Muito se tem falado recentemente de como os robôs para sexo estão prestes a chegar em força, mas o painel da conferência “Na cama com a Inteligência Artificial: como a tecnologia está a mudar a forma como o fazemos” discorda desta chegada iminente. Para Polly Rodriguez, CEO da Unbound Babes, a disseminação destes robôs não está para breve, mesmo com a utilização crescente de IA neste segmento da robótica. Para a executiva, a IA terá um papel mais importante na educação das pessoas e no combate ao estigma que ainda está associado ao sexo.
Stephanie Alys, cofundadora da MisteryVibes, partilha desta ideia e dá um exemplo prático: quando um casal vê pornografia, é raro encontrar uma cena que agrade de igual modo aos dois elementos, pelo que é aqui que a IA pode entrar em cena e ajudar a descobrir preferências em comum e apresentar resultados consonantes. Contudo, a inventora alerta de que é preciso ter cuidado com os dados com que se alimenta a Inteligência Artificial, pois há a tendência para se confinar a um nicho de mercado que negligencia os inputs das mulheres.
Polly Rodriguez reforça a ideia de dar mais poder às mulheres ao pô-las a desenvolver produtos sexuais, que «serão menos fálicos». Assim, uma melhor educação ajudará a combater o estigma, tal como a disponibilização de produtos a um preço mais baixo. Para isso, a venda direta ao consumidor é fulcral, mas a CEO da Unbound Babes salienta que a tarefa é dificultada pela incapacidade de usar serviços como o Instagram ou o Facebook para essa finalidade.
A mudança cultural assume-se particularmente pertinente quando Polly Rodriguez partilha dados de estudos que referem que a geração Z e os millennials diminuíram em 60% a sua capacidade de empatia (olhar nos olhos das outras pessoas ou interpretar linguagem corporal, por exemplo) nos últimos dez anos. Para Grant Langston, CEO da Eharmony, há ainda outro aspeto preocupante com a utilização das tecnologias na procura de encontros amorosos: o ghosting (quando uma das duas pessoas deixa de responder às mensagens de texto). Para o executivo, «há muitas conversas e poucos encontros reais».
É por isso que Grant Langston defende que «não é pelo facto de se poder fazer uma inovação tecnológica que se deva fazê-la». Ou seja, há a capacidade de criar robôs de sexo, mas há questões mais prementes nas quais a IA pode ser aplicada para tornar a vida das pessoas melhor no campo dos relacionamentos amorosos.