Neozelandês, arqueólogo, especialista em datação por radiocarbono, diretor do laboratório de investigação da Universidade de Oxford, nos últimos 20 anos (até o Brexit o ter empurrado para Viena), Tom Higham esteve em todas as escavações arqueológicas que contam a História da Humanidade. Autor do livro O Mundo antes de Nós – Como a Ciência Está a Descobrir uma Nova História para as Origens Humanas (Desassossego, 288 págs., €18,80), desbrava aí a História do Período Paleolítico (ou Antiga Idade da Pedra), quando o Homo sapiens se cruzou, defende, com outros hominídeos que ainda hoje estão presentes no nosso ADN.
Das várias espécies de hominídeos que existiram, só o Homo sapiens sobreviveu. Somos especiais?
As investigações colocaram-nos sempre no topo da pirâmide como a espécie animal mais importante: “Somos os escolhidos, somos os excecionais!” O que se está a tornar cada vez mais evidente é que, além dos nossos atributos culturais admiráveis, somos como quaisquer outros animais: o resultado de muitas misturas e cruzamentos. E a verdade é que interagimos com outras espécies, nomeadamente com os neandertais (que tinham igualmente culturas fortes) e com os denisovanos – facto que conhecemos há uns 12 anos apenas. Mas sempre que se encontravam, estes diferentes grupos de hominídeos comunicavam entre eles. Outro dado interessante que surgiu nestes últimos anos é que, em vez de o Homo sapiens ter chegado às planícies africanas e eliminado as outras populações, tal como fazem as espécies invasoras, este processo de substituição foi muito mais lento e longo, ou seja: o Homo sapiens não era tão superior como pensávamos.