A decisão de Pequim em controlar as vendas de gálio e germânio, restringindo as exportações destes componentes para os países do Ocidente, levou as empresas a uma corrida desenfreada para conseguir exceções, fazer stocks e encomendas acima das suas reais necessidades atuais. O anúncio de Pequim, feito há dois dias, tem efeitos práticos a partir de 1 de agosto, com a exportação de gálio e germânio a estar altamente controlada.
A maior parte dos analistas inquiridos não tem dúvidas de que se trata de uma retaliação da China e que pode conduzir a novas disrupções na cadeia de fornecimento de chips para telecomunicações, carros elétricos e outros produtos tecnológicos. “A China apontou as restrições ao comércio onde dói”, assevera Peter Arkell, presidente da Global Mining Association da China.
Paul Triolo, vice-presidente senior da Albright Stonebridge, salienta que a medida é anunciada um dia antes do Dia da Independência dos EUA e antes da visita da Secretária do Tesouro Janet Yellen à China: “foi claramente programada para enviar uma mensagem não-tão subtil à administração Biden de que a China tem um papel muito importante no que toca às indústrias de semicondutores, aeroespacial e automóvel e que poderá e infligirá dores nas empresas americanas”, cita a Reuters.
Do lado europeu, a Comissão Europeia demonstra preocupação com o tema, com o governo holandês a explicar que o impacto das medidas vai depender da forma como estas forem aplicadas.
Arkell realça que “o gálio e o germânio são só dois dos metais menores que são muito importantes para um grande espectro de produtos e a China é o produtor dominante da maior parte destes metais. É fantasioso sugerir que outro país possa substituir a China no curto ou mesmo médio prazo”. Os analistas receiam assim que este seja o primeiro passo que possa conduzir a uma proibição mais ampla de exportação dos minérios raros essenciais para o mundo tecnológico como o conhecemos.
Japão, Alemanha, Holanda, França e EUA foram os países de destino da maior parte da produção destes dois elementos em 2022. Fontes próximas do Ministério do Comércio da China confirma que serão mantidas reuniões com os grandes produtores para discutir estas restrições.