Nas últimas cinco semanas, a capital ucraniana tornou-se o centro das atenções, e os seus habitantes, um exemplo de coragem e de resistência. Desde a invasão russa, na madrugada de 24 de fevereiro, que a vida em Kiev é feita ao ritmo das sirenes, da corrida para os abrigos, do medo dos bombardeamentos, mas, acima de tudo, de um espírito comum de luta e de preservação da vida, mesmo numa nação ameaçada.
Resistir no “bunker” Uma família de cinco pessoas teve de encontrar abrigo num bunker improvisado debaixo do edifício de apartamentos onde habita, na zona noroeste de Kiev. Denis e a mulher, Vita, partilham o espaço com os três filhos (entre os 4 e os 11 anos), junto com mais três famílias. Denis e os outros homens têm as próprias armas. A mulher ajuda a preparar cocktails molotov, para a defesa de todos.
Acompanhar o dia a dia da população de Kiev é, nesta altura, ver como a vida se transforma em função de uma guerra que ameaça estar cada vez mais próxima. Há famílias que resistem em caves, mas as crianças ainda têm tempo – e vontade – para irem brincar no jardim, apesar do barulho das explosões. Há também milhares de populares a organizar a resistência e que não vacilam perante as crateras abertas pelas armas do invasor. E há ainda vidas que começam, indiferentes à guerra: numa maternidade onde o choro e o riso se misturam.