruptores… Um exemplo que Portugal também deve ter em conta.
Barack Obama propôs-se regulamentar o sistema bancário. E anunciou as suas ideias com clareza. O momento escolhido foi o melhor. Goldman Sachs tinha acabado de anunciar ganhos excepcionais de 4,8 mil milhões de dólares, no 3.° trimestre de 2009, acima das previsões, e 16,2 biliões de emolumentos, bónus e salários a repartir pelos quadros. E num sistema democrático, livre, a cólera das pessoas em dificuldades – e das vítimas das especulações financeiras – não se fez esperar…
Obama anunciou ainda a separação entre bancos comerciais, abertos aos depósitos públicos e que não devem especular com eles, e bancos de investimento ou de negócios. Também pretende que todos os bancos sejam diminuídos no seu tamanho, para em caso de dificuldade o Estado não ter que os intervencionar para salvar da falência, como foi o caso durante o início da crise. Por isso aposta na regulação do sistema financeiro, com normas estritas e põe em causa os paraísos fiscais, que os bancos não poderão, de futuro, utilizar. Porque é por aí que passam as grandes especulações…
Diga-se que os mercados financeiros americanos e europeus entraram em baixa – e em turbulência – a seguir ao discurso de Obama. Mas o prémio Nobel Joseph Stiglitz saudou as medidas anunciadas, como outros economistas europeus e americanos. Entrou-se, assim, numa nova fase. Veremos o que se irá seguir… Como aqui tenho escrito, a saída da crise passa por um novo modelo de desenvolvimento, que regularize o delírio do capitalismo especulativo, que concentra a riqueza nas grandes empresas multinacionais, sem regras éticas, criando cada vez mais pobreza, desigualdades sociais, desemprego e uma inevitável crispação no mundo do trabalho e dos que o não conseguem, mesmo com grandes qualificações profissionais.
O sinal dado agora por Obama é fundamental. E terá, espero, consequências positivas na União Europeia. Se assim não for, o Ocidente entrará em inevitável decadência perante um mundo multilateral em que os Estados emergentes contam cada vez mais. Portugal, no momento difícil que atravessa, deve ter cuidado com o aumento da dívida pública e o endividamento das famílias. Mas, mais ainda, com o mundo do trabalho, com crescente desemprego, a precariedade, a pobreza e o risco de falência das pequenas e médias empresas. Nas negociações que decorrem, para aprovação do Orçamento, não o deve perder de vista. E como Sócrates provou que aprende bem – e depressa – será bom que reflicta na corajosa mensagem que Barack Obama acaba de dirigir ao mundo. E que também se aplica a Portugal.