A procura no mercado de escritórios de Lisboa no 1º semestre de 2020 reflete o período pré-COVID, onde foram colocados cerca de 84.433 m² que representam os negócios realizados e negociados antes e durante o período de confinamento, resume-se no mais recente balanço da consultora Worx.
“Os primeiros três meses do ano não poderiam ter corrido da melhor forma com o arrendamento empresarial na capital a alcançar o maior volume de absorção desde que há registo – cerca de 43.934 m2“, diz a consultora, no entanto, após decretado o estado de emergência, e com a pandemia a impor restrições e a criar incerteza, “as decisões prolongaram-se, registando um decréscimo no número de negócios (-41% face ao período homólogo de 2019) e fechando o volume de absorção semestral com uma variação homóloga negativa de 23% quando comparado ao 1º semestre de 2019.
A ocupação da Zona 1 (Prime CBD – Eixo da Avenida da Liberdade) representou cerca de 26% do volume semestral, seguido da Zona 2 (CBD – Eixo da Av. da República, Av. Duque de Loulé e zona das Amoreiras) com uma fatia de aproximadamente 18%; enquanto as zonas 5 (Parque das Nações), 6 (Corredor Oeste – Eixo da Autoestrada Lisboa-Cascais) e 7 (outras zonas não delimitadas) distribuíram-se cada uma com um peso na ordem dos 16-17%.
“Face ao período homólogo de 2019, a maioria das zonas registaram decréscimos este ano, sendo a maior descida (quase 42%) assinalada na Zona 3 (, que, por sua vez, também apresenta uma das menores taxas de disponibilidade no mercad”, refere-se na análise. A zona 3, refira-se, abrange todo o Eixo do Campo Grande à 2.ª Circular, zona de Benfica, Praça de Espanha e Sete Rios.
Desde 2013 que a taxa de disponibilidade tem vindo a marcar uma trajetória descendente devido à elevada procura no mercado de escritórios, chegando a atingir um mínimo histórico de aproximadamente 5,3% no final de 2019, realça a consultora. Contudo, com a entrada de novos edifícios no stock e libertação de espaços após o período de confinamento, a taxa de disponibilidade subiu neste 1º semestre para 6,3%.
“Este ano é previsível assistirmos a uma variação negativa na ordem dos 30p.p. no take-up, (arrendamento) registando cerca de 130.000 m2 de volume absorvido. Em 2021 deveremos assistir a uma variação semelhante, retomando um crescimento médio de aproximadamente 20% ao longo dos próximos três anos. De 2020 a 2024 a vacancy rate (taxa de disponibilidade) deverá assumir uma tendência crescente, subindo cerca de 7% até ao final de 2020 devido à redução de espaços por parte das empresas na ótica de redução de custos e/ou por optarem pela via do teletrabalho”, realçou Pedro Salema Garção Head of Agency da consultora Worx, acrescentando que a partir de 2021 a taxa de disponibilidade deverá subir cerca de 9%,.
Recorde-se que o número de edifícios em pipeline sob construção projeta cerca de 204.900 m² para 2020/22, dos quais 19.181 m2 (9,4%) já estão concluídos.
“Ao longo dos últimos anos temos vindo a assistir a um aumento gradual das rendas prime, suportado pela elevada procura e pela pouca oferta de qualidade de novos edifícios no mercado de escritórios de Lisboa. Contudo, face aos recentes eventos e derivado ao período de confinamento, e devido à falta de ocupações (comparáveis), o 2º trimestre mantém a renda prime nos 24€/m2/mês, uma descida de 1€/m2/mês face ao ano de 2019”, aponta Pedro Salema Garção.
O setor dos “serviços financeiros” foi responsável por cerca de 41,3% do volume arrendado, seguido do setor de “serviços a empresas” com aproximadamente 28,7% e das Tecnologias de Informação a representarem outra fatia significativa, mas de menor peso (cerca de 16,1%) sobre o volume total.
Realça ainda a consultora que ao longo deste semestre, o mercado de arrendamento das outras praças europeias também foi condicionado pelo período de confinamento e incerteza gerada relativamente à necessidade de espaços por parte das empresas. De acordo com os dados do BNP Paribas Real Estate, parceiro da Worx – Real Estate Consultants, entre as maiores descidas estão as cidades de Roma (com uma variação homóloga de -71,5%), seguida da cidade catalã de Barcelona (-65,6%), Bucareste (-57,6%), Frankfurt (-52,7%), Madrid (-50,5%) e Hamburgo (-50,3%).
Por outro lado, entre as menores variações semestrais, destaca-se Amesterdão ( -14,6%), acima de Varsóvia (-15,6%), Berlim (-18,4%), Lisboa (-23,3%) e Munique (-23,8%). O maior volume de absorção aponta mais uma vez para a capital francesa, seguida da capital inglesa que ocupa a segunda posição, mas com volumes de absorção semelhantes a Berlim e Munique.