Sim, podem acusar-me de obcecado pelo tema. É verdade que já usei este espaço mais que uma vez para mostrar a minha estupefação pela incapacidade das marcas automóveis europeias assumirem um papel de liderança nas transições energética e digital. Mas todos os dias surgem notícias, artigos e estudos que me deixam cada vez mais preocupado com o futuro de uma indústria que representa, na União Europeia, mais de 100 mil milhões de euros em exportações, cerca de 7% do PIB e é responsável por empregar, direta e indiretamente, 13 milhões de pessoas (dados: ACEA).
Os mais atentos às notícias sobre o tema poderão estar, neste momento, a pensar “mais um com as opiniões críticas de Carlos Tavares às políticas da UE”. Não é o caso. Carlos Tavares até pode ter (alguma) razão quando diz que a UE facilitou a vida à Tesla e às novas marcas chinesas. Mas o que o CEO da Stellantis não diz é que os principais culpados da situação são os líderes das marcas europeias. Estes executivos não podem dizer, em consciência, que foram apanhados de surpresa.