No Parque Urbano do Barreiro, junto ao Tejo, em tarde soalheira com temperaturas a anunciar o Verão, está-se bem. Crianças jogam à bola, mães passeiam os bebés, jovens preguiçam e tagarelam sentados em puffs espalhados na relva junto ao café da moda, ginastas de trazer por casa esforçam-se à séria para se manterem fit… O ambiente não podia ser mais relaxante. E a cereja em cima do bolo? O horizonte aberto com o rio lá dentro, a perder de vista.
Foi este diamante em bruto que Alain Gross identificou, assim que percorreu pela primeira vez a zona ribeirinha da cidade, quando procurava terrenos onde edificar um projeto de luxo do mesmo nível dos vários que já tinha lançado no coração de Lisboa. Ser estrangeiro permitiu-lhe neutralizar os (muitos) preconceitos que ainda existem em relação à margem sul e avaliar, sem filtros, o potencial real de uma localização que está a escassos 15 minutos da Praça de Comércio (por ferryboat) e onde é possível construir casas a metade do preço do que está a ser praticado em Lisboa. E em grande estilo.
O CEO do grupo suíço Solid Sentinel gosta de dizer que o NOOBA (de Novo Barreiro), o projeto de 130 milhões de euros com mais de 500 casas que colocou o Barreiro novamente no mapa dos promotores, está a ser construído dentro da lógica do IKEA, o gigante do mercado de mobiliário, onde trabalhou vários anos.
“Estive 17 anos no grupo IKEA, onde a toda a hora se fala do democratic design, o design democrático. Onde a lógica é a de que as pessoas não precisam de uma cadeira assinada pelo Philippe Stark, que custa €3.000, quando podem ter peças de democratic design, a custos muito inferiores, desenhadas pela equipa da IKEA. E é precisamente esta lógica que queremos aplicar aqui no NOOBA – dar às pessoas ‘luxo democrático’ mas aplicado ao imobiliário”, sublinha o responsável da Solid Sentinel, emoresa fundada pelo The Capvest Group, promotor imobiliário com sede em Genebra, na Suíça e a Sogefonds, empresa especializada em empreendimentos imobiliários de luxo.
Percebe-se o porquê da comparação. A localização do NOOBA, na primeira linha do rio, frente ao aprazível Parque Urbano, associada a uma construção efetivamente posicionada para o segmento superior, com apartamentos espaçosos, terraços vista-rio e mordomias únicas como uma piscina de 25 metros e uma pista de jogging nas alturas, na cobertura do edifício, está acessível a metade do preço do que está a ser praticado no centro de Lisboa. Que fica à distância de uma travessia de 15 minutos de barco.
O primeiro edifício – o Nooba Horizonte – dos dois que vão ser construídos na primeira fase do empreendimento, com preços a partir dos 189 mil euros (T1), já vai nos 60% de comercialização. O segundo edifício, o Nooba Jardim, foi lançado na semana passada e as tipologias começam no T2 até ao T4 duplex.
Em conjunto, os dois edifícios terão 127 unidades com conclusão (de ambos) prevista para a segunda metade de 2024. Mas o projeto a longo prazo prevê nove edifícios e um total de 518 apartamentos, o maior em curso na Margem Sul e um dos maiores em todo o país.
“As pessoas achavam que eu estava maluco quando resolvi apostar num projeto desta natureza no Barreiro. Mas segui a mesma estratégia quando, em 2016, resolvi avançar para um dos nossos edifícios que temos em Lisboa, no Desterro. Eu espantava-me como é que era possível existir preconceito imobiliário com uma zona que está a cinco minutos da Rua Augusta, da Baixa nobre de Lisboa… Também nessa altura as pessoas diziam que eu estava maluco… Hoje comprar casa ali é caríssimo… E senti o mesmo aqui”, graceja o promotor, lembrando a primeira vez que percorreu a Avenida da Praia, que ladeia boa parte da zona ribeirinha do Barreiro.
“Nem queria acreditar, fiquei enamorado. É magnífica e, porém, tem tudo por fazer. O potencial é enorme, basta ter visão. É preciso quebrar o preconceito que existe em relação à Margem Sul”, diz o responsável, que sempre que se desloca ao local para acompanhar o curso da obra faz questão de apanhar o barco na Praça do Comércio em direção ao terminal fluvial do Barreiro, espantando-se com alguns dos seus colaboradores que teimosamente ainda insistem em deslocar-se de carro. “Começar o dia a andar de barco e terminar um dia de trabalho da mesmo modo é uma forma de deitar fora o stress. Porque razão se prefere andar 45 minutos de carro (ou mais em hora de ponta), com chuva, com calor, com poluição, a apanhar buzinadelas e o mau humor dos condutores?”, questiona, bem-humorado.
Assim, em 2019, a certeza do que para ali perspetivou, levou o CEO da Solid Sentinel a adquirir não um mas nove lotes de terreno, dois dos quais já com os mencionados edifícios em construção.
Preferindo não adiantar o valor dos terrenos, Alain destaca antes o momento em que decidiu sair da capital para investir numa periferia. “Desisti de investir em Lisboa quando constatei que o valor por metro quadrado do terreno ou edifício por reabilitar já tinha chegado aos €2.000. Se juntarmos mais 2000 ou €2500 para a construção, o valor de venda terá forçosamente de rondar os €6000. Aqui no Barreiro estamos a vender a uma média de 3200 ou 3.300 o metro quadrado e por isso conseguimos chegar às famílias portuguesas”, conta à Visão Imobiliário.
Atualmente com um rácio de comercialização a rondar os 57% de clientes investidores e 43% de futuros residentes, o Nooba tem neste momento uma representatividade de 65% de compradores portugueses. Muitos daqueles que compraram para arrendar, alguns deles a morar em Lisboa ou Oeiras, já se imaginam a quebrar o famigerado preconceito e a trocar as voltas aos planos iniciais quando o edifício estiver concluído, afiança o gestor.
À semelhança do primeiro edifício, também o ‘Jardim’ foi desenhado pelo arquiteto Miguel Saraiva, contando com acabamentos de luxo e varandas avantajadas, um complemento que se tonou indispensável desde a pandemia. “O arquiteto Miguel Saraiva conseguiu respeitar a luz, o rio e a simplicidade com um desenho intemporal, moderno e discreto. Não faz sentido estragar a natureza a construir algo feio. Queríamos dar qualidade visual a esta localização”, realça Alain Gross.
O edifício ‘Jardim’, cuja primeira pedra foi lançada na semana passada, é composto por um total de 65 apartamentos, entre T2, T3, T3 Duplex, T4 e o T4 duplex. Os valores começam nos já citados 299 mil euros (T2) e vão até aos quase 1,3 milhões no caso dos T4 duplex, os mais caros, onde o luxo é complementado com uma piscina privativa e uma área exterior de terraço de quase 250 m2.
A Solid Sentinel está em Portugal desde 2014 e, para além do NOOBA desenvolveu quatro projetos de luxo, todos em Lisboa (Actor Tasso, Vale Pereiro, Desterro e Viriato), um dos quais (Vale Pereiro) foi premiado como a “melhor remodelação em Portugal” pelos European Property Awards.