De vez em quando aparecem como relâmpagos de esperança neste país sombrio, que não é um país, é como dizia o Eça: “um sítio mal frequentado”.
São os pequenos grandes portugueses.
Algures nesse país profundo, um idoso rapinou uma lampreia num supermercado e um urologista lançou um ensaio clínico de 300 páginas sobre o pénis.
Ambos representam o génio português no seu esplendor, laborioso, inventivo e sempre capaz de surpreender.O surrealismo rapinante de velho Houdini ao meter uma lampreia nas calças, só encontra paralelo nessa opus magnum do ensaio clínico que se dedica a tirar a lampreia das calças e medi-la aos palmos.
A história do pénis português recebe valioso contributo, como aliás todos damos, quando mandamos um soslaio “en passant” nas casas de banho públicas, com o único interesse académico de fazer “direito comparado”. O ladrão de enguias e o doutor da pila são dois portugueses que nos fazem acreditar num futuro melhor, com arroz de lampreia à farta e uma vida sexualmente activa. Isto, para quem desconfia de banqueiros de carreira londrina ou de treinadores de futebol que agradecem a Deus ter sido privados de modéstia. Cada um com os heróis que merece.