Se fosse uma pessoa, o JPEG estaria agora a conhecer a maturidade. Como é um formato de imagem, os mais de 20 anos de idade já são encarados como uma limitação: Kelly Thompson, gestor do site de partilha de fotos 500px, foi o interlocutor que a Cnet entrevistou a fim de ilustrar o problema: «Os equipamentos que estamos a usar para capturar e mostrar imagens está já a exceder os limites máximos do JPEG». E é perante este cenário que a Apple, a Google, Microsoft, Mozilla e Netflix lançaram mãos à obra emn torno de dois novos formatos de imagem: um que dá pelo nome de HEIC e um segundo que, à falta de um nome definitivo, é conhecido por AV1.
Além da quantidade de informação que consegue comportar, o JPEG tem ainda limitações no que toca ao espetro de cores que pode refletir, e à inserção de texto ou logótipos. O HEIC, que tem vindo a ser desenvolvido pela Apple, promete comprimir para metade o armazenamento necessário para guardar uma imagem no formato JPEG. Este formato pretende funcionar como uma evolução da tecnologia HEVC, que foi criada pelo consórcio HEVC.
Com o novo formato, a Apple pretende disponibilizar as ferramentas necessárias para a integração de efeitos especiais ou de funcionalidades típicas do 3D. Apesar de ter começado a promover o novo formato em 2017, a Apple tem mantido o HEIC num plano mais discreto.
O facto de não abundarem câmaras, telemóveis ou ecrãs que estão no mercado não estão preparados para funcionar com o novo formato. A este fator juntam-se os custos de licenciamento – uma limitação importante, que poderá acabar por reduzir as hipóteses de sucesso do HEIC na Internet.
O AV1 tem dois elementos distintivos no currículo: permite comprimir imagens com uma eficácia 15% superior ao HEIC e tem vindo a ser desenvolvido pela Alliance for Open Media, que conta com a participação da Google, Mozilla, Facebook, Netflix e Amazon. Com estes apoios a Google já poderá ter aspirações a criar um formato com o sucesso que aquele que alcançou com o malogrado WebP, que acabou por ser abandonado, por falta de interesse da indústria. Com o eventual apoio de marcas como a ARM ou a Intel, o grupo poderá ainda garantir uma melhoria de desempenho, mediante a aceleração por hardware.
Além da inserção de elementos gráficos, e de uma espetro de cores alargado, o AV1 deverá garantir uma compressão sem perda de informação e deixa em aberto a extração de imagens de qualidade a partir de vídeos.