O plano de compensações aprovado pela administração da Tesla em março de 2018 para o CEO Elon Musk, avaliado em 56 mil milhões de dólares e o maior de que há registo, vai ser avaliado no tribunal de Delaware, nos EUA. O volume do pacote destaca-se, mesmo no segmento de pagamentos milionários a CEOs que consiste geralmente de vários milhões de dólares. O plano para Musk inclui pagamentos em várias tranches, de acordo com o atingimento de objetivos previamente definidos pelo Conselho de Administração, sob a forma de ações da empresa.
Depois da aprovação do plano, as ações da Tesla dispararam, colocando Musk a valer mais de 300 mil milhões de dólares em determinado momento. Desde então, também os acionistas beneficiaram do desempenho financeiro da Tesla, com a valorização da fabricante a aumentar mais de 1000 por cento.
O Conselho de Administração da Tesla já defendeu o pacote aprovado em diversos momentos e é expectável que assuma a mesma posição agora em tribunal. A queixa foi apresentada por Richard J. Tornetta, em nome dos acionistas, e acusa Musk de abusar do controlo da empresa e do Conselho de Administração para conseguir um pacote de compensações para “subsidiar a sua ambição pessoal de colonizar Marte”.
Musk entra como CEO da Tesla em março de 2018, numa altura em que a fabricante apresentava potencial, mas enfrentava situações difíceis na cadeia de produção e de distribuição. O plano de incentivos estende-se ao longo de uma década e rapidamente começou a dar frutos, com a Tesla a tornar-se a ação com melhor desempenho financeiro nos EUA em 2020 e com o Model Y a tornar-se o carro mais vendido na Europa mais recentemente. A última tranche de pagamentos a Musk deve ser libertada no início de 2023.
Tornetta acusa o Conselho de Administração da Tesla, que integra o irmão de Elon e dois dos seus amigos, de quebrar os seus deveres fiduciários contra o desperdício e Musk de enriquecimento ilícito. Segundo o queixoso, o plano de compensações seria desnecessário para incentivar Musk, uma vez que este já detinha uma grande parte da empresa. Tornetta refere que o Conselho não é suficientemente independente de Musk.
Carla Hayn, professora na UCLA, explica à CNN que o caso é importante para a Tesla, que vai ter uma tarefa árdua para provar que o pacote de compensações e o processo para o criar foram justos.
O Conselho de Administração da empresa, por sua vez, referiu no passado que o plano foi criado “depois de mais de seis meses de análise cuidada, com uma consultora independente e com discussões com Elon”.
O caso começa a ser julgado em Delaware e deve durar uma semana, embora a decisão final deva demorar ainda algumas semanas ou meses a ser conhecida.