São maioritariamente mulheres, faturam em média 4.900 euros por ano e a maioria usa o dinheiro faturado com os turistas para fazer face às despesas familiares mensais. Estas são algumas das características do anfitrião-tipo da plataforma Airbnb que, em comunicado hoje divulgado, pede ao Governo português ponderação na implementação das medidas restritivas impostas ao Alojamento Local (AL) no âmbito do polémico pacote ‘Mais Habitação’.
Para contribuir para essa ponderação, a Airbnb listou algumas das conclusões de um dos seus estudos mais recentes que desmontam a ideia errada que alguns partilham sobre o AL. Começando desde logo pelo impacto que se julga ter sobre o mercado das duas principais cidades do País. “Em 2022, quase dois terços das noites reservadas em Portugal correspondem a estadias fora dos dois principais centros urbanos do país (Porto e Lisboa)”, refere-se no comunicado, acrescentando ainda que as unidades que estão localizadas nas duas cidades contribuíram com mais de 40 milhões de euros em imposto turístico entre 2016 e 2022.
Quanto ao perfil, diz a Airbnb que em Portugal, “a grande maioria dos anfitriões[(8 em cada 10) listam apenas uma única casa ou um quarto, quase metade dos anfitriões afirma que o rendimento adicional que ganham com o alojamento ajuda-os a pagar as suas próprias casas e as restantes despesas e 54% indicou que utiliza o rendimento que ganha como anfitrião para realizar melhoramentos ou renovar a casa.
Em 2021, “o anfitrião comum em Portugal ganhou cerca de 4.900 euros por ano, um rendimento que equivale a aproximadamente quatro meses do salário médio no País”.
O impacto que a plataforma Airbnb está a ter nas comunidades em Portugal[“está a beneficiar principalmente as mulheres e os pequenos negócios: 51% dos anfitriões identificam-se enquanto mulheres”, é realçado no estudo.
O impacto na economia local reflete-se na criação de 39 mil postos de trabalho, fora os indiretos. “Os anfitriões contribuem para que os hóspedes descubram a região onde estão alojados: 82% dos anfitriões fizeram recomendações de serviços perto do seu alojamento, 70% recomendam aos hóspedes que visitem locais menos conhecidos e, em consequência, cerca de metade das despesas totais dos hóspedes (excluindo o alojamento) correspondem a serviços nas proximidades dos seus alojamentos”.
Monica Casañas, Diretora Geral da Airbnb Marketing Services SL referiu que a Airbnb já está a trabalhar com decisores políticos no estabelecimento e aplicação em toda a UE de regras para o arrendamento de curta duração “harmonizadas, justas e transparentes” que desbloqueiem oportunidades económicas para os anfitriões do dia-a-dia e deem aos governos a informação de que necessitam. “A Airbnb apoiará regras locais que sejam coerentes com esses princípios e espera que a próxima consulta pública em Portugal as tenha em consideração. Esperamos trabalhar de perto com as autoridades em Portugal durante os próximos meses”, afirmou ainda a responsável.
“Ser anfitrião tornou-se uma boia de salvação económica para muitas pessoas em Portugal e um fator fundamental para os ajudar a suportar os custos de vida crescentes”, diz o comunicado, lembrando que a Airbnb “é sensível aos desafios históricos da habitação e do turismo em algumas cidades de Portugal e quer trabalhar com o governo para ser parte da solução” mas pede cautela em relação a “regras desproporcionadas que podem excluir os portugueses dos benefícios do alojamento”.