É a expetativa do momento para o setor imobiliário – até quando aguentarão os preços de venda das casas perante a degradação do poder de compra dos portugueses provocado pela pandemia? E a resposta é que neste primeiro semestre o impacto da menor procura ainda não se reflete nos valores de venda mas a maior oferta de casas para arrendar (agora vazias de turistas) já começa a ser visível nas rendas, que tendem gradualmente a baixar.
O ‘Market Report’ da Casafari, empresa especializada em dados do mercado imobiliário, divulgado esta manhã, mostra que os preços das rendas já começaram a descer em Lisboa e no Porto. “O segundo trimestre do ano registou um aumento significativo do número de apartamentos disponíveis para arrendamento”, sublinha-se no ‘Market Report’, lembrando a canalização de casas de alojamento local para a opção de arrendamento de mais longa duração neste período.
Arrendar um apartamento em Lisboa no mês de janeiro, no momento pré-Covid, custava, em média 1298 euros e em abril, em plena pandemia os valores já apresentavam um desconto de cerca de 50 euros. Em junho esse valor médio caiu ainda mais para 1133 euros, ou seja, um “desconto” de quase 165 euros em relação ao início do ano. Valores que são apurados tendo em conta os anúncios publicados de todas as tipologias disponíveis.
Em relação ao Porto, quem arrendou uma casa no início do ano pagou em média 890 euros mensais, valor que desceu quase 100 euros em abril, estando agora em cerca de 763 euros. Ou seja, menos 127 euros em relação a janeiro.
Valores que já refletem a descida e até mesma a paragem total nos meses de abril e maio no número de turistas que chegavam a Portugal e animavam o alojamento local. Uma queda abrupta que está a levar muitos proprietários a colocar os seus apartamentos no mercado de arrendamento de longo prazo ou do chamado ‘mid term’ (até 12 meses não renováveis) e que lhes permite regressar à exploração turística quando a pandemia estiver controlada.
Os dados mostram ainda que entre janeiro e junho, o número de apartamentos em Lisboa para arrendar passou de 7.050 para 9.422. Já no Porto, dos 1.720 que existiam no início do ano, chegou-se quase aos 3.000 (mais precisamente 2.986) no mês de junho.
De destacar que, no arrendamento, o distrito mais caro, continua a ser Lisboa – 15€ por m2 – , seguido por Porto – 10€ por m2 – e Faro, com 8€ por m2.
Nas vendas, os preços resistem a baixar
Quanto aos preços de venda, o estudo elaborado pela proptech portuguesa revela que estes não só resistem como até subiram ligeiramente nos seis primeiros meses de 2020: +5% nas casas e +1,12% nos apartamentos a nível nacional.
Os concelhos de Lisboa, Cascais e Oeiras foram, dentro da Grande Lisboa, aqueles que apresentaram o preço médio de venda mais elevado, €527,687, €454,687 e 333,857€, respetivamente. E por freguesias, na capital, Belém foi aquela que se destacou com a maior subida dos preços de vendas, com 6,94%, seguida do Beato (5,87%) e Parque das Nações (5,30%).
O concelho do Porto (€259,423), Matosinhos (€238,545) e Vila Nova de Gaia (197,842€)) destacam-se por serem os concelhos com o preço médio de venda mais caro no norte.